
Foram muitos anos de luta nas
ruas para eleger um governo popular no Rio Grande do Norte. Um governo que
estivesse ao lado dos trabalhadores, que finalmente pudesse encarar as
injustiças sociais e dar igualdade de tratamento aos que não dispõem socialmente
do mesmo. Pelo menos é isso que nós, servidores, acreditamos que tem de ser no
nosso estado. Diferente disso, na tarde do
dia 08 de novembro, assistimos a discriminação com que ainda são tratados os
servidores públicos mais humildes. A maioria dos deputados na Assembleia
Legislativa votou a favor para que os procuradores tivessem um reajuste de
16,38%, conforme o projeto de lei encaminhado pelo Governo do Estado.
Na mesma
tarde, a ALRN reprovou o mesmo reajuste aos demais servidores públicos, os que
há quase dez anos não recebem qualquer correção. Ninguém é contra o aumento
salarial dos procuradores, mesmo que já ganhem acima de R$ 30 mil, mais que o
salário da Governadora. Ninguém é contra o reajuste do abate teto dos auditores
fiscais ou dos delegados de polícia, nem do reajuste anual dos professores,
do reajuste da Polícia Militar ou a negociação com a Polícia Civil. O
fato é que, se uma categoria merece aumento, todas as outras, especialmente as
que recebem menos, também merecem.
Não é um fato novo parlamentares
votarem contra trabalhadores e servidores públicos. Mas é uma inovação
lamentável que a bancada de um governo petista, que se diz popular, que levanta
a bandeira em defesa dos trabalhadores e da classe mais pobre se posicione, em
plenário, somente em defesa dos mais ricos. É triste e soa como traição que
deputados abram mão de pressionar o Governo a negociar com os trabalhadores,
somente para manutenção de seus cargos e privilégios dentro da atual gestão. O
Governo preferiu mostrar a força contra os trabalhadores do que abrir o diálogo
e mandar uma proposta de reajuste para os quatro anos de governo. Não
precisaria ser 16,38% de uma única vez. Poderia ser dividido, da mesma forma
que fez com a PM. O SINSP procurou o Governo diversas vezes na tentativa de
negociar, mas sempre recebeu a resposta negativa de quem comanda o Estado.
Sabemos que é sofrido perder. Mas um dos piores momentos na luta sindical é
perder quando temos no poder um governo que lutamos e ajudamos a eleger. Na
campanha, somos nós os primeiros procurados. Semana passada, perdemos a
batalha dos 16,38% na Assembleia Legislativa. Mas a luta das categorias
segue firme e não trocamos a fidelidade da nossa base por qualquer tipo de
benesse no Governo. Diante de tudo isso, quando ouço que há militantes do PT
sugerindo minha saída, e até expulsão, só peço que reflitam sobre o principal
motivo do surgimento do PT, quatro décadas atrás, e o motivo de quem optou por
ele como partido ideal. O que me move é a defesa intransigente dos
trabalhadores, e é o que eu nunca deixei de fazer. Nenhum tipo de ameaça, seja
de governo, militância ou de qualquer outra origem vai me fazer negar os ideais
que acredito e defendo com tanta garra.
Janeayre Souto - Servidora Pública Estadual
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