
Os blogs sujos, petralhas, não hesitaram nesta quinta: “Até
Reinaldo Azevedo reconhece que Lava-Jato… (…)”. E aí emendavam uma coisa
qualquer desairosa à operação, referindo-se àquele desastrado espetáculo
protagonizado por Deltan Dallagnol… Temo que possam chegar ao êxtase com a minha
coluna na Folha desta sexta.
O mais encantador é o “até Reinaldo Azevedo…” Ora, “até” por
quê? É claro que a minha pergunta é retórica. Eu conheço os motivos. Criei a
palavra “petralha”. Sou, talvez, o jornalista mais odiado pelo petralhismo. A
razão é simples: eu denuncio suas falcatruas há pelo menos 15 anos, antes ainda
de sequestrarem o governo federal. Mais: eu o faço, em muitos aspectos,
desconstruindo-os por dentro já que conheço a literatura que evocam, mas com uma
diferença: eu li o que eles citam; eles não. Na cabeça que estoca vento dessa
gente, eu sou a “direita”. Logo, se “até” eu critiquei Dallagnol, então vai ver
o cara realmente exagerou. Sempre acho curioso quando as pessoas apelam ao
testemunho de seus adversários intelectuais para justificar as próprias teses e
as próprias opiniões. Se vocês prestarem atenção, não faço isso nem com amigos
nem com inimigos. Não preciso me escorar em ninguém.
Mas entendo o “até” de um outro modo também. Como essa
esquerdalha pensa em bando, e alguns deles pertencem mesmo a uma espécie de
organização criminosa, imaginam que os não petistas e os críticos severos do
partido, como sou, também formam uma quadrilha. E nada é mais falso do que isso.
Há críticos de Lula e do PT com quem eu me nego a tomar um café. Há vigaristas
falando porcarias na Internet, disfarçadas de jornalismo, que deveriam estar
exercendo a sua vocação num bordel — com todo respeito, claro, às profissionais
do “amor verdadeiro” e remunerado. Há ditos conservadores a quem jamais
estenderia a mão. E há pessoas com formação de esquerda que leio com enorme
prazer.
Eu não pertenço a bando nenhum. Eu não sou quadrilheiro do
pensamento. Assim, os trouxas podem se dispensar de dizer: “Até Reinaldo Azevedo
reconheceu…”. Nada disso! Mudem esse texto: “Principalmente Reinaldo Azevedo
reconheceu a conduta absurda de Dallagnol”. E isso nada tem a ver com a
inocência de Lula. Até porque eu o considero culpado. Eu não quero é que um
procurador destrambelhado, agindo ao arrepio da técnica, fabrique a impunidade
do ex-presidente por fanatismo e estrelismo. O fanatismo é a morte da convicção
e produz resultados contrários ao pretendido.
É simples assim.
Por Reinaldo Azevedo
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