A quarta-feira (16) foi marcada por mais um dia de transtorno para a população de Natal, pois nenhum ônibus, das sete empresas que operam o transporte público na cidade, saiu das garagens. A paralisação dos motoristas e cobradores entra no terceiro dia, sem perspectiva de término. Mesmo com o bloqueio das contas do Sindicato dos Trabalhadores em Transporte Rodoviários do RN (Sintro-RN), o aumento da multa de R$ 25 mil para R$ 50 mil para o descumprimento da medida liminar expedida pelo Tribunal Regional do Trabalho (TRT), que determina ao menos 70% da frota rodando em horário de pico, foram suficientes para que a categoria retornasse ao trabalho. Ministério Público do Trabalho (MPT), através do Procurador do Trabalho, José Diniz de Morais, protocolou no início da manhã de hoje, junto ao TRT, um pedido de providência imediata suspendendo a greve dos rodoviários até a próxima quarta-feira, dia 23, quando haverá uma nova rodada de negociação entre as partes. Caso a decisão não seja cumprida, informa a assessoria de imprensa do MPT, foi pedida a aplicação de multa ao Sintro no valor de R$ 50 mil e se a greve permanecer pediu-se a prisão do presidente do Sindicato, Nastagnam Batista, considerada remota hipótese.
O desembargador José Rêgo Júnior deverá julgar o pedido no final da tarde de hoje. Em assembleia realizada na madrugada de hoje, os trabalhadores decidiram, à unanimidade, manter a paralisação. Enquanto isso, dezenas de ônibus de viagens particulares, mesmo com a ameaça de apedrejamento, estavam circulando na cidade, fazendo o percurso das linhas de ônibus. Outras pessoas conseguiram chegar ao seu destino através de carona. Apesar da boa vontade desses motoristas, em alguns pontos da cidade, quem ofereceu carona foi ameaçado por duas pessoas em uma moto, impedindo que as pessoas pegassem a carona. Ontem, um ônibus particular de turismo que fazia o percurso zona Norte – zona Sul foi surpreendido na Avenida Bernardo Vieira por um motoqueiro que “obrigou” que ele parasse com um pedaço de pau na mão. Os rodoviários negam que estejam depredando os ônibus, ameaçando a sociedade e culpam a população pela depredação dos transportes. Na noite desta terça-feira (15), representantes dos trabalhadores e empresários tentaram negociar o fim da greve mais uma vez na sede do MPT, mas não houve avanço. Com a intenção de “viabilizar um melhor entendimento entre patrão e empregado”, o Procurador do Trabalho, José Diniz de Moraes, propôs reajustar a tarifa de ônibus para R$ 2,30. A proposta será apresentada durante reunião do Conselho Municipal de Mobilidade Urbana, realizada às 14h.
De antemão, o titular da secretaria Municipal de Mobilidade Urbana (Semob), Márcio Sá, afirma que a Prefeitura é contra a proposta. “A prefeita já disse que é contra qualquer reajuste na tarifa, no entanto, vamos levar a proposta e discutir no Conselho”, disse. O secretário Adjunto de Transporte da Semob, Gerson Pedroza, disse que foram feitas 486 notificações na segunda e mais 486 na terça-feira, por descumprimento e determinação da Secretaria. Ele conta que hoje serão mais de 3 mil notificações, pois está sendo acrescentada a multa por ausência de itinerário, por viagens não cumpridas. Segundo Agnelo Cândido do Nascimento, presidente do Seturn, a classe patronal espera o julgamento de uma ação contra a Prefeitura do Natal para conceder um reajuste maior. “Pedimos na Justiça um reajuste tarifário de 7,6%, que é o percentual acumulado de perda com a inflação em um ano”, alegou. De acordo com Agnelo, caso a decisão da Justiça seja favorável aos empresários, haverá repasse para os motoristas e cobradores. Os empresários e empregados devem voltar à mesa de negociações na próxima quarta-feira, dia 23. Os empresários voltaram a alegar que o setor acumula, nos últimos anos, prejuízos que impossibilitam reajuste para os trabalhadores. De acordo com Agnelo do Nascimento, a greve prejudica ainda mais o cenário. “Somente com esses dois dias de paralisação, o prejuízo chega a R$ 1 milhão”, disse. Para os empresários, o possível aumento da passagem para R$ 2,30 não soluciona o problema. Segundo o Seturn, a tarifa considerada “justa”, seria em torno de R$ 2,47. “Essa tarifa de R$ 2,30 é política, de forma nenhuma são levados em conta aspectos técnicos”, completou.
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