Caminhada foi realizada ontem para dar visibilidade ao tema e marcar o Dia Nacional de Doação/Magnus Nascimento
O número de doadores de órgãos no Rio Grande do Norte cresceu neste ano. Em 2013, a média foi de 13,9 doadores a cada grupo de um milhão de habitantes e, em 2014, o índice subiu para 14,5. A Central de Transplantes da Secretaria de Estado da Saúde Pública (Sesap) também registrou avanço com a redução do índice de recusa familiar. Ano passado, havia 61% de recusa e, no primeiro semestre deste ano, a recusa caiu para 52%. “Precisamos avançar mais. Diminuir a quantidade de recusas e aumentar o número de doadores”, disse a subcoordenadora da Central, Patrícia Maciel. Para dar visibilidade ao tema e marcar o Dia Nacional de Doação de Órgãos, a Sesap realizou, na manhã de ontem (27), a “II Caminhada pela Vida”. Por volta das 7h30, um grupo de doadores, transplantados e familiares dos mesmos saíram do Instituto Federal de Educação Tecnológica do Rio Grande do Norte (IFRN) e encerraram a atividade no Hemonorte.
Entre os participantes, estava a aposentada Lúcia Pontes, 47 anos. Desde 2005, Lúcia carrega no peito o coração doado por um jovem. Um ano antes da cirurgia de transplante, ela foi diagnosticada com uma grave cardiopatia. Não havia tratamento alternativo. “Ou recebia um coração novo ou morreria”, contou. “Felizmente, Deus tocou no coração de uma família e, somente um ano depois da descoberta da minha doença, realizei o transplante. Hoje, estou viva e levo essa mensagem as demais pessoas: doem”, disse. A Caminhada realizada ontem marcou o encerramento das atividades desenvolvidas pela Sesap durante todo o mês de setembro, com realização de ciclo de palestras em instituições como faculdades, hospitais e empresas públicas e privadas. “Nossa intenção é chamar atenção e sensibilizar a sociedade para a importância do gesto de doação. Queremos dar visibilidade à causa e, felizmente, estamos avançando com os números”, comentou o secretário adjunto da Sesap, Marcelo Bessa.
No local de chegada da Caminhada, houve apresentação da banda de Música da Polícia Militar do RN e uma programação de depoimentos de transplantados, receptores e famílias de doadores. Segundo Patrícia Maciel, o evento celebra a nova vida dos pacientes que foram transplantados e homenageia famílias de doadores de órgãos. No ano passado, de cada 100 famílias consultadas sobre a doação de órgãos do ente querido, 60 responderam “não”, no RN. Esse índice diminuiu este ano para 52%. No Brasil, o percentual é de 56%. “Nosso intuito é chegar na população para dar ciência de como acontece o processo, porque acreditamos que muitas famílias não autorizam a doação por desconhecimento, bem como por mito ou tabu sobre a doação de órgãos”, esclareceu Patrícia.
Morte encefálica
O Brasil tem um dos protocolos mais exigentes para o diagnóstico da morte encefálica – condição necessária para doação de órgãos importantes como rins, coração e córneas – e precisa ser confirmada por dois médicos especialistas, sendo que um terceiro médico aplica um exame complementar. Esse protocolo contempla diagnósticos clínicos e gráficos.
Os exames são baseados em normas médicas e incluem testes clínicos para determinar que não há mais reflexos cerebrais, portanto, o paciente não respira sem a ajuda de aparelhos. Os testes são realizados em intervalos pré-determinados conforme a faixa etária do paciente. São feitos também exames do fluxo sanguíneo ou um eletroencefalograma, para confirmar a ausência do fluxo sanguíneo ou da atividade cerebral.
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