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Plenário da Comissão de Assuntos Econômicos do Senado durante a sessão que aprovou regras para partilha dos recursos do petróleo — Foto: Pedro França/Agência Senado
A Comissão de
Assuntos Econômicos (CAE) do Senado aprovou nesta terça-feira (15) o projeto de
lei que define as regras para divisão entre estados e União dos recursos
do megaleilão de petróleo do pré-sal, marcado para o dia 6 de novembro. O leilão
corresponde à chamada "cessão onerosa", que trata do petróleo
excedente em uma área inicialmente explorada pela Petrobras. O contrato da
União com a estatal, assinado em 2010, previa a retirada de menor quantidade de
barris do que o local possui. O governo prevê arrecadar R$ 106,5 bilhões com o
volume extra.
Pelo texto
aprovado na CAE, o repasse aos estados vai obedecer um critério misto, com
regras do Fundo de Participação dos Estados (FPE) e da Lei Kandir. No início das
discussões sobre o tema no Senado, o critério levaria em conta somente as
regras do FPE. Isso daria vantagem aos estados do Norte e do Nordeste, já que o
FPE prevê coeficiente maior de repasse a estados onde a renda é menor. O Senado
chegou a aprovar uma proposta de emenda à Constituição (PEC) com essa
regra, mas, devido à discordância de parlamentares de Sul, Sudeste e
Centro-Oeste, o dispositivo ficou parado na Câmara. O projeto aprovado
nesta quinta altera somente o repasse aos estados. A forma de distribuição aos
municípios foi aprovada na PEC e será mantida: valerão os critérios do Fundo de
Participação dos Municípios (FPM).
Divisão
Descontados
os R$ 33,6 bilhões que serão pagos à Petrobrás como revisão de contrato pela
exploração dessa área, a divisão será feita da seguinte forma:
- 15% para estados e
Distrito Federal: R$ 10,95 bilhões
- 3% para o Rio de
Janeiro, estado onde estão as jazidas de petróleo: R$ 2,19 bilhões
- 15% para municípios:
R$ 10,95 bilhões
- 67% para a União: R$
48,9 bilhões
O projeto
aprovado pela CAE estabelece um critério de divisão para o percentual destinado
aos estados:
- Dois terços:
repartidos de acordo com os índices do Fundo de Participação dos Estados
(FPE)
- Um terço: índice que
considera ressarcimento estabelecidos pela Lei Kandir e pelo Fundo de
Auxílio Financeiro de Fomento às Exportações (FEX)
A proposta
também define que os entes federativos deverão usar a verba para pagar despesas
com dívidas previdenciárias ou para fazer investimentos. No caso dos
estados e do Distrito Federal, só será possível usar os recursos para
investimentos se for criada uma reserva financeira específica para o pagamento
de despesas previdenciárias. Já os
municípios não são obrigados a criar uma reserva para gastar os recursos com
investimentos.
Estados que
mais devem receber
O Rio de
Janeiro será o maior beneficiado com a divisão. Ao todo, receberá cerca de R$
2,36 bilhões – por ser o estado onde estão os campos que serão leiloados,
recebe 3% do valor arrecadado com o leilão, além dos recursos repassados por
meio da Lei Kandir. Pelo texto, o Rio não receberá os valores com base no FPE.
Dados
repassados pelo senador Omar Aziz (PSD-AM), relator da matéria no Senado, com
base em um levantamento feito pela Consultoria de Orçamento do Senado, mostram
que, em seguida, Minas Gerais e Bahia são os estados que mais receberão verbas.
Cada um, respectivamente, ganhará R$ 848,7 milhões e R$ 763,1 milhões. O Distrito
Federal, que já seria a unidade da federação a receber menos recursos, seguindo
o critério do FPE, ainda perderá R$ 7,7 milhões pelo critério misto. Seu ganho
será de R$ 64,1 milhões dos recursos do leilão.
Tramitação
Alguns
senadores chegaram a condicionar a votação em segundo turno da reforma da
Previdência à definição de como seriam distribuídos os recursos do megaleilão.
A divisão faz parte do chamado pacto federativo, expressão usada para tratar de
divisão de recursos e responsabilidade entre União, estados e municípios.
Governo e Congresso debatem medidas do pacto para ajudar no saneamento dos
cofres públicos, principalmente estaduais e municipais.
O líder do
governo no Senado, Fernando Bezerra Coelho (MDB-PE), disse que a previsão é que
o projeto seja votado no plenário da Casa ainda nesta terça-feira. A matéria já
passou pela análise da Câmara dos Deputados. “Com isso, o
pacto federativo avança, e o Senado estará pronto para apreciar o segundo turno
da reforma da Previdência no dia 22 [de outubro], conforme definido pelo
presidente Davi Alcolumbre”, afirmou Bezerra.
Argumentos do
relator
Em seu
relatório, Aziz afirma que os critérios estabelecidos pela PEC aprovada pelo
Senado em setembro concentrariam os recursos do bônus de assinatura nos estados
mais pobres, especialmente nas regiões Norte e Nordeste, já que a distribuição
seguiria os critérios do FPE, (que utiliza a renda per capita como um dos
coeficientes).
Para o
relator, essa solução "é consentânea com a redução das desigualdades
regionais", mas ele destaca a "gravidade da crise fiscal que assola
diversos estados do Centro-Sul" como um dos argumentos para a alteração
nos critérios de distribuição. A mudança foi aprovada pela Câmara dos Deputados
na última semana. "Entendemos
não ser essa a solução mais justa, mas acedemos em apoiar o consenso político
alcançado. Enfim, o PL [projeto de lei] não é o ideal para cada estado, mas é o
melhor para todos", concluiu.
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