
Justiça transferiu julgamento de Gilson Neudo Soares do Amaral para Natal (Foto: Sidney Silva)/G1 RN
O Tribunal de Justiça do Rio Grande do Norte transferiu o julgamento do
ex-partor evangélico Gilson Neudo Soares do Amaral para a comarca de Natal. A
decisão atende a um pedido da defesa de Gilson que é acusado de ser um dos
mentores do assassinato do radialista Francisco Gomes de Medeiros, mais
conhecido como F. Gomes. O crime aconteceu em 18 de outubro de 2010, em Caicó. O
júri popular estava marcado para o dia 16 de novembro em Caicó, mas com a
mudança de comarca será remarcado.
A decisão ocorreu à unanimidade de votos e em concordância com o parecer do
Ministério Público, em ação penal, e determinou a comunicação com urgência para
o juiz Criminal da Comarca de Caicó para as providências cabíveis, nos termos do
voto do relator. No pedido, o réu alegou, dentre outros pontos, que “há fundadas
dúvidas sobre a imparcialidade do júri, diante do clamor popular e da
repercussão social que teve o homicídio de F. Gomes”. Gilson Neudo deveria ter
sido julgado no dia 16 de março deste ano, mas o procedimento foi reagendado
porque a defesa dele, o defensor público Serjano Marcos Torquato Vale, avisou
que não poderia comparecer. Em abril deste ano, o júri popular foi novamente
adiado no dia em que foi marcado porque o réu desconstituiu, em plenário, o
advogado de defesa, Lucas Cavalcante de Lima. Fato que obrigou o juiz Luiz
Cândido Vilaça a decidir pelo adiamento. O júri popular estava marcado para o
dia 16 de novembro em Caicó, mas com a mudança de comarca será remarcado.
Entenda o casoFrancisco Gomes de Medeiros, o F. Gomes,
tinha 46 anos e trabalhava na rádio Caicó AM. Foi assassinado na noite de 18 de
outubro de 2010, deixando mulher e três filhos. Ele foi atingido por três tiros
de revólver na calçada de casa, na rua Professor Viana, no bairro Paraíba, em
Caicó. Vizinhos ainda o socorreram ao Hospital Regional de Caicó, mas F. Gomes
não resistiu aos ferimentos.

Radialista F. Gomes foi morto em 2010, em Caicó (Foto: Sidney Silva)
Segundo inquérito, concluído pela delegada Sheila Freitas, a
execução do radialista foi encomendada por R$ 10 mil. Contudo, R$ 8 mil foram
pagos. “Três mil foram pagos pelo pastor para que Dão pudesse fugir”, disse ela,
revelando que o dinheiro pertencia à igreja onde o o ex-pastor Gilson Neudo
pregava. O restante teria sido pago pelo tenente-coronel Moreira, "que juntou o
dinheiro após vender um triciclo", acrescentou Sheila. O dinheiro foi rastreado
com a quebra do sigilo telefônico e bancário dos investigados. Além de ser
apontado como o principal financiador do crime, o tenente-coronel Moreira também
teria razões suficientes para querer se vingar de F. Gomes. O promotor Geraldo
Rufino considera que as denúncias feitas com frequência pelo radialista levaram
ao afastamento do oficial quando este dirigiu, em meados de 2010, a
Penitenciária Estadual do Seridó, o Pereirão.
As denúncias, enfocando desmandos e atos do militar à frente da
unidade, foram tão graves que levaram o Ministério Público a instaurar uma
investigação contra Moreira. Outro acusado que teve participação decisiva na
articulação do crime, ainda segundo a delegada, foi o advogado Rivaldo Dantas,
considerado o principal elo de ligação entre os envolvidos. “O advogado foi o
elo entre o Gordo da Rodoviária, o pastor e o mototaxista Dão, além de também
ter forte amizade com o tenente-coronel Moreira. A partir daí, eles resolveram
matar F. Gomes”, afirmou. Ainda de acordo com Sheila, foi também pela forte
influência e domínio que Rivaldo tinha sobre Dão que o mototaxista foi
contratado para executar o serviço. “Dão é um sociopata. Para ele, matar é a
coisa mais comum do mundo. Ele viu a mãe se morta pelo padrasto quando criança.
Daí essa frieza dele”, emendou a delegada.
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