A Polícia Federal encontrou,
nesta terça-feira (5), uma grande quantidade de dinheiro em apartamento que
seria utilizado por Geddel Vieira Lima (PMDB-BA) em Salvador. O ex-ministro
cumpre prisão domiciliar na Bahia. A ação faz parte de
investigações sobre fraudes na liberação de créditos da Caixa Econômica
Federal. Geddel foi vice-presidente de Pessoa Jurídica do banco entre 2011 e 2013,
durante o governo de Dilma Rousseff. Depois, na gestão Temer, atuou como
ministro da Secretaria de Governo.
A polícia localizou as caixas
e malas de dinheiro em imóvel que fica na Rua Barão de Loreto, no bairro da Graça,
área nobre da capital baiana. O apartamento teria sido emprestado ao
ex-ministro para que guardasse os pertences do seu pai, já falecido. Durante as
investigações sobre Geddel, surgiu a suspeita de que ele estava usando o local
para esconder provas de atos ilícitos e dinheiro em espécie. A busca e apreensão no
apartamento foi autorizada pela 10ª Vara Federal de Brasília. No mandado
judicial, datado de 30 de agosto, consta que "há fundadas razões de que no
supracitado imóvel existam elementos probatórios da prática dos crimes
relacionados na manipulação de créditos e recursos realizadas na Caixa
Econômica Federal". A operação desta terça foi batizada de Tesouro
Perdido.
Um morador do edifício disse
ao G1 que viu quando os
policiais federais chegaram entre 6h e 7h desta terça-feira. Eles se dirigiram
ao segundo andar do prédio.
De acordo com a polícia, os
valores apreendidos serão transportados a um banco, onde será contabilizado e
depositado em conta judicial. O G1 entrou
em contato com a defesa de Geddel Vieira Lima às 11h55. Por meio da assessoria,
a informação é de que o advogado que representa o ex-ministro não podia falar
com a reportagem no momento por estar participando de uma audiência em
Brasília.
Réu
A Justiça Federal em Brasília aceitou, no
final de agosto, denúncia da Procuradoria da República no
Distrito Federal e transformou em réu o ex-ministro Geddel Vieira Lima por
obstrução de justiça. Geddel foi denunciado após a Operação Cui Bono, por tentativa de atrapalhar as
investigações sobre desvios no FI-FGTS, o fundo de
investimentos do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço.
De acordo com o MPF, entre
2011 e 2013, Geddel agia para beneficiar empresas com liberações de créditos e
fornecia informações privilegiadas para os outros membros da quadrilha que
integrava. A denúncia foi aceita pelo juiz Vallisney de Oliveira, da 10ª Vara
da Justiça Federal em Brasília.
Em nota divulgada após a
decisão da Justiça, a defesa de Geddel afirmou que: "Rechaça com veemência
as fantasiosas acusações contidas na denúncia, fruto de verdadeiro devaneio e
excesso acusatório. Tão logo notificado pelo juízo da 10ª Vara da Seção
Judiciária do Distrito Federal, será apresentada a peça de defesa, oportunidade
que demonstrará a inocorrência de qualquer ilícito e a necessidade de rejeição
da inepta e inverídica acusação." Trecho da
decisão que autorizou a PF a fazer busca e apreensão em endereço atribuído a
Geddel Vieira Lima (Foto: Reprodução)
A denúncia
Segundo a denúncia da
procuradoria, após as tratativas do operador Lúcio Funaro para fechar o acordo
de delação premiada, Geddel começou a atuar para atrapalhar as negociações. O
político fez contatos telefônicos constantes com a esposa de Lúcio Funaro,
Raquel Albejante Pita. Procuradores dizem que o objetivo
de Geddel era sondar como estava o ânimo do doleiro e garantir que ele não
fornecesse informações aos investigadores. "Com ligações
alegadamente amigáveis, intimidava indiretamente o custodiado, na tentativa de
impedir ou, ao menos, retardar a colaboração de Lúcio Funaro com os órgãos
investigativos Ministério Público Federal e Polícia Federal", reitera um
dos trechos da ação. Ainda segundo o MP, as
investidas de Geddel foram reveladas em depoimentos dados por Lúcio Funaro e a
esposa e confirmadas, posteriormente, por meio de perícia realizada pela
Polícia Federal no aparelho telefônico de Raquel Pita. Entre os dias 13 de maio
e 1º de julho de 2017, foram 17 ligações. Aos investigadores, o casal
também revelou ter ficado com receio de sofrer intimidações e retaliações por
parte de Geddel, uma vez que o político possuía influência e poder, inclusive
no primeiro escalão do governo.
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