
A decisão desta terça-feira da Segunda Turma
do Supremo Tribunal Federal (STF) de retirar do juiz
federal Sergio Moro os termos de delações que implicam o ex-presidente Luiz
Inácio Lula da Silva (PT) pode ter impacto nos recursos apresentados pela
defesa do petista no caso do tríplex do Guarujá, pelo qual ele foi
condenado a 12 anos e 1 mês de prisão - ele cumpre pena em Curitiba. Segundo especialistas, os advogados do ex-presidente devem
argumentar mais uma vez que Moro e a 13ª Vara Criminal de Curitiba não têm
competência para julgar o caso do apartamento, sob a alegação de que não
envolvem fatos diretamente relacionados ao esquema de corrupção instalado na
Petrobras. Foi esse o argumento usado pela Segunda Turma nesta terça para tirar
de Moro as colaborações da Odebrecht ligadas a Lula.
Para Adib Abdouni, advogado constitucionalista e
criminalista, essa seria a saída mais lógica para a defesa, que já apelou para
argumentos como esses em outros momentos. O próprio Moro afirmou, ao
julgar os embargos da defesa de Lula no caso, que não havia relação direta entre
a corrupção na estatal petrolífera e o imóvel no Guarujá. "Este Juízo
jamais afirmou, na sentença ou em lugar algum, que os valores obtidos pela
construtora OAS nos contratos com a Petrobras foram utilizados para pagamento
da vantagem indevida para o ex-presidente", diz o magistrado na sentença. "Se uma matéria dessa infringe o Código de Processo
Penal, ou seja, se não se atentou efetivamente para o juiz competente para
processar e julgar, isso pode até ser causa de anulação do processo como um
todo", diz Fernando Castelo Branco, criminalista e coordenador do curso de
pós-graduação de direito penal, da Faculdade de Direito do IDP-São Paulo.
"Se um juiz incompetente recebeu uma denúncia, proferiu uma condenação e
isso foi julgado por uma instância superior derivada dessa originária
incompetente, é óbvio que nós temos um processo totalmente viciado",
afirmou.
O advogado adverte, contudo, que é preciso analisar com
minúcia todo o processo e as sentenças emitidas pela 13ª Vara Federal de
Curitiba. "Pressupor tudo isso pode ser dar um passo muito largo nesse
momento, mas não podemos desconsiderar", completa. Se uma matéria dessa infringe o Código de Processo Penal, ou
seja, se não se atentou efetivamente para o juiz competente para processar e
julgar, isso pode até ser causa de anulação do processo como um todo. Fernando Castelo Branco, coordenador da pós-graduação de
direito penal do IDP-SP. O próprio ministro Gilmar Mendes, do STF, reconheceu
nesta terça-feira que a defesa do petista pode entrar com recursos para retirar
de Moro processos contra o ex-presidente.
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