
Ex-diretor da Petrobras, Nestor Cerveró, volta à prisão após 10 dias com a família(Albari Rosa/Folhapress)
Uma reportagem da edição de VEJA publicada neste final de
semana traz a primeira entrevista do ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró
desde que foi preso pela Operação Lava Jato da Polícia Federal. Cerveró
conversou com VEJA por meio de cartas. Escreveu sete páginas, de próprio punho,
nas quais reconhece seus erros, ataca seus adversários, defende sua família e
reafirma que foi colocado e mantido na estatal sob as bênçãos do PT. Confira
alguns trechos das cartas:

A dívida: Cerveró relata como ajudou a campanha da reeleição de Lula em 2006(VEJA.com/VEJA)
A DÍVIDA: Cerveró relata como ajudou a campanha da reeleição
de Lula em 2006. "Eu fui nomeado como retribuição por ter solucionado a
dívida do PT com a Schain de 50 milhões de reais, quando era diretor
internacional, em 2007, através da contratação da Schain como operadora da sonda
Vitoria 10000."

A TRAIÇÃO: Ex-diretor relembra que o momento
mais difícil na prisão foi quando o seu ex-advogado tentou sabotar a sua
delação. "O momento mais difícil foi perceber que o meu ex-advogado
trabalhava contra meus interesses, preocupado em garantir seus recebimentos e
envolvimentos políticos, mesmo que isto significasse a minha permanência na
prisão por muito tempo."

O poder: O ex-diretor da Petrobras reconhece que foi seduzido pelo ambição e pelo status de poder dirigir a maior empresa brasileira(VEJA.com/VEJA)
O PODER: Cerveró reconhece que foi seduzido pelo ambição e
pelo status de poder dirigir a maior empresa brasileira. "O arrependimento é
por não ter sabido controlar a minha ambição, não só por dinheiro, mas também
pela vaidade em permanecer diretor da Petrobras e trabalhado com pagamentos de
propinas a políticos a fim de me manter no cargo."

O arrependimento: Após um ano e quatro meses preso, o delator diz estar arrependido e pede desculpas à sociedade brasileira(VEJA.com/VEJA)
O ARREPENDIMENTO: Após um ano e quatro meses
preso, o delator diz estar arrependido e pede desculpas à sociedade brasileira."Quero pedir desculpas à sociedade brasileira e aos meus ex-companheiros da
Petrobras pelas perdas e decepção que causei."

O filho: O ex-diretor da Petrobras defende a sua família e diz que o seu filho foi corajoso ao gravar o ex-senador Delcídio do Amaral(VEJA.com/VEJA)
O FILHO: O ex-diretor da Petrobras defende a sua família e
diz que o seu filho foi corajoso ao gravar Delcídio do Amaral."O meu filho
demonstrou muita coragem ao realizar a gravação que esclareceu e mostrou o
envolvimento do senador e do meu ex-advogado."

O ataque: Cerveró questiona o fato de Delcidio do Amaral ter se empenhado tanto para evitar a sua delação(VEJA.com/VEJA)
O ATAQUE: Cerveró questiona o fato de Delcídio
ter se empenhado tanto para evitar sua delação."Se ele não cometeu nenhum
outro crime, além de obstruir a Lava Jato, por que temia tanto a minha
delação?"

A punição: O delator se ressente de não poder comemorar o aniversário de sua neta -- que está escondida fora do Brasil por questão de segurança(VEJA.com/VEJA)
A PUNIÇÃO: O delator se ressente de não poder
comemorar o aniversário de sua neta. "A minha única neta, como você sabe,
está fora do país por questão de segurança e não sei quando vou poder voltar a
vê-la e estar com ela. Dentro de alguns meses vai completar 10 anos e não
estarei no seu aniversário."

A prisão: Para passar o tempo atrás das grades, conta que leu mais de 60 livros e, recentemente, ganhou direito de ter uma TV dentro da cela(VEJA.com/VEJA)
A PRISÃO: Cerveró relata sua rotina atrás das
grades. "Rotina de prisão: acordar, café da manhã, leitura, almoço banho de
sol e banho, leitura, jantar, leitura e dormir. Já li mais de 60 livros neste
período." "O tratamento dos agentes penitenciários sempre foi bom,
tratando com respeito e dignidade. O que eu quero destacar é o nível de
solidariedade e apoio mútuo que se desenvolve entre os presos, das diversas
condições sociais e de níveis de educação."

O retorno: O ex-diretor da Petrobras diz que não sabe o que pretende fazer quando ganhar a liberdade, porque teve uma “enorme exposição” nos últimos dois anos(VEJA.com/VEJA)
O RETORNO: O ex-diretor diz que não sabe o que
pretende fazer quando ganhar a liberdade. "Não sei o que farei após ganhar a
liberdade, faltam ainda alguns anos e na minha idade de quase 65 anos é muito
difícil estabelecer qualquer planejamento, principalmente pela dificuldade de
realizar qualquer trabalho, dada a enorme exposição na mídia nestes últimos 2
anos."
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