As suspeitas de fraudes no concurso público da Caixa Econômica Federal (CEF) estão provocando cada vez mais rumores. Mesmo com a tentativa de acalmar os mais revoltosos, a Fundação Cesgranrio, organizadora do certame, não conseguiu abafar o fato de que a segurança foi falha no dia da aplicação dos exames objetivos e discursivos neste último domingo (22/4). Segundo o presidente da Associação Nacional de Proteção e Apoio aos Concursos (Anpac), Ernani Pimentel, a explicação da organizadora é simplista. “Concurso público é coisa séria, o processo de organização tem que ser rigoroso. Com essas denúncias de fraude, eles demonstram que não foram bem treinados, a própria banca reconhece que a provas deveriam ficar 40 dias guardadas para evitar maiores problemas. O importante é que se faça a investigação, até mesmo para provar que não houve nada tão grave que prejudique a seleção”, afirma.
Pimentel diz ainda que o concurso deve sim ser anulado se as suspeitas forem comprovadas. “A organizadora diz que o descarte dos cadernos de provas aconteceu no dia seguinte à realização dos exames, o que não garante muita coisa. Mas, se isso for comprovado, ainda é melhor do que a idéia do descarte ter sido feito no próprio domingo, o que seria bem mais grave e implicaria na suspensão do concurso”. O professor considera ainda que este é mais um episódio que exemplifica a necessidade da criação de uma lei que regule as seleções públicas. A Anpac promove atualmente um abaixo assinado para incentivar o surgimento da legislação, que abrangerá todos os concursos no país. Quem quiser participar pode se inscrever no site da associação.
Suspeitas de fraude
Dois dias após a realização das provas do concurso da Caixa, a 4ª Delegacia de Polícia do Guará (Distrito Federal) recebeu denúncias de que três caixas contendo os exames haviam sido desviadas e abandonadas em um terreno baldio – elas deveriam ter ido para Águas Claras e outros endereços. Em nota de esclarecimento, a Fundação Cesgranrio afirmou que não houve fraude, já que as caixas encontradas continham apenas lixo do concurso realizado. As caixas teriam sido descartadas sem consentimento da organizadora após a realização das provas. “Elas continham envelopes com provas em branco dos candidatos faltosos; ainda envelopes lacrados, correspondentes à reserva técnica; e também lacres utilizados, tudo sem qualquer valor acadêmico ou administrativo”, afirma a nota. Por sua vez, a assessoria da Caixa Econômica Federal afirmou que só vai se manifestar sobre as suspeitas após a finalização das investigações policiais.
Sobre o concurso
A seleção foi uma das mais movimentadas do ano, registrou 1,1 milhão de inscritos em todo o país. O certame oferecia oportunidades de nível médio para formação de cadastro de reserva no cargo de técnico bancário. De acordo com o edital de abertura, os salários oferecidos são de R$ 1,7 mil. Além dos rendimentos, o documento trazia a possibilidade de participação nos lucros e resultados da instituição, oferecia plano de saúde e de previdência complementar, auxílio-alimentação e auxílio-cesta de alimentação. A jornada de trabalho seria de 6h diárias e 30 semanais. Os candidatos convocados iriam trabalhar com atendimento aos clientes e executar tarefas bancárias e administrativas.
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