
O Ministério Público e a Polícia Civil do Rio Grande do Norte deflagraram na
manhã desta terça-feira (6), na Grande Natal, uma operação denominada
‘Medellín’. O objetivo, segundo o MP, é desarticular uma quadrilha de tráfico de
drogas, também responsável por crimes de lavagem de dinheiro ou ocultação de
bens, direitos e valores. Foram expedidos 14 mandados de prisão, 12 de condução coercitiva (quando a
pessoa é levada a depor e depois é liberada) e 26 de busca e apreensão. Entre os
detidos estão dois advogados e três pessoas que já estão presas por outros
crimes. Participam da operação 21 delegados, 110 agentes e escrivães e mais
quatro promotores de Justiça O patrimônio toral estimado dos envolvidos é de
aproximadamente R$ 20 milhões.
Ainda de acordo com o MP, as investigações identificaram três núcleos da
organização criminosa. O primeiro deles é comandado por Gilson Miranda da Silva
– apontado como traficante distribuidor de droga no estado. Ele é foragido da
Justiça desde a operação 'Anjos Caídos', realizada em julho de
2015 pela Delegacia Especializada em Narcóticos, que na ocasião não conseguiu
dar cumprimento ao mandado de prisão contra ele. O MP também afirma que Gilson
possui ligação direta com grandes traficantes do país, a exemplo de José Silvan
de Melo, mais conhecido como ‘Abençoado’. Em abril de 2015, ele foi preso no
Mato Grosso com R$ 3,2 milhões.

Tibério está preso em Pernambuco - (Foto: PF/Divulgação)
Gilson também é o principal suspeito de ter mando matar Bruno Rocha de Paiva,
cujo corpo foi encontrado carbonizado na cidade de Arez. A instauração deste
Inquérito Policial foi apontado pelo policial civil Tibério Vinícius Mendes de
França (que está preso em Pernambuco) como suposto objeto de negociação
financeira envolvendo o também policial Iriano Serafim Feitosa e a mulher dele,
a advogada Ana Paula Nelson, com vistas a que não houvesse continuidade da
investigação do homicídio. Iriano Feitosa foi morto no dia 3 de fevereiro deste
ano. Tibério é o principal suspeito do crime.

João Maria dos Santos de Oliveira, o 'João Mago' - (Foto: Governo do RN/Divulgação )
O segundo núcleo, ainda de acordo com o MP, tem como chefe João Maria Santos
de Oliveira, o João Mago, considerado um dos líderes e fundadores de uma facção
criminosa que atua a partir de dentro dos presídios do estado. João foi preso em
julho deste ano no bairro de Nova Parnamirim. Em dezembro do ano passado, ele
havia saído da Penitenciária Estadual de Parnamirim (PEP) com o auxílio de um
alvará de soltura falso. Segundo o governador Robinson Faria, que anunciou a
prisão dele em uma rede social, João Mago faz parte do comando dos ataques
criminosos que aconteceram durante o período de 29 de julho até meados de agosto
em mais de 100 cidades do estado por causa da instalação de bloqueadores na PEP.
Já o terceiro núcleo, o MP diz que é comandado por Islânia de Abreu Lima,
também apontada como traficante. Ela é companheira de Diego Silva Alves do
Nascimento, mais conhecido como ‘Diego Branco – que chegou a ser um dos
criminosos mais procurados do Rio Grande do Norte. Atualmente, ele está preso na
Penitenciária Federal de Porto Velho, em Rondônia. Islânia também foi presa após
ter sido constatado o seu envolvimento com os atos de vandalismos praticados
durante a onda de ataques no estado.
O MP afirma também que “os chefes de cada núcleo adquiriram vultuoso
patrimônio decorrente do tráfico de drogas, transferindo a administração desses
bens a terceiras pessoas que àqueles se associaram criminalmente, dissimulando a
propriedade dos bens adquirido com o tráfico”, e que “a investigação também
comprovou a participação dos advogados Ana Paula Nelson e Allan Clayton Pereira
de Almeida e do falecido Iriano Serafim Feitosao na associação criminosa em
questão. As investigações vêm sendo realizadas em conjunto pela Polícia Civil, Grupo
de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) e 80ª Promotoria de
Justiça, com o apoio da Secretaria de Segurança Pública do Estado.
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