
Presidente cassada Dilma Rousseff em Brasília - 02/07/2014 (Ueslei Marcelino/Divulgação)
A marqueteira Mônica Moura, delatora da
Operação Lava Jato, afirmou nesta segunda-feira em depoimento ao Tribunal
Superior Eleitoral (TSE) que tratou pessoalmente com a ex-presidente
Dilma Rousseff de repasses para a campanha da petista por meio
de caixa dois. As revelações de Mônica, casada com o
marqueteiro e também delator João Santana, foram feitas em depoimento por
videoconferência ao ministro Herman Benjamin, relator do processo que pode levar
à cassação da chapa Dilma-Temer, reeleita em 2014. De acordo
com Mônica, a reunião em que ela e Dilma trataram de caixa dois ocorreu por
volta de maio de 2014 no Palácio do Planalto, em Brasília. Na versão apresentada
pela publicitária, os contatos com o PMDB e com o então candidato a vice,
Michel Temer, se resumiam a preparações para os programas de
TV. Ao ministro Herman Benjamim, ela disse que não conversou sobre valores não
contabilizados com Temer.
Na campanha de Dilma Rousseff à reeleição, Mônica Moura afirmou
que, na primeira conversa com Dilma, ficou acertado que detalhes sobre
pagamentos não contabilizados ficariam sob responsabilidade do ex-ministro Guido
Mantega, que atuaria como operador do caixa paralelo de campanha. Conforme
revelou VEJA, desde que começou a negociar uma delação premiada na Operação Lava
Jato, João Santana e Mônica Moura se dispuseram a comprovar que a presidente
cassada autorizou, ela mesma, as operações de caixa dois de sua campanha. As
revelações jogam por terra uma versão mais amena de que Dilma apenas sabia do
que acontecia nos bastidores das finanças eleitorais. Segundo a marqueteira
afirmou ao ministro Herman Benjamin, a própria Dilma deu aval para que o caixa
clandestino funcionasse. Ao ministro do TSE, a delatora ainda garantiu que Dilma
sabia dos pagamentos realizados no exterior por meio de repasses da Odebrecht e
afirmou que, numa das conversas, demonstrou preocupação com a segurança e
vulnerabilidade dos pagamentos fora do Brasil.
Na última semana, João Santana já havia detalhado ao juiz
Sergio Moro a participação da Odebrecht como financiadora ilegal de campanhas
eleitorais e dito que o ex-ministro Antonio Palocci indicou a empreiteira como
uma espécie de caixa complementar da campanha. Segundo Santana, restos a pagar
do caixa dois da campanha de Dilma em 2010 foram quitados pela Odebrecht em 2011
por meio de repasses à offshore Shellbill, na Suíça. Em 2011, foram pagos 10
milhões de dólares no exterior, não só relativos à campanha de Dilma, mas também
à do ex-presidente da Venezuela Hugo Chávez, além de adiantamentos para as
campanhas municipais de Fernando Haddad à prefeitura de São Paulo e de Patrus
Ananias à prefeitura de Belo Horizonte. “Todos [no PT] sabiam [do caixa dois].
Os tesoureiros, os coordenadores de campanha. Era dito que os financiadores não
querem fazer dessa maneira, ‘não temos como fabricar dinheiro’, ‘existe uma
cultura’, existe uma doutrina de senso comum que o caixa dois existe dessa
maneira”, relatou João Santana a Sergio Moro na semana passada.
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