Médico Anderson Martins: “Não há centro privado que faça captação. Existem hospitais privados habilitados para este serviço, no entanto, ‘paramos’” O Rio Grande do Norte tem hoje mais de 900 pessoas à espera de um
transplante, dos quais 570 aguardam uma cirurgia para substituir as córneas. Em
seguida, aparece o transplante de rins e depois medula. A Central de
Transplantes do Estado, vinculada à Secretaria Estadual de Saúde (Sesap), diz
que conseguiu zerar a fila para transplante de coração. Desde o início do ano
foram feitos três em todo o Estado.
Segundo
a coordenadora da Central, Rogéria Medeiros, a maior dificuldade enfrentada por
quem aguarda transplante no RN é o número de doações efetivadas. “Nosso estado
tem cerca de 70% de negativa familiar à doação”, registra. O órgão também sofre
com problemas nas notificações desses possíveis doadores, que devem ser feitas
pelos hospitais, sejam públicos ou privados. “Essa
notificação deveria ser compulsória, mas não é o que ocorre na realidade. A
Central conta com a OPOA – Organização à Procura de Óbitos, que faz a busca
ativa desses doadores”, acrescenta Rogéria. A Central trabalha 24 horas
diariamente para conseguir atender as notificações de potencial doador no
Estado.
Córneas
A maior demanda da Central é pelo transplante de córneas, cujas doenças são a
quarta principal causa de cegueira no mundo. Segundo a Sociedade de
Oftalmologia do Rio Grande do Norte, o tempo médio de espera para conseguir um
transplante é de um ano e sete meses. Em todo o Estado, apenas Natal e
Parnamirim realizam as cirurgias e há poucos centros habilitados no sistema
suplementar de saúde.
De
acordo com o presidente da sociedade, Anderson Martins, a limitação na captação
do tecido corneano é o maior entrave enfrentado pelos candidatos à cirurgia.
“Não há centro privado que faça essa captação atualmente. Existem hospitais
privados habilitados para este serviço, no entanto, ‘paramos’ na falta de
convênio entre o Estado e o centro”, explica Martins.O
médico explica que se perdem muitos doadores por causa desse problema, que
poderia ser facilmente resolvido com um convênio entre os hospitais privados
com o Estado através das verbas federais do Fundo de Ações Estratégicas e
Compensação (FAEC). “Não teria custos para o Governo Estadual porque as verbas
são federais. Os centros transplantadores estão com equipes ociosas por falta
de córneas”, diz.
O
Hospital de Olhos de Parnamirim é habilitado à realização de transplantes de
córnea e à sua captação. Com a infraestrutura que possui hoje, o HOP possui
condições de realizar os procedimentos de ações, retirada e entrevista
familiar, bem como de avaliação do doador, enquanto o atual banco de olhos
vinculado ao Hospital Universitário Onofre Lopes (HUOL) faria os procedimentos
relativos ao processamento e sorologias para encaminhamento do tecido para
transplante. A
unidade é o único centro transplantador de córnea fora da capital, mas que está
dentro da Grande Natal.
Possui três médicos cadastrados aptos para realização
de transplante de córnea e está habilitado não somente a realizar as cirurgias,
como também a realizar a captação e aumentar a disponibilidade de córneas para
todo o Rio Grande do Norte. “A ideia é que a partir da implementação desse novo fluxo de
captação, com profissionais habilitados realizando os procedimentos
necessários, em cooperação com as equipes já existentes vinculadas ao HUOL, se
consiga uma aceleração relevante na quantidade de córneas captadas e
disponíveis a transplante, em um prognóstico de redução do tempo de espera da
fila de transplante do tecido ocular”, finaliza Martins.
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