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quinta-feira, 19 de dezembro de 2013

“ASSALTO AO TREM PAGADOR”: RONALD BIGGS MORRE EM LONDRES

Biggs era o mais conhecido dos 15 assaltantes que roubaram o equivalente hoje a R$ 150 milhões de um trem postal em 1963
Biggs era o mais conhecido dos 15 assaltantes que roubaram o equivalente hoje a R$ 150 milhões de um trem postal em 1963

Ele escapou da prisão e passou décadas fugindo da Justiça britânica, tornando-se um dos mais célebres criminosos do Reino Unido. Mas agora uma vida de aventuras chegou ao fim: de acordo com relatos da mídia, após vários derrames cerebrais, o assaltante Ronald Biggs morreu ontem em Londres aos 84 anos. Biggs passou 36 anos em fuga, a maioria dos quais no Brasil, onde teve um filho, Michael Biggs, que foi membro do grupo infantil Turma do Balão Mágico. Após o roubo ao trem pagador, a maior parte dos assaltantes foi presa, incluindo Ronald Biggs. No entanto, a espetacular fuga da prisão londrina de Wandsworth e sua posterior ida para o Brasil lhe garantiram celebridade. Após voltar voluntariamente para o Reino Unido por motivos de saúde, em 2001, Biggs foi preso novamente. Em 2009, recebeu um indulto humanitário por motivo de saúde, ficando aos cuidados do filho, Michael, nos últimos anos. Nesta quarta-feira, Michael deixou um recado na secretária eletrônica de seu celular, dizendo que não estaria recebendo chamadas “por motivos óbvios”.

Ronald Biggs era o mais conhecido do bando de 15 assaltantes que roubou, em 8 de agosto de 1963, um trem postal que ia de Glasgow a Londres com pagamentos no valor de 2,6 milhões de libras, o que equivaleria hoje a 46 milhões de libras ou 173 milhões de reais. Pouco tempo depois, 11 dos 15 assaltantes foram presos. Biggs foi então condenado a 30 anos de prisão. Provavelmente seu nome teria sido esquecido se ele tivesse cumprido toda a sentença, mas 15 meses depois de ser preso, Biggs escapou da prisão de Wandsworth escondido num caminhão que transportava móveis. Em Paris, submeteu-se a uma operação plástica no rosto, fugindo então para a Austrália até chegar ao Rio de Janeiro, em 1970. No Brasil, Biggs teve um filho com uma brasileira, o que o impediu de ser deportado para o Reino Unido, já que na época o país não tinha acordo de extradição com o Brasil. No Rio de Janeiro, Biggs levou uma vida relativamente calma, vivendo da venda de camisetas ou levando turistas para churrascos em seu jardim, onde narrava e se gabava do famoso roubo.

Biggs também foi um dos proprietários do clube dark-gótico carioca Crepúsculo de Cubatão e chegou a gravar a música No one is innocent com o grupo punk britânico Sex Pistols, em 1978. Depois de décadas de exílio, Biggs voltou ao Reino Unido, em 2001, para poder tratar da saúde. Mal havia pisado em seu país, foi detido e encarcerado novamente. Oito anos mais tarde, foi libertado após vários acidentes cardiovasculares, mas se recuperou. Em várias ocasiões, Biggs declarou que não estava arrependido e que até mesmo sentia orgulho do que fez. “Se querem me perguntar se me arrependo de ter sido um dos ladrões do trem, eu diria que não”, declarou por ocasião do cinquentenário do roubo ao jornal Daily Mirror. “Eu até mesmo me atreveria a ter ido mais longe. Sinto-me orgulhoso de haver participado.” No entanto, Biggs também disse saber que, no assalto, o condutor do trem sofreu ferimentos graves, dos quais nunca se recuperou. Para o ladrão, esse foi um fato “lamentável”, mas ele também disse pensar nas famílias das pessoas que participaram do assalto, que pagaram um preço muito alto, argumentou.

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