
Dilma e Lula: para não cair, ela entrega o governo ao antecessor (VEJA.com/Divulgação)
Alvo de uma denúncia por lavagem de dinheiro e falsidade
ideológica e na mira da Operação Lava Jato, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da
Silva decidiu nesta quarta-feira assumir o Ministério da Casa Civil do governo
Dilma Rousseff. A manobra garante ao petista foro privilegiado - e o livra das
mãos do juiz federal Sergio Moro, que conduz as ações da Lava Jato em Curitiba.
Já Dilma, que há muito não governa, apenas se contorce em manobras para
permanecer no cargo, entrega ao antecessor o pouco poder que lhe restava. A
nomeação de Lula, oficialmente tratada pelo governo como uma estratégia para
evitar o impeachment, coloca o petista no mais importante ministério do governo
- pasta que o PT transformou em uma usina de escândalos desde que chegou ao
poder. Depois de dias de negociação, o martelo sobre a questão foi batido
durante café da manhã no Palácio do Planalto. A informação foi confirmada por
parlamentares petistas pouco após a reunião, na Câmara dos Deputados. O Palácio
do Planalto ainda não se pronunciou oficialmente sobre a troca ministerial.
Embora a presidente tenha simbolicamente entregado a faixa ao seu padrinho
político, o líder do PT na Câmara, Afonso Florence (BA), afirmou que a nomeação
não reduzirá o poder da presidente Dilma Rousseff. "Lula vai ajudar a impedir o
impeachment", disse.
Segundo o petista, a decisão não transformará a presidente em
uma "rainha da Inglaterra". Ou seja, alguém cujo poder é meramente simbólico.
Pelo Twitter, o deputado José Guimarães (PT-CE) afirmou: "Ministro Wagner, no
dia de seu aniversário, mostra grandeza e desprendimento ao deixar a Casa Civil!
Lula novo ministro da pasta!". Jaques Wagner, o ministro aniversariante que
acaba de perder o emprego, será alocado na chefia de gabinete de Dilma. A
avaliação do governo é que a nomeação de Lula para a Casa Civil não estranca a
crise política, já que, segundo um aliado do Planalto,"ainda é preciso
administrar o problema Mercadante". O atual titular da Educação foi flagrado em
gravações tentando comprar o silêncio do senador Delcídio do Amaral,
como revelou VEJA na terça-feira. Nos bastidores, calcula-se
que a ida de Lula para a Casa Civil deve provocar um rearranjo ministerial, a
começar justamente pela Educação. Lula e Mercadante sempre foram desafetos e o
ex-presidente já teria pedido a cabeça do colega de partido, um dos maiores
aliados da presidente Dilma no governo. Com a saída de Mercadante, Lula ficaria
ainda com uma pasta de orçamento polpudo nas mãos para dar início à sua
articulação política.
Na noite de quarta-feira, parlamentares especulavam que a
Educação pudesse ser oferecida justamente ao PMDB do Senado, Casa que será o
fiel da balança no processo de impeachment. "90% da atual crise estão
localizados no Congresso. Agora, Dilma contratou Pep Guardiola, o melhor técnico
do mundo, para cuidar de seus jogadores", afirma o deputado Silvio Costa
(PTdoB), vice-líder do governo na Câmara. As mudanças não devem parar por ai. Como
informa a coluna Radar, ida de Lula para a Casa Civil também pode
abortar a nomeação de Eugenio Aragão para o Ministério da Justiça. O novo
ministro sondou Nelson Jobim, ex-ministro do STF, para assumir o posto. Outro
que deve deixar o governo em breve é Alexandre Tombini, presidente do Banco
Central. Lula já convidou Henrique Meirelles para reassumir o BC. O ministério
assumido por Lula articula o funcionamento interno do governo e os interesses do
Planalto no Congresso. Caberá ao ex-presidente, que costuma indicar ministros a
Dilma Rousseff, referendar ou não nomeações a diretorias de estatais e a cargos
no segundo e terceiro escalões do governo. A liberação de emendas parlamentares,
decisiva em votações de interesse da presidência no Congresso, e a negociação
delas com os parlamentares será outra das atribuições de Lula. O ex-presidente
também deverá acompanhar o andamento de grandes obras e projetos do governo,
como a usina de Belo Monte e o Minha Casa Minha Vida.
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