Médicos e representantes de
doentes renais se reuniram no Plenário do Senado nesta quinta-feira (12), data
em que se comemora o Dia Mundial do Rim. A pedido do senador Luiz do Carmo
(MDB-GO), eles participaram de uma sessão especial para lembrar a importância
do diagnóstico precoce e as dificuldades pelas quais passam os pacientes,
principalmente os crônicos.
Segundo os
nefrologistas, a demanda de diálise cresce anualmente, mas a rede de
atendimento não acompanha esse aumento na mesma proporção, principalmente nas
regiões mais distantes e menos favorecidas. O presidente da Sociedade
Brasileira de Nefrologia (SBN), Marcelo Mazza, disse que a doença renal crônica
(DRC) já pode ser considerada epidêmica, visto que atinge um a cada dez
adultos, e a incidência vem aumentando. Hoje no Brasil, 133 mil pessoas
dependem de diálise, número que cresceu 100% nos últimos dez anos. Anualmente,
mais de 20 mil pacientes entram em hemodiálise, com taxa de mortalidade de 15%
ao ano.

Luiz do Carmo (segundo à esquerda) solicitou sessão
solene para ouvir médicos e representantes de doentes renais
— A prevenção é o pilar
da campanha em 2020, mas a terapia renal está em crise. Somente 7% das cidades
têm serviço de diálise. Hoje as clínicas credenciadas enfrentam
subfinanciamento e perdem capacidade de atendimento e de investimento em
qualidade. O resultado se reflete na superlotação e na redução de vagas para
novos pacientes — declarou Mazza, acrescentando que "esse tipo de
enfrentamento independe de partidos e independe da cor partidária, porque nossa
cidadã e cidadão brasileiros encontram no Sistema Único de Saúde a única a
possibilidade de tratamento da doença renal crônica".
Projeto de Lei
A presidente da Federação
Nacional das Associações de Pacientes Renais e Transplantados do Brasil
(Fenapar), Maria de Lourdes da Silva Alves, pediu a aprovação do Projeto de Lei da Câmara 155/2015, que reconhece o paciente
renal crônico como pessoa com deficiência. Ela e a autora da proposta, a
deputada Carmen Zanotto (Cidadania-SC), afirmaram que alguns estados até já
tomaram a iniciativa, mas é preciso equiparar os direitos e o tratamento legal
em âmbito nacional. O projeto está na Comissão de Finanças e Tributação da
Câmara e já recebeu voto favorável do relator, deputado Enio Verri
(PT-PR).
— O [paciente] renal
sofre com debilitações e imobilidades. Quem depende da diálise, por exemplo,
está impedido de cumprir sua carga horária de trabalho, pois precisa estar
preso a uma máquina três dias por semana. E, quando o município em que
mora não tem tal recurso, ele tem que viajar para outras cidades — explicou
Carmen Zanotto.
Creatinina
Os especialistas defenderam
também a popularização do exame de creatinina, que deveria ser incorporado pelo
Ministério da Saúde como importante política pública de saúde da família,
ajudando especialmente os grupos de risco como hipertensos, diabéticos e
obesos.
— Nós podemos
perfeitamente atrasar a evolução da doença, permitindo que a pessoa alcance a
fase idosa sem precisar do tratamento de terapia renal substitutiva — alertou o
presidente da Associação Brasileira dos Centros de Diálise e Transplante
(ABCDT), Yussif Ali Mere Júnior.
Prevenção
O senador Luiz do Carmo
informou que a sessão especial desta quinta-feira foi a última a acontecer
depois que o presidente do Senado, Davi Alcolumbre, decidiu restringir o
acesso às dependências da Casa, como medida de prevenção contra a transmissão
do coronavírus.
Apenas terão permissão para
entrar no Senado parlamentares, servidores, funcionários terceirizados,
jornalistas, assessores de órgãos públicos, fornecedores e alguns visitantes
autorizados. As medidas foram publicadas no
Ato do Presidente nº 2, de 2020, que suspendeu por tempo indeterminado as
sessões solenes e especiais, os eventos de frentes parlamentares e a visitação
pública.
Fonte: Agência Senado
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