O Projeto é dividido por
etapas: Semear, Regar, Florescer e Cultivar. Na etapa Semear, a Trapiá Cia
Teatral visita a cidade com o espetáculo Menino Pássaro, falando sobre a
necessidade de liberdade, para manter a amizade entre o menino cadeirante e um
pássaro. Na etapa Regar, acontece o desenvolvimento das oficinas, e, na etapa
Florescer, a apresentação dos espetáculos montados. A etapa Cultivar vem sempre
no segundo ano de participação do município, com novas oficinas. Neste ano de
2023, cinco novas cidades ingressaram no projeto: Ouro Branco, Ipueira, Santana
do Seridó, São Fernando e São José do Seridó. “A experiência foi um
divisor de águas na minha vida. O Trapiá Semente tem a perspectiva de ajudar
aos adolescentes, a envolver-se com o teatro. Permanecem no Grupo de Teatro
Brotos de Algodão, 21 adolescentes; e o plano é permanecer com o grupo e
agregar novos adolescentes. Vamos criar a Associação dos Brotos de Algodão e
seguir com novas oficinas que resultem em novos espetáculos”, avalia
Fernanda Figueiredo, arte educadora do grupo de Ouro Branco.
Ouro Branco | Foto: cedida
A Cia Teatral Brotos de
Algodão, de Ouro Branco, surpreendeu o público com a peça Oiticica, em
homenagem ao poeta Orilo Dantas, com participação da Banda de Música Manoel
Felipe Nery executando dobrado ao vivo. O ator que representou Orilo
Dantas foi o adolescente Anderson Marcos Medeiros da Silva. “Eu amei muito fazer o
Orilo Dantas, uma pessoa importante para a história de Ouro Branco. Este foi
meu primeiro contato com o teatro profissional. Espero que a gente consiga
crescer e apresentar peças em Caicó, Natal, e outras capitais”, afirmou
Anderson Medeiros.
Currais Novos, Parelhas,
Acari, Equador, Cruzeta e Carnaúba dos Dantas foram cidades contempladas ano
passado, com oficinas e apresentação do espetáculo. Neste ano de 2023, estas
cidades vivenciaram a etapa Cultivar, iniciando com apresentação do espetáculo
“As Pelejas de Baltazar”, da Trapiá Cia Teatral, e levando as oficinas “O
Som na Cena”, com Aglailson França, e “Improvisação e Criação de
Movimento”, com Mônica Belotto e Carla Cintia Dutra. “O Trapiá Semente tem uma
importância muito significativa nos municípios: trazer para as cidades a
prática das artes, fazer um trabalho de inclusão, já que envolve todas as
classes sociais e de gênero; tirar os jovens da zona de perigo, e promover
ações que permitem acesso a cultura. O projeto traz conhecimento aos
participantes, arte educadores, gestores e a comunidade envolvida. O Trapiá
Semente é sim uma grande escola de arte no nosso Estado”,
ressalta Rienzz Elias, arte educador do Grupo de Teatro Flor de Liz, de
Cruzeta, e neste ano, arte educador em São José do Seridó, que culminou com
formação do Grupo de Teatro Algodão Mocó, apresentando o espetáculo Vocação
e Fé do Povo de São José.
São José do Seridó tem planos
de manter o grupo e desenvolver novos espetáculos. “O espetáculo Vocação e
Fé do Povo de São José foi muito aplaudido em todas as apresentações, visto que
além da culminância do projeto, ainda apresentamos na Mostra Literária do
município e também no Sesc Seridó, na programação Aldeia Sesc. Esperamos que o
Grupo de Teatro Algodão Mocó crie novas parcerias, no Seridó e no Estado”,
disse Xaulim Dantas, coordenador de Cultura no município de São José do Seridó.
O município de São Fernando
contou a história O Boi Encantado do Umarizeiro, com o Grupo de
Teatro Sementes do Sertão, tendo participação de adolescentes da filarmônica de
São Fernando executando músicas em flauta transversal. A peça, baseada em
literatura de cordel, traz um boi que foi vendido pelo seu proprietário, dono
da fazenda, mas era encantado. Uma poesia com cenário e personagens sertanejos,
de memórias afetivas da vida do campo, também por ser uma história contada de
geração a geração, em São Fernando. Na plateia, muitas famílias do Sítio
Umarizeiro estiveram presentes.
São Fernando | Foto: cedida
O personagem principal, o “boi
encantado” foi interpretado pelo adolescente Wilson. Ele relata que fazer
teatro foi como “sair de uma bolha”. “Eu era muito tímido e o
personagem do boi exige movimentos específicos. Foi muito bom fazer teatro pela
primeira vez, porque eu saí da minha bolha, da minha zona de conforto. O teatro
possibilitou diminuir essa timidez”, revela o adolescente. A arte educadora Simone
Cristina também cita esta contribuição do teatro, no sentido de favorecer a
autoconfiança dos adolescentes de seu grupo. “O Trapiá Semente retirou
nossos adolescentes da rotina monótona e, além disso, despertou neles a vontade
de atuar, conhecer um pouco mais desse mundo maravilhoso que é o teatro, ajudou
a eles se sentirem mais confiantes, no falar, no interagir, na socialização, reduzindo
a inibição”, destaca Simone.
Também em Santana do Seridó, o
roteiro da peça A Saga do Cruzeiro foi baseada em vivência da
comunidade. O Grupo de Teatro Renascer tem como arte educadora Jade Vitória e
entre os atores está Renan Morais, de 12 anos de idade, que desde os 8 faz
teatro. Ele avalia que nesta experiência melhorou na expressão oral.
Santana do Seridó : Foto:
cedida
“Foi uma experiência
incrível. Faço teatro desde os 8 anos e sempre fui apaixonado por teatro.
Participar do Trapiá Semente foi de muitas emoções, desenvolvi meus dons no
teatro e melhorei meu falar”, avalia Renan Morais.
No município de Ipueira, o
Projeto Trapiá Semente criou a Cia Teatral Raízes, tendo como arte educadora
Catarina Araújo, a ‘Catarina Calungueira’. Com um grupo de 30
adolescentes, foi criada a peça Histórias de Visonha, abordando as
lendas dos papangus, da rasga mortalha e do Jaraguá, personagens do imaginário
popular.
“Foi bastante positivo pra
eles e pra mim. Foi uma experiência desafiadora, porque eu nunca tinha dirigido
espetáculo e dirigi agora, com 30 pessoas em cena. Mas foi muito gostoso porque
estavam sempre muito abertos e todos se divertiram e tiveram experiencias como
ir ao Centro Cultural de Caicó, conhecer o teatro, e também ir ao SESC Seridó,
apresentar a peça na concha acústica”, conta Catarina Calungueira, arte
educadora de Ipueira.
Ipueira \ Foto: cedida
O Projeto Trapiá Semente é uma
realização da Associação Cultural Trapiá através da Lei Câmara Cascudo, com
patrocínio do Governo do RN, Fundação José Augusto e Neoenergia Cosern. A
produção é da Mapa Realizações Culturais e conta com apoio das Prefeituras
Municipais e Conselhos Municipais das Crianças e Adolescentes.