
Depois de idas e vindas na negociação entre governadores e
equipe econômica, os Estados e a União assinaram um acordo para a liberação
imediata para os entes federativos de metade dos valores arrecadados com a multa
do programa de repatriação de ativos no exterior, sem nenhuma contrapartida. Os
Estados, por sua vez, continuam prometendo enviar às suas assembleias
legislativas medidas de ajuste fiscal, para que possam receber aval do Tesouro
Nacional para novos pedidos de empréstimos no mercado a partir de janeiro.
Com o acordo, os governos estaduais retiraram os processos no
Supremo Tribunal Federal (STF) sobre a multa da repatriação e o Ministério da
Fazenda fará o repasse dos recursos na próxima segunda-feira, 12. Os valores
superam os R$ 5 bilhões e serão rateados entre todas as unidades da Federação,
conforme a divisão do Fundo de Participação dos Estados (FPE). O dinheiro é
crucial para que alguns governos consigam fechar as contas do ano, incluindo o
pagamento de 13º salário de servidores. O governo federal pretendia vincular a liberação à assinatura
de um pacto de austeridade, o que provocou revolta entre governadores, sobretudo
da região Nordeste, principal beneficiada no rateio do FPE. Agora, o compromisso
com as medidas de ajuste fiscal será condição para que os Estados possam receber
garantias da União em operações de crédito solicitadas a partir de 2017. Antes, o governo federal propunha uma série de medidas
uniformes para a correção da trajetória fiscal dos cofres estaduais, mas os
governadores se comprometeram a adotar ações de acordo com a realidade de cada
Estado. Um documento assinado por eles traz apenas linhas gerais do que deverá
ser seguido, sem especificações de implementação.
Por exemplo, todos enviarão a seus legislativos propostas de
criação de um teto para o crescimento dos gastos públicos por dez anos, mas
alguns entes poderão optar pela correção desse limite pela inflação – como
ocorre com o teto federal – enquanto outros poderão usar a variação da Receita
Corrente Líquida (RCL) como parâmetro. Haverá ainda uma negociação com os poderes estaduais para fixar
tetos, de forma individualizada, para os poderes Judiciário e Legislativo, os
Tribunais de Contas, o Ministério Público e a Defensoria Pública. Também é
consenso entre os Estados o encaminhamento de medidas para o aumento da
contribuição previdenciária dos servidores de 11% para 14% até 2019. No entanto,
nem todos os Estados se comprometem a cortar em até 20% o número de funcionários
comissionados.
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