
Senadores Wellington Fagundes e Hélio José discursam durante sessão do plenário do Senado(Pedro França/Ag. Senado)
Dois vice-líderes do governo no Senado, Wellington Fagundes
(PR-MT) e Hélio José (PMDB-DF), declararam nesta sexta-feira, na tribuna do
plenário, que vão votar pela instauração do processo de impeachment da
presidente Dilma Rousseff. Os dois integravam o bloco dos indecisos da Casa,
como mostrou o mapa do impeachment do site de
VEJA. Com a
mudança de posicionamento dos senadores, cresce a expectativa de que o processo
será admitido, o que resultará no afastamento da presidente Dilma Rousseff por
até 180 dias, enquanto o vice-presidente Michel Temer assumirá o seu lugar.
No dia-limite do prazo previsto pelo regimento, as lideranças
do PT e do PCdoB formalizaram as indicações para a composição da Comissão
Especial do Impeachment. Entre os 21 membros do colegiado, apenas cinco - três
do PT, um do PDT e outro do PCdoB - manifestam posição contrária ao impeachment.
Outros 15 já declararam abertamente ser favoráveis ao afastamento. O senador
Raimundo Lira (PMDB-PB), indicado para presidir o colegiado, mudou a sua posição
de favorável para indeciso nesta semana. Em seu discurso no plenário, Wellington
Fagundes, que é integrante titular da comissão, afirmou que a presidente Dilma
Rousseff "falhou" no diálogo com o Congresso e na demora em realizar reformas
que pudessem mitigar a crise econômica e política. "Vamos votar, sim, pela
admissibilidade, porque, politicamente, o país já está maduro para isso. A
população se manifestou e, felizmente, não tivemos nenhum incidente. Ou seja, a democracia está funcionando plenamente. Os Poderes
estão funcionando plenamente", afirmou ele.
Na Câmara, dez deputados do PR
votaram contra o impedimento e 26, a favor. O senador ainda citou um encontro
que teve com a presidente Dilma, há dois meses, no qual ela lhe perguntou qual
seria a posição do Senado sobre o impeachment. "Eu não hesitei em dizer para a
presidente da República: 'Presidente, hoje o clima no Senado é pela
admissibilidade, porque todos nós aqui somos políticos e temos que ouvir a
população, temos que ouvir as vozes das ruas'", narrou. Já o senador Hélio José,
que é suplente na comissão pelo PMDB, afirmou que Michel Temer já está "se
organizando" para assumir o governo na segunda quinzena de maio, quando o
impeachment deve ir a votação em plenário. "A questão da admissibilidade é
reconhecer que, certo ou não, há uma instituição chamada Câmara dos Deputados
que aprovou. E cabe a nós, a outra instituição, que é o Senado, acolher,
analisar e definir. Na comissão de admissibilidade, serei pela admissão do
processo", disse ele.bOs dois senadores, no entanto, destacaram que, na primeira
fase do processo, a decisão é essencialmente política, como foi na Câmara. Na
segunda etapa, a do julgamento, os parlamentares ganham a atribuição de juízes
e, por isso, não devem anunciar com antecedência se condenarão ou não a
presidente Dilma Rousseff pelo crime de responsabilidade.

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