Presidente da Femurn, Luciano Santos: “Não podemos nos contentar com
soluções paliativas”/César Santos – Jornal de Fato
A Confederação Nacional de
Municípios (CNM) lidera a manifestação de prefeitos e prefeitas de todo o país,
que ocorre nesta terça-feira, 3, e quarta-feira, 4, em Brasília. Com o slogan
"Municípios em crise, população desassistida", os gestores municipais
se concentram no Centro de Convenções Ulysses Guimarães, localizado no Setor de
Divulgação Cultural, na região central, de onde discutirão as pautas e seguirão
para pressionar o Congresso Nacional. A mobilização municipalista
concentrará a agenda de luta no Congresso Nacional, Tribunal de Contas da União
(TCU) e na Controladoria-Geral da União (CGU), com o escopo de apresentar dados
da crise financeira que aflige os municípios brasileiros e buscar avanços.
Entre as pautas está a
aprovação do repasse adicional de 1,5% do Fundo de Participação dos Municípios
(FPM) para o mês de março, previsto na Proposta de Emenda à Constituição (PEC)
25/2022, que aguarda análise na Comissão de Constituição e Justiça e de
Cidadania (CCJC) da Câmara dos Deputados. O presidente da CNM, Paulo
Ziulkoski, afirma que é necessário e urgente um debate federativo a fim de que
medidas estruturantes sejam adotadas para que os municípios saiam da situação
de colapso. Ele reforça que a participação expressiva dos gestores municipais
mostrará aos representantes do Executivo, Legislativo e órgãos de controle a
busca incisiva dos municipalistas por uma solução efetiva. A expectativa da CNM é que
aconteça um grande debate com parlamentares durante uma sessão do Congresso
Nacional desta terça-feira. Na oportunidade, os gestores municipais poderão
cobrar de seus deputados e senadores que aprovem medidas que venham a amenizar
a situação de crise. “Quem paga essa conta não é o
prefeito ou a prefeitura, mas sim o cidadão.
A verdade é que os municípios
precisam de medidas estruturantes para o enfrentamento da situação de crise,
não basta apoio emergencial ou antecipação de recursos que, apesar de
importantes, não passam de Buscopan para tratar quem está com pneumonia.
Ataca-se o sintoma, e não a raiz do problema”, enfatiza Ziulkoski. No Rio Grande do Norte, o
presidente da Federação dos Municípios (FEMURN), Luciano Santos (MDB), afirma
que os gestores potiguares estão mobilizados para aumentar a pressão em
Brasília. Segundo ele, por meio da mobilização municipalista, é possível
mostrar aos órgãos federais a urgência de medidas estruturantes para superar
essa situação. “Não podemos nos contentar com
soluções paliativas, precisamos de ações concretas que enfrentem as raízes de
nossos problemas municipais", diz o presidente da Femurn, ao defender um
pacto debate federativo para que “medidas sejam adotadas para que os municípios
saiam da crise”.
FPM fecha o terceiro mês
consecutivo em queda
A maior queixa dos prefeitos e
prefeitas é com relação ao Fundo de Participação dos Municípios (FPM),
principal fonte de receita da maioria dos municípios brasileiros, notadamente
aqueles de menor porte, que praticamente não têm arrecadação própria. Os gestores reclamam que o FPM
não apresentou reação positiva em 2023, o que tem colaborado para agravar a
crise nas prefeituras. Na última sexta-feira, 29, as
prefeituras receberam o repasse do terceiro decêndio do FPM de setembro, com
crescimento de 40,44% em relação ao repasse anterior. O valor total foi de R$
4.061.946.509,83, já descontada a retenção do Fundo de Manutenção e
Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação
(Fundeb).
Em valores brutos, incluindo o Fundeb, o montante é de R$
5.077.433.137,29. Mesmo com a grande expansão no
terceiro decêndio, o mês de setembro é o terceiro consecutivo a fechar com
queda (-3,54%). A partir do início do segundo
semestre deste ano, os Municípios passaram a observar sucessivas reduções nos
repasses do FPM. A queda acumulada da base de cálculo do FPM em setembro se
aproxima de R$ 1,8 bilhão. As principais razões para essa
redução é a queda de R$ 5 bilhões (26,8%) da arrecadação do Imposto de Renda
Pessoa Jurídica (IRPJ), explicada pela redução do lucro das empresas, em
especial aquelas ligadas à exploração de commodities. As restituições do IR foram
elevadas em R$ 2,5 bilhões no mês, o que reduz o montante repassado aos
Municípios. A perda total dos recursos a serem repassados via FPM nesse segundo
semestre é de R$ 11,0 bilhões.