Incêndio de pequenas proporções atingiu a casa da torcedora, diz advogado (Foto: Arquivo Pessoal)
Após ter a casa apedrejada e sofrer ameaças nas redes sociais, Patrícia Moreira, a torcedora gremista que foi flagrada ofendendo o goleiro Aranha, do Santos, com insultos racistas, teve parte de sua residência incendiada na madrugada desta sexta-feira (12) em Porto Alegre, conforme o seu advogado, Alexandre Rossato. Segundo ele, o fogo começou por volta das 4h. Não havia ninguém na residência, que está fechada desde o dia do jogo entre Grêmio e Santos, pela Copa do Brasil, no dia 28 de agosto. O Corpo de Bombeiros confirma que foi chamado, mas quando chegou ao local, na Zona Norte de Porto Alegre, as chamas já haviam sido apagadas pelos proprietários.
De acordo com um dos irmãos de Patrícia, o fogo começou na frente da residência. Vizinhos perceberam e apagaram antes que pudessem atingir o interior da casa. Nos últimos dias, ele esteve no local retirando pertences da jovem e populares jogaram pedras contra as paredes e gritaram “racista”, relatou. Por volta das 5h da manhã, um vizinho ligou avisando um dos irmãos. O fogo se concentrou no porão, junto ao relógio de água, e também atingiu relógio de energia elétrica. A família está registrando a ocorrência na 14ª Delegacia de Polícia da capital. A polícia aguarda perícia. "A vizinha que viu comunicou um dos irmãos da Patrícia. Não há registro de chamado nos bombeiros, e a Polícia Civil não havia sido comunicada. Ela [vizinha] foi levada para a DP para tomarmos o depoimento, ver se ela viu alguém. Preservamos o local e estamos aguardando a equipe do Instituto Geral de Perícias para realização da perícia. Apenas o irmão dela, que é o dono da casa, entrou lá", afirmou o delegado Thiago Baldin ao G1.
Casa de Patrícia Moreira é incendiada em Porto Alegre (Foto: Fabio Almeida/RBS TV)/Fogo teria iniciado no relógio de luz da casa de Patrícia Moreira em Porto Alegre (Fotos: FabioAlmeida/RBS TV)
Diante da repercussão do caso, Patrícia evitou dormir em casa nos últimos dias. Ela se refugiou em residências de parentes e amigos para evitar retaliação. Pedras foram jogadas em direção a sua casa. Na última semana, Patrícia prestou depoimento à polícia e fez um pronunciamento à imprensa. Ela negou ser racista e pediu perdão ao goleiro Aranha. "Eu quero pedir desculpas para o goleiro Aranha, desculpa mesmo, perdão de coração. Não sou racista. Aquela palavra macaco não foi racismo da minha parte. Não teve intenção racista. Foi no calor do jogo, o Grêmio tava perdendo. Peço desculpas pro Grêmio, para a nação tricolor, não queria nunca prejudicar o Grêmio. Desculpas para o Aranha. Perdão, perdão, perdão mesmo", declarou.
Entenda o caso
O incidente no jogo entre Grêmio e Santos, na Arena do Grêmio, ocorreu aos 42 minutos do segundo tempo, quando Aranha reclamou com o árbitro Wilton Pereira Sampaio, alegando ter sido vítima de xingamentos por parte da torcida. O juiz mandou a partida seguir, mesmo sendo alertado por jogadores do Santos dos incidentes que ocorriam fora de campo.
Câmera de TV flagrou Patrícia chamando goleiro do Santos de "macaco" (Foto: - Reprodução/ESPN)
A jovem mostrada pelas imagens do canal ESPN foi afastada do trabalho no Centro Médico e Odontológico da Brigada Militar. Patrícia Moreira era funcionária de uma empresa terceirizada e prestava serviços de auxiliar de odontologia na clínica da polícia militar gaúcha. As imagens da torcedora ofendendo o goleiro santista começaram a circular pelas redes sociais logo após a partida. Aranha registrou boletim de ocorrência na 4ª Delegacia de Polícia na sexta (29). As injúrias raciais proferidas por torcedores gremistas contra o goleiro tiveram mais um desdobramento. Em julgamento nesta quarta-feira (3), o Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) decidiu, por unanimidade, exclur o Grêmio da Copa do Brasil. No primeiro duelo das oitavas da Copa do Brasil, os paulistas bateram os gaúchos por 2 a 0. O jogo de volta já havia sido suspenso até o julgamento do caso no STJD.
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