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domingo, 14 de setembro de 2025

A EDUCAÇÃO QUE FAZ DIFERENÇA: ALUNOS DO RN CONQUISTAM 63 MEDALHAS NA OBA

Como deve ser a escola do futuro? A resposta é um processo em construção sobre o qual pesquisadores se debruçam há anos. Mas, a escola do presente certamente passa pelas experiências que vêm sendo desenvolvidas nas escolas do Serviço Social do Comércio (Sesc) do Rio Grande do Norte e que resultaram em 63 medalhas na Olimpíada Brasileira de Astronomia e Astronáutica (OBA), sendo 24 de ouro, 16 de prata e 23 de bronze.

Rian gabaritou as provas deste ano e conquistou a medalha de ouro. Mas, para isso, começou a estudar ainda em 2024: Participei pela primeira vez no 6º ano e foi uma tristeza, só fui estudar no penúltimo dia e não entendia nada. Precisa de um tempo maior para entender os conteúdos”, conta Rian Murillo, estudante do 7º ano da Escola Sesc Zona Norte.

As Olimpíadas parecem ser um estímulo a mais para os estudantes, que acabam se interessando por assuntos diversos, que vão das tradicionais matérias de física, matemática, história e geografia a disciplinas criadas recentemente, como “Projeto de Vida”. Ao todo, cerca de 700 alunos de todas as sete escolas da rede Sesc participaram da OBA: Caicó, Macaíba, Mossoró, Nova Cruz, Potilândia, São Paulo do Potengi e Zona Norte. Mossoró foi a unidade com maior número de medalhistas (19), já Macaíba foi a Escola com maior número de alunos com medalhas de ouro (9) e Caicó foi a escola com maior taxa de medalhistas entre os alunos participantes da OBA – 45% dos alunos que participaram da competição em 2025 receberam medalhas, sendo a maioria delas de ouro.

Mas, mesmo quem saiu da olimpíada sem medalha, reconhece o valor do conhecimento adquirido. É uma disciplina nova que varia de estado para município, de escola privada para pública, comunidades indígenas, depende de onde você estiver inserido. Na disciplina de Projeto de Vida podemos falar da OBA, da OBMep [Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas Públicas], Mobfog [Mostra Brasileira de Foguetes], Olimpíadas do Conhecimento, Olimpíadas Financeira, são vários tipos de oficinas que podemos desenvolver na disciplina”, detalha Eli.

Ao contrário da escola frequentada, certamente, por muitos leitores, com disciplinas estáticas e conteúdos tradicionais, essa nova escola está atenta ao que está acontecendo no mundo e isso se reflete nos conteúdos ministrados em sala. Preparar o estudante apenas para o mercado de trabalho ficou obsoleto, hoje a gente o prepara para o mundo, onde eles terão vários tipos de trabalho. Os meninos querem ser programador, design… são profissões que nem imaginávamos há 20 anos. Da mesma forma que o mundo se transforma, a escola não pode ficar parada e também vai se transformando”, acrescenta o professor de Geografia.

As escolas
Ao todo o Sesc possui sete escolas, sendo quatro gratuitas e três pagas. A Escola Sesc Zona Norte é totalmente gratuita e possui, atualmente, 262 alunos entre Anos Iniciais, Finais e Educação de Jovens e Adultos (EJA). A instituição também foi contemplada com o Programa de Comprometimento e Gratuidade (PCG), que oferece acesso gratuito em ações educativas do Sesc a pessoas com renda mais baixa. Desde o fardamento, material escolar, aulas de campo, visitas técnicas, nutrição, tudo é custeado pelo Sesc. As escolas Sesc estimulam os alunos e professores a participarem de atividades extracurriculares nas mais variadas áreas e a Olimpíada Brasileira de Astronomia e Astronáutica (OBA) é um ótimo exemplo disso. Há quatro anos que participamos e ao longo desse período, os resultados têm sido cada vez melhores. Os professores trouxeram a proposta de participação, ouvimos e demos liberdade a eles para trabalharem em sala de aula de forma espontânea com os alunos”, avalia Marcelo Queiroz, presidente do Sistema Fecomércio.

No final do ano passado, o Sesc recebeu o Selo ODS Educação, que é concedido a escolas por terem projetos alinhados aos objetivos de desenvolvimento sustentável da ONU (Organização das Nações Unidas). O Sesc RN submeteu um total de oito projetos ao prêmio e todos receberam o selo. “O resultado positivo e crescente veio naturalmente, pois esse tipo projeto se adequa muito bem a metodologia de ensino da Escola Sesc, onde o aluno é estimulado a buscar respostas e soluções para problemas do cotidiano. Outros exemplos comprovam isso e são reconhecidos externamente, a exemplo do Selo ODS Educação, Rede Unesco e Escola Azul, conquistados recentemente”, acrescenta Marcelo Queiroz.

O Projeto da Rede de Escolas Associadas da Unesco (PEA), citada pelo presidente da Fecomércio, é uma certificação que reconhece escolas comprometidas em promover os ideais, valores e prioridades da Unesco. Já o Selo Escola Azul, reconhece escolas com grande cultura oceânica. Em Mossoró, dois estudantes também tiveram bons resultados na Olimpíada Brasileira de Educação Financeira (OBEF) e na Olimpíada Brasileira de Ciência, Inovação e Tecnologia (OBCIT). Os professores também se destacaram com dois vencedores do Prêmio Cultura Digital da Editora SM Educação, que realizou um concurso nacional. O projeto dos professores foi reconhecido pela proposta interdisciplinar, criativa e centrada no protagonismo estudantil.


Teres, Ester, Matheus e Rian, da esquerda para a direita
Preparação
Os estudantes das Escolas Sesc participam da OBA desde 2022, mas o número de medalhistas de 2025 é maior do que os anos de 2022, 2023 e 2024 juntos. Mais do que treinar cálculos e estudar para as disciplinas, a preparação dos estudantes para participar de uma olimpíada de conhecimento começa bem antes. A preparação se inicia com a parte psicológica, explicando a importância de participar de uma olimpíada como essa para o currículo educacional deles. Isso faz com que os estudantes tenham interesse em fazer simulados e que se interessem em estudar além dos muros da escola. 

É super importante para incentivar o protagonismo, a autonomia desses alunos, que está dentro da proposta do Sesc, e ampliar as possibilidades até de mercado de trabalho para eles entenderem que há outros espaços por ondem eles podem circular e tem várias profissões nessa área das ciências que eles podem explorar”, esclarece Geise Silva, Orientadora Pedagógica da Escola Sesc Zona Norte. No caso da OBA, ainda no 3º ano, os estudantes começam a ser preparados com o conteúdo a ser explorado. Eles também participam do planetário virtual, em parceria com a OBA no Rio de Janeiro, e têm momentos em sala de aula, de maneira virtual, com os pesquisadores. Os estudantes também interagem com equipes de outras instituições, como a Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN).

Proposta socioconstrutivista
Para quem se interessar pela proposta pedagógica socioconstrutivista, na qual o aluno é foco principal do processo de aprendizagem, desenvolvida nas escolas do Sesc, é preciso participar do edital de seleção, que sai uma vez por ano. Quem entra no 1º ano, por exemplo, pode seguir na escola até o último ano, finalizando o ciclo dos Anos Finais. “Em nossas escolas a educação vai além dos limites da sala de aula, pois dentro das unidades pensamos em espaços que estimulam o aprendizado e a criatividade. 

Desta maneira, o aluno é o protagonista do seu desenvolvimento escolar, no qual são consideradas situações da sua rotina, seu contexto escolar e de vida, como ferramenta de aprendizagem. Um diferencial das Escolas Sesc é o estímulo ao respeito ao ser humano e ao ambiente onde ele está inserido, para isto, a família também é parte desta construção”, revela o presidente da Fecomércio. Para incentivar o envolvimento dos estudantes nos ambientes dos quais fazem parte, são desenvolvidos alguns projetos complementares em diferentes áreas.

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