Quase a totalidade dos estados brasileiros gastou em
2017 mais da metade de sua arrecadação líquida com servidores públicos na
ativa, aposentados e pensionistas, segundo dados fornecidos pelos governos estaduais
e disponibilizados recentemente pela Secretaria do Tesouro Nacional. Somente três unidades da federação (Distrito
Federal, Goiás e Sergipe) desembolsaram menos que 50% da receita líquida com
esses servidores no ano passado. Em 2016, eram cinco: Distrito Federal, Amapá,
Ceará, Mato Grosso do Sul e Sergipe. Há casos de estados em que os gastos com os
servidores ativos, inativos e pensionistas superaram a marca de 60% da receita
corrente líquida em 2017, como Minas Gerais (60%), Rio de Janeiro (65%), Tocantins
(66%) e Roraima (77%).
Gastos dos estados com servidores ativos e aposentados em 2017
Em % da receita corrente líquida (Executivo, Legislativo, Judiciário e MP)
RJ
65
65
Fonte: Tesouro Nacional
Essa conta considera os gastos com servidores de
Executivo, Legislativo, Judiciário e Ministério Público dos estados. A Lei de
Responsabilidade Fiscal, porém, estabelece limites individuais para cada um dos
poderes. Considerados cada um dos poderes individualmente,
apenas o Executivo estadual supera o limite da LRF, que é de até 49% dos gastos
com pessoal. Isso acontece nos seguintes estados: Santa Catarina, Minas Gerais,
Acre, Tocantins, Rio de Janeiro e Roraima. A receita corrente líquida, considerada para efeitos
do cálculo, abate os repasses constitucionais feitos aos municípios e a
contribuição dos servidores para o custeio do seu sistema previdenciário. Gastos dos estados com servidores ativos e
aposentados em 2017
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Impacto nos serviços públicos
Os estados brasileiros são responsáveis por atuar em
parceria com os municípios no ensino fundamental, por agir nos atendimentos
especializados de saúde e de alta complexidade, além de serem os principais responsáveis
pela segurança pública e pelo sistema prisonal. Além da arrecadação própria, também recebem repasses
de recursos do governo federal. Para os despesas com saúde e educação, os estados
são obrigados a gastar, respectivamente, 12% e 25% de sua receita corrente
líquida, segundo a Constituição Federal. Entretanto, há estados, como
o Rio de Janeiro, por exemplo, acusados de não cumprir esse piso
constitucional, que
tiveram de atender esse requisito por determinação judicial. O estado
de São
Paulo contabilizou despesas com previdência de inativos nas contas de
investimentos com educação, o que gerou uma ressalva em suas contas, apesar
de ter cumprido a meta de investimentos determinados pela Constituição na área. Para as outros setores, como segurança pública, por
exemplo, não há um piso constitucional definido.
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Custeio e Investimentos
O detalhamento feito pelo Tesouro Nacional mostra
também que, com alto valor gastos com servidores, as despesas com
custeio também são afetadas. No ano passado, representaram de 18% a 28%,
mas neste caso da receita total. O custeio engloba gastos com remédios, gasolina,
material de expediente, uniformes, fardamento, assinaturas de jornais e
periódicos; tarifas de energia elétrica, gás, água e esgoto; serviços de comunicação
(telefone, telex, correios); fretes e carretos; locação de imóveis, entre
outros.
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