O ministro da Segurança
Pública, Raul Jungmann, afirmou nesta
sexta, 7, que três pessoas estão sendo investigadas por suposta participação no
ataque com faca contra o candidato do PSL à Presidência da República, Jair Bolsonaro. Até então, a informação
disponível era de que duas pessoas eram investigadas: o autor da facada, Adélio
Bispo de Oliveira, e outro indivíduo por “incitar a violência”. O segundo
investigado foi liberado na manhã desta sexta, mas continua sob apuração,
e o outro suposto envolvido estaria hospitalizado e não foi ouvido ainda.

Preso em Juiz de Fora,
Adélio foi indiciado pela Polícia Federal com base na Lei de Segurança Nacional,
que prevê penas para crimes por motivação política. Em seu artigo 20, a Lei
7.170, que define os crimes contra a segurança nacional, a ordem política e
social, inclui os crimes pela “prática de atentado pessoal ou atos de
terrorismo, por inconformismo político ou para obtenção de fundos destinados à
manutenção de organizações políticas clandestinas ou subversivas”. A pena para
esse tipo de crime é de reclusão de 3 a 10 anos, podendo ser aumentada em até o
dobro, se o fato resultar em lesão corporal grave; e até o triplo se resultar
em morte.
Ainda de acordo com
Jungmann, Adélio seguirá preso em Juiz de Fora até ser ouvido pela juíza de
custódia. O ministro esclareceu, no entanto, que, se houver necessidade, ele
poderá ser transferido a algum presídio federal. Uma equipe de peritos da PF
foi deslocada para auxiliar nas investigações. O ministro declarou que será
feita uma reconstituição de todos os passos de Adélio Bispo de Oliveira até o
ataque ao presidenciável. “Faremos um levantamento de toda a rede de relacionamento
dele. Faremos isso com todos aqueles que se colocarem como suspeito”,
acrescentou. Além das equipes da unidade
de Juiz de Fora, a PF enviou policiais de Brasília e de outras regiões de Minas
Gerais para fortalecer a investigação e entregar uma resposta sobre as
motivações e responsáveis pelo crime o mais rápido possível.
A ordem para que o crime
seja solucionado no menor tempo possível partiu do diretor-geral da PF, Rogério
Galloro. O chefe da corporação tem dito a seus diretores que o momento é de
serenidade e profissionalismo. Dentro da PF, a velocidade
da investigação é vista como imprescindível para evitar que teorias da
conspiração surjam e que o clima na corrida eleitoral aumente ainda mais. O ministro do Gabinete de
Segurança Institucional, Sérgio Etchegoyen, disse que não está descartada
nenhuma possibilidade nas investigações do ataque. Etchegoyen afirmou que os
cuidados com a segurança do presidente Michel Temer serão redobrados após o
ataque. “A prudência é melhor remédio”, disse.
Exposição
ao risco
Para Raul Jungmann,
orientações de segurança não foram completamente seguidas ontem pelo candidato,
durante o ato em Juiz de Fora. A Polícia Federal já havia demonstrado
preocupação com a exposição ao risco de Jair Bolsonaro durante as atividades de
campanha. “Já tinha se conversado com
a coordenação de campanha e a própria família de que ficaria muito difícil
fazer a segurança do candidato quando ele se lançava à multidão e era carregado
nos braços. Se vocês verem a cena do acontecido, vão ver que há um enorme
tumulto e fica praticamente impossível fazer a segurança”, argumentou.
O ministro disse que haverá
uma reunião neste sábado, 8, entre os chefes de segurança e os coordenadores de
campanha dos presidenciáveis, com o objetivo de alinhar um protocolo se
segurança a ser observado pelos candidatos. Jungmann defendeu que os
presidenciáveis façam as atividades de corpo a corpo com os eleitores, mas
observando medidas de segurança. “Tem que evitar atitudes como se tornar alvo
extremamente visível, não se lançar sem controle sobre uma massa. Existem
equipamentos, percursos, visibilidade que devem ser evitados. É preciso, de
todos os candidatos, a co-responsabilidade e o compromisso em obedecer as
recomendações”, reforçou.