
O Calendário de
Vacinação de Pacientes Especiais, da Sociedade Brasileira de Imunizações
(SBIm), ganhou versão atualizada para os anos de 2019 e 2020, que será lançada
oficialmente na Jornada Nacional de Imunizações. O evento acontece em
Fortaleza, no Ceará, entre os dias 4 e 7 de setembro. Uma das responsáveis pelo calendário, a diretora da SBIm Mônica Levi explica
que o grupo de pacientes considerados especiais vai além dos imunodeprimidos -
pessoas cujas defesas do organismo estão debilitadas. Diabéticos, por exemplo,
são considerados pacientes especiais pela SBIm, que recomenda, entre outras
coisas, estar em dia com a imunização de gripe, pelo risco de infecção
aumentado. "Sendo diabético, o paciente deve receber vacina de gripe anualmente,
porque a gripe representa risco aumentado de formas graves de gripe ou de
descompensar o diabetes", informa Mônica Levi, que cita outros exemplos.
"Paciente especial não quer dizer imunodeprimido sempre. Um cardiopata, um
pneumopata crônico, não é um imunodeprimido. Ele é um paciente especial porque
tem risco aumentado de morrer, por exemplo, de pneumococo, de uma pneumonia.
Ele tem recomendações diferentes da população normal porque a doença de base,
como a do diabético, o torna mais propenso a desenvolver infecção grave e
morte".
O calendário que será lançado durante a Jornada Nacional de Imunizações já está
disponível no site da SBIm . No caso dos pacientes especiais, o
guia precisa ser atualizado com maior frequência que os demais, uma vez que os
tratamentos e medicamentos utilizados por esses pacientes estão em constante
evolução. "O calendário dos pacientes especiais tem vida mais curta. Novas
evidências, muitos resultados de estudos e muita discussão interna entre
especialistas levaram às mudanças", diz Mônica, acrescentando que as
novidades do calendário não estão na descoberta de novas vacinas. "São
outros enfoques para as mesmas vacinas. São mudanças em termos de orientações,
reforços que foram incluídos". Um dos maiores desafios na elaboração do calendário foi criar uma tabela capaz
de dar conta de pacientes que utilizam medicamentos que interferem na
imunidade, como pessoas com doenças reumatológicas e câncer. Nesses casos, o
uso de uma vacina com o vírus vivo e atenuado pode acabar causando a infecção,
e o uso de uma vacina inativada, apesar de não oferecer esse risco, pode não
resultar na imunização pretendida. Um exemplo é a vacina para hepatite B. Na população em geral, ela é feita em
três doses. Nos imunodeprimidos, são aplicadas quatro doses, com a quantidade
dobrada de antígeno em cada uma delas. Ao final da vacinação, ainda é necessário
realizar um exame de sorologia para verificar se foram produzidos os
anticorpos.
Apesar de pacientes especiais muitas vezes estarem sob acompanhamento de um
médico especialista, Mônica Levi lamenta que isso nem sempre significa que os
calendários de vacinação estão sendo devidamente observados. "A gente tenta se aproximar da comunidade médica e fazer esses guias em
conjunto para conscientizar os profissionais a começarem a se preocupar com a
proteção dos pacientes de uma maneira mais global, mas vacina é uma coisa que
muitas vezes passa batida na consulta". Ela diz que o problema inclui até
mesmo vacinas disponíveis gratuitamente nos Centros de Referência de
Imunobiológicos Especiais, que acabam tendo seu serviço subutilizado. A diretora da SBIm avalia que é preciso aumentar o destaque dado à imunização
na formação médica e engajar também as sociedades de cada especialidade. Com o
envelhecimento da população, a tendência é que cada vez mais pessoas sejam
diagnosticadas com doenças crônicas e entrem no calendário de pacientes
especiais. "A gente está falando de uma população que tem a perspectiva de viver
muito mais. Se você quer seu paciente saudável, você tem que fazer a prevenção
para uma vida saudável lá na frente. E a vacina faz parte
disso".
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