O Brasil enfrenta um
desafio crescente na saúde pública com o aumento significativo dos casos de
dengue em 2023. Dados divulgados pelo Ministério da Saúde revelam um aumento
de 17,5% nos casos prováveis de dengue no país em comparação com o ano
anterior, saltando de 1,3 milhão de casos em 2022 para 1,6 milhão em 2023.
Interessante notar que a taxa de letalidade se manteve estável em 0,07% nos
dois anos, resultando em 1.053 mortes confirmadas em 2023 e 999 no ano
anterior.
Além da dengue, outras
arboviroses também merecem atenção. Enquanto houve uma redução de 42,2%
nos casos de chikungunya em 2023, com 145,3 mil casos registrados,
comparados aos 264,3 mil casos de 2022, a situação do zika é inversa.
Houve um aumento expressivo de 289% em relação ao mesmo
período de 2022, com 7,2 mil casos notificados em 2023.
Criadouros e mudanças
climáticas
Um dos fatores críticos no
controle da dengue e outras arboviroses é a gestão eficaz dos criadouros do
mosquito Aedes aegypti. O Levantamento Rápido de Índice de Infestação
por Aedes aegypti (LIRAa) e o Levantamento de Índice
Amostral (LIA) de 2023 revelaram que 74,8% dos criadouros
estão localizados nos domicílios, como em vasos de plantas, garrafas,
recipientes de geladeiras e materiais de construção. Além disso, depósitos de
armazenamento de água, tanto elevados quanto no nível do solo, constituem um
significativo foco de procriação dos mosquitos.
As mudanças climáticas desempenham um papel crucial no aumento dos casos de arboviroses. A combinação de calor e chuvas intensas, possivelmente agravadas pelo fenômeno El Niño, cria condições ideais para a proliferação do Aedes aegypti. O ressurgimento dos sorotipos 3 e 4 do vírus da dengue no Brasil também contribui para esse cenário. O Ministério da Saúde ressalta a importância do empenho da sociedade na eliminação de criadouros e prevenção de água parada para combater o aumento dos casos. A ministra da Saúde, Nísia Trindade, destacou a importância de ações coordenadas de combate às arboviroses e esclarecimento junto à população. Ela enfatizou o impacto das mudanças climáticas na saúde, especialmente em grupos mais vulneráveis, e a relevância de doenças de determinação ambiental e social. Nísia sublinhou o conhecimento científico já existente que permite uma maior proteção da população e ressaltou a importância do fortalecimento da vigilância e do controle de vetores, para o qual o SUS está destinando R$ 256 milhões.
Medidas de prevenção
O aumento dos casos de dengue
e outras arboviroses no Brasil tem motivado uma série de ações coordenadas
pelo Ministério da Saúde. Uma das estratégias chave é o investimento de R$ 256
milhões no fortalecimento da vigilância das arboviroses. Esse valor será
destinado a diversas iniciativas, incluindo R$ 111,5 milhões para fortalecer a
vigilância e contenção do Aedes aegypti, além de repasses de R$ 144,4 milhões
para ações de vigilância em saúde em todo o país. Uma importante novidade é a
análise da vacina Qdenga pela Comissão Nacional de Incorporações de
Tecnologias no Sistema Único de Saúde (Conitec), com uma
recomendação inicial favorável à sua incorporação para localidades e públicos
prioritários. Além disso, o governo federal anunciou a expansão do método
Wolbachia, uma estratégia inovadora que consiste na liberação de mosquitos
Aedes aegypti infectados com a bactéria Wolbachia, que inibe a transmissão de
doenças.
Outra medida relevante é a inauguração da Sala Nacional de Arboviroses (SNA), um espaço permanente para monitoramento em tempo real dos locais com maior incidência de dengue, chikungunya e Zika, visando preparar o país para uma eventual alta de casos dessas doenças. Para complementar essas ações, o Ministério da Saúde lançou o Painel Público de Monitoramento de Arboviroses, uma ferramenta que traz dados atualizados sobre casos prováveis, óbitos e hospitalizações por dengue, Zika e chikungunya.
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