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Dados divulgados pelo movimento Todos pela Educação nesta quinta-feira
(21) apontam que o aprendizado de matemática dos estudantes do 3º
ano do ensino médio caiu 0,7 ponto percentual (pp) no Brasil entre
2007 e 2017. Isso quer dizer que os concluintes desta etapa de ensino estão
saindo da escola sabendo menos do que os estudantes formados há uma década. Nas
escolas públicas, a queda foi ainda maior: de 4 pp. O índice piora quando a
comparação considera raça e o nível socioeconômico do estudante.
Cai o índice de aprendizado de matemática no 3º ano do ensino médio, diz
pesquisa
A análise do Todos foi feita com base nos dados do Sistema de Avaliação
da Educação Básica (Saeb), do Ministério da Educação (MEC), e busca monitorar
se os alunos estão aprendendo o que deveriam naquele ano de ensino. A conclusão é que o aprendizado dos estudantes que estão no último ano do
ensino médio não só avançou pouco em uma década, como regrediu em matemática.
Em língua portuguesa, a situação melhorou um pouco de 2007 a 2017, mas o
nível registrado em 2017 é praticamente o mesmo de 2011. "No ensino médio, constatamos um cenário extremamente crítico de
aprendizagem, em que os índices estão praticamente estagnados nos últimos 10
anos", diz Caio Sato, coordenador do núcleo de inteligência do Todos pela
Educação.
Aprendizagem de matemática
Em 2007, os índices do Saeb mostravam que 9,8% dos
estudantes no 3º ano do ensino médio apresentaram o aprendizado adequado dos
conteúdos em matemática. Em 2017, esse índice caiu para 9,1%. Na rede pública, apenas 4% dos estudantes que estavam no
último ano do ensino médio em 2017 haviam aprendido o que se esperava em
matemática nesta idade, ou seja, 96% deles apresentavam déficit. Nas
escolas da rede privada, o índice de alunos com aprendizado adequado foi
de 39,3%.
Os dados apontam que o nível socioeconômico do estudante influi
no desempenho escolar. Nas escolas que concentram alunos de menor renda,
apenas 3,1% aprenderam tudo o que deveriam de matemática no 3º ano do
ensino médio. Nas escolas que concentram estudantes de maior renda, o
aprendizado adequado chegou a 63,6% do total de alunos. Em relação à raça, alunos que se declaram pretos aprenderam 4,1% do
conteúdo esperado em matemática; pardos, 5,7% e brancos, 16%. Veja a evolução da porcentagem de alunos com aprendizado adequado em
matemática em cada região do Brasil:
Aprendizagem da língua portuguesa
Os dados que medem os conteúdos de língua portuguesa aprendidos
pelos alunos do 3º ano do ensino médio indicam um cenário um pouco melhor, mas
ainda insatisfatório. Em uma década, o índice de aprendizagem nesta área cresceu
4,6 pontos percentuais (pp) no Brasil, em média, mas isso significa que só
29,1% dos estudantes do último ano do ensino médio haviam aprendido o que se
considera adequado para a idade – 70,9% apresentavam déficit de ensino. Os índices também apresentam variações negativas se levados em conta a
rede de ensino, o nível socioeconômico e a raça dos estudantes.
Se nas escolas da rede privada 67,5% dos estudantes haviam
aprendido tudo o que era esperado em língua portuguesa no 3º ano do ensino
médio, na rede pública a porcentagem cai para 22,7%. Em relação ao nível socioeconômico, 83% dos estudantes de maior
renda aprenderam o conteúdo esperado, enquanto na população de menor
renda, apenas 17% atingiu os níveis adequados de aprendizagem.
Quando analisada a raça dos estudantes, também há variações. Entre os
autodeclarados pretos, 21,7% atingiram os níveis adequados de
aprendizagem contra 24% dos pardos e 40% dos brancos. O relatório divulgado nesta quinta analisa uma das cinco metas definidas
pelo Movimento Todos pela Educação para acompanhar a evolução do ensino e
aprendizagem no Brasil. Trata-se da meta 3: "todo aluno com aprendizado
adequado ao seu ano".
*Veja quais são todas as metas:
1. Toda criança e jovem de 4
a 17 anos na escola
2. Toda criança plenamente
alfabetizada até os 8 anos
3. Todo aluno com
aprendizado adequado ao seu ano
4. Todo jovem com ensino
médio concluído até os 19 anos
5. Investimento ampliado e
bem gerido
O que é aprendizado adequado?
Para medir se um aluno aprendeu ou não o que se esperava dele até aquele
ano, o Todos pela Educação usa, como referência, o nível médio de alguns países
que servem de modelo para o sistema educacional do Brasil.Em 2006, o movimento reuniu especialistas para desenvolver um método de
comparação entre os resultados do Brasil no Saeb com o resultado médio dos
países que participam do Pisa, o Programa de Avaliação Internacional dos
Estudantes, aplicado pela Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento
Econômico (OCDE). No ensino médio, o desempenho médio dos países no PISA equivalem, no
Saeb, às notas 300 em língua portuguesa e 350 em matemática.
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