Enquanto o maior Hospital do Estado, o Walfredo Gurgel, sofre com a superlotação e a falta de leitos de retaguarda para acomodar os pacientes vindos do interior, em hospitais da Grande Natal os leitos permanecem ociosos. Em Canguaretama, a cerca de 70 quilômetros de Natal, o Hospital Regional Getúlio de Oliveira Sales dispõe de 60 leitos que ficam a maior parte do tempo ociosos. No último sábado (18), apenas três estavam ocupados por pacientes que aguardavam alta de cirurgia eletivas, realizadas na última semana. O motivo, explica a diretora geral da unidade Cláudia Augusta Moreira Brito, é o desabastecimento de medicamentos e insumos que "impedem os médicos ter a segurança necessária para deixar pacientes internados", disse.
Foto: Júnior Santos
No Hospital Getúlio Sales, em Canguaretama, sobram leitos, mas faltam médicos e medicamentos
O município está entre as dez cidades que mais enviaram pacientes ao Hospital Walfredo Gurgel, em julho passado, quando a "ambulancioterapia" - envio de pacientes de diversas cidades do interior - respondeu por 46% dos 7.221 atendimentos feito naquele mês. No último sábado, quando a TRIBUNA DO NORTE esteve no Hospital, faltavam na farmácia medicamentos de uso básico como Plasil, usado no trato gástrico, anestésico Lidocaína e antibiótocos, como cefalotim. eformado há cerca de três anos e com mobiliário em bom estado, o setor de enfermarias ostenta silêncio e equipamentos quase sem uso. Somente às segundas e quartas-feiras, quando o hospital realiza cirurgia eletivas de hérnia, vesícula, histerectomia, parte dos leitos ficam ocupados. "Mas sempre há leitos vagas, que poderiam ser melhor aproveitados se não fosse a situação de desabastecimento", reconhece a diretora. "Inclusive informamos diariamente a quantidade disponível para o Centro de Regulação", acrescenta Cláudia Brito.
Segundo a diretora, os pacientes que seguem para Natal não retornam para ocupar os leitos devido a natureza da enfermidade. Quem segue para Natal, encaminhado por aqui, são os casos de trauma-ortopedia, que de fato não temos como atender", justifica. A unidade enfrenta ainda problema na escala. Com o desfalque de dois anestesiologista e de obstetras os partos cesárea, muitas vezes, precisam ser encanhados para Parnamirim e Natal. Para completar a escala da pediatria são necessárias ainda dois médicos, atuando hoje existem três profissionais, além de um em licença médica. Uma reunião, nesta quarta-feira, com a comissão de gerenciamento da crise na saúde, conforme informou o secretário estaduald e saúde Isaú gerino, deverá tratar da hierarquização dos leitos disponíveis em hospitais regionais do Estado.
MACAÍBA
Em Macaíba, a exatos 20km do superlotado Walfredo Gurgel, o Hospital Regional Alfredo Mesquita Filho possui 21 leitos aptos para acomodar pacientes em fase de recuperação - dos quais apenas sete estavam ocupados até a tarde de ontem. Impedido de realizar cirurgias e procedimentos de obstetrícia desde agosto de 2011, pelo Conselho Regional de Medicina do RN, devido deficiências na estrutura física, o hospital possui leitos para internações de baixa complexidade disponibilizados como retaguarda para o Governo enfrentar o estado de calamidade pública da saúde decretado no início do mês de julho. "Recebemos apenas pacientes regulados (encaminhados pelo sistema de gestão de vagas) para internamento em clínica médica", informou a diretora Altamira Paiva, que ainda confirmou problemas de reabastecimento. O hospital está entre os cinco que irão receber recursos da Sesap na primeira fase de reestruturações de unidades de saúde, que prevê investimento de R$ 1,27 milhão para reforma e ampliação. As obras deverão ser concluídas até janeiro, e segundo a diretora a intenção "é que sejam reativados as UTIs e as salas de cirurgia". Desde dezembro de 2010, a ala onde funcionava o setor de urgência do hospital está ocupada pela UPA de Macaíba, que deverá ser relocada para prédio próprio.
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