
A rede privada apresentou mais quedas no índice que mede a
qualidade do ensino médio do que a rede pública, conforme dados do Índice de
Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb), divulgados na quinta-feira (8) pelo
Ministério da Educação (MEC). Ao todo, 11 estados e o Distrito Federal
apresentaram queda na rede privada. Em cinco estados, houve queda na rede
pública. O Ideb nacional do ensino médio manteve-se estagnado em 3,7 em 2015,
patamar em que se encontra desde 2011. Isso fez com que o país descumprisse a
meta para o índice pela segunda vez consecutiva. Apenas dois estados – Amazonas
e Pernambuco – bateram as metas que teriam de cumprir.
O cenário, no entanto, melhorou. No último Ideb, de 2013, 13
estados apresentaram piora no índice em relação ao anterior. Em 2015, somente
quatro estados – Goiás, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Minas Gerais –
tiveram piora no Ideb. Distrito Federal, Rio de Janeiro, Sergipe e Rondônia
ficaram estagnados, enquanto 19 estados aumentaram o Ideb de 2013 para 2015.
Separadamente, a rede privada teve queda em mais estados que a rede pública
estadual. O Ideb caiu no Pará, Tocantins, Maranhão, Piauí, na Paraíba, em
Pernambuco, na Bahia, em Minas Gerais, no Paraná, em Santa Catarina, Goiás e no
Distrito Federal.
As rede estaduais tiveram quedas em Rondônia, Sergipe, Minas
Gerais, Santa Catarina e no Rio Grande do Sul. "Isso prova que o modelo que
temos é ruim. Impacta tanto a rede pública quanto a rede privada. Por isso, a
importância de reformar o ensino médio", disse o presidente do Conselho Nacional
de Secretários de Educação (Consed), Eduardo Deschamps. O Ideb é um indicador de
qualidade dos ensinos fundamental e médio, divulgado a cada dois anos. O índice
é calculado com base em dados sobre aprovação e desempenho escolar obtidos por
meio de avaliações do MEC. Desde a criação do indicador, em 2005, foram
estabelecidas metas que devem ser atingidas por escolas, prefeituras e governos
estaduais.
As metas intermediárias são diferenciadas para cada ente
federativo e escola porque cada um partiu de um ponto distinto em 2005. O
objetivo é que o país atinja o Ideb 6 no ensino médio até 2028. O Ideb da etapa
de ensino é calculado por amostra aleatória e inclui alunos das redes pública e
privada. "O resultado está ligado a essa amostra que o MEC pegou. Não significa
que todo o ensino médio privado está assim, dessa forma. No entanto, o resultado
indica que o ensino médio precisa de reestruturação, como vem sendo debatido na
Câmara dos Deputados", afirmou a presidente da Câmara de Ensino Superior da
Federação Nacional das Escolas Particulares (Fenep). A reestruturação do ensino
médio é objeto do Projeto de Lei 6.480/2013, que está em tramitação no Congresso
Nacional. Em entrevista coletiva, o ministro da Educação Mendonça Filho disse
que, se o proeto não for votado neste ano, pedirá que o presidente Michel Temer
edite uma medida provisória (MP) que faça mudanças na etapa a fim de torná-la
mais atraente para os jovens, incluindo maior aproximação com o ensino técnico e
a flexibilização do currículo.
Ensino Médio
Junto com os resultados do Ideb, o MEC divulgou o desempenho
dos estudantes no Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb), um dos
componentes do índice. O resultado mostra que, em português e matemática, o
desempenho de estudantes do ensino médio em 2015 foi pior que o de 20 anos
atrás. O gerente de Projetos da Fundação Lemann, Ernesto Faria, ressaltou que
nenhuma rede apontou um caminho para o ensino médio. "A diferença entre as redes
é muito pequena", disse ele. "Se o ensino médio já tinha o sinal vermelho antes, agora está
piscando.
Não tem como se acostumar com esse resultado. O resultado pode parecer
estagnado, mas na verdade está indo para trás. Se o mundo inteiro está
melhorando, e estamos parados, significa que estamos [em situação] pior em
relação aos demais países", afirmou a presidente executiva do movimento Todos
pela Educação, Priscila Cruz.
Nenhum comentário:
Postar um comentário