
Morreu por volta das 21h30 deste sábado, aos 76 anos de
idade, por complicações do diabetes, o ex-subsecretário de Segurança Pública do
Rio Grande do Norte, delegado aposentado da Polícia Civil, Maurílio Pinto de
Medeiros. Ele estava internado, desde o dia 22 de março, na Unidade de Terapia
Intensiva (UTI) da Casa de Saúde São Lucas, onde teve a perna amputada, após
uma infecção. Maurílio chegou a precisar de doações de sangue e seu estado de
saúde era considerado estável até sexta-feira.

O velório
terá início às 6 horas deste domingo no Centro de Velório da rua São José, com
missa às 15 e sepultamento às 16 horas, no cemitério Morada da Paz, em Emaús.
Maurílio deixa mulher (Clarissa) e quatro filhos (Ana Cláudia, Adriana,
Maurílio Júnior e Fabiana). Neste sábado,
chegaram a noticiar durante à tarde, nas redes sociais, que Maurílio havia
falecido. A família desmentiu o boato, mas admitiu que o quadro de saúde do
delegado era gravíssimo.
/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_59edd422c0c84a879bd37670ae4f538a/internal_photos/bs/2018/e/x/y3fU59TkWekLm1BEC4fw/maurilio-pinto-por-caninde-soares.jpg)
Segundo Ana
Cláudia Medeiros, filha mais velha de Maurílio, antes da internação hospitalar,
seu pai vinha se queixando de dores no pé, após sofrer uma pancada. “Percebemos
que o ferimento estava piorando a cada dia, chegando inclusive a inflamar.
Resolvemos, então, levá-lo ao hospital para iniciar o tratamento. O problema é
que, devido ao diabetes, ele já apresentava problemas de circulação. Também não
estava respondendo satisfatoriamente à medicação. Foi quando os médicos
resolveram amputar um dos dedos do pé esquerdo. Só que o problema circulatório
continuou e aí foi preciso amputar a perna. Ele chegou a ser entubado e
precisou de doações de sangue. A partir daí, vinha se recuperando bem, até ter
essa piora”, relatou.
De acordo com
ela, desde que Maurílio se aposentou, em 2011, vinha mantendo uma rotina
tranquila. “Devido à limitação de mobilidade, por conta do AVC, que comprometeu
os movimentos do lado esquerdo, meu pai preferia ficar em casa, curtindo os
filhos, netos e bisneta. Sempre estava lendo alguma coisa em seu escritório,
recebendo amigos e se atualizando nos fatos cotidianos. Nunca deixou de ajudar
a quem lhe pedisse um favor”. Desde que começou a
carreira na polícia, em 1964, como motorista do pai – coronel PM Bento Manoel
de Medeiros -, a trajetória de vida de Maurílio Pinto de Medeiros foi sempre
marcada com êxito no seu trabalho de investigar e elucidar crimes diversos, desde
assassinatos a sequestros. Para ele, que
dizia não temer a morte, somente a covardia humana, não existia crime sem
solução. Era contra a pena de morte, mas defendia leis mais duras contra os
bandidos. De voz mansa e olhar penetrante, Maurílio foi um policial nato, onde
parecia prevê algo, antes de delegar alguma missão a sua equipe de agentes. Na
maioria das ‘botadas’ (investidas) que dava, quadrilhas inteiras eram presas.
Considerado o
maior delegado do Rio Grande do Norte, ele dedicou 47 anos ininterruptos à
Polícia Civil, onde deixa um legado de competência, talento e honestidade. Mesmo após
ter sofrido um acidente vascular cerebral (AVC), há 17 anos, o “Xerife” –
apelido que recebeu dos colegas, após receber o título de xerife e uma insígnia
em forma de estrela, durante um curso no Texas (EUA), em 1997 – seguiu no
comando da Delegacia Especializada em Capturas e Polinter (DECAP), levando à
prisão, inúmeros criminosos de alta periculosidade. Maurílio também coordenou a
Central de Inteligência da Secretaria de Segurança Pública do RN.
“Mão
Branca”
Em 2001, o
ex-presidente do Conselho Estadual de Direitos Humanos do Rio Grande do Norte,
Roberto de Oliveira Monte, acusou Maurílio Pinto, de chefiar um grupo de
extermínio responsável por dezenas de mortes, entre as quais a do advogado
Gilson Nogueira Carvalho. O advogado foi morto com 17 tiros no dia 20 de
outubro de 2001, após denunciar assassinatos e torturas cometidas supostamente
por agentes policiais.
A partir daí,
o Ministério Público criou uma comissão de investigação independente que, após
ouvir mais de 100 testemunhas, teria concluído que “a Polícia Civil e
funcionários da Secretaria de Segurança Pública haviam cometido os crimes
investigados” e classificou os acusados como integrantes de um grupo de extermínio
conhecido como “Meninos de Ouro”, comandado por Maurílio, na época
secretário-adjunto de Segurança Pública.
Em 1997, o então
ministro da justiça, Nelson Jobim, pediu ao governador Garibaldi Alves Filho, a
exoneração de Maurílio da chefia da Polícia Civil. A solicitação foi atendida
pelo chefe do Executivo. O delegado
admitiu alguns erros – ‘mesmo sem maldade’ -, fazer escutas telefônicas sem
autorização judicial, mas negou veementemente comandar o suposto grupo de
extermínio (Mão Branca). Contudo, em
caso de revide, por parte do crime, Maurílio era incisivo ao concordar que
‘bandido bom é bandido morto’. Em 2014, ele
foi inocentado da denúncia de improbidade administrativa em consequência dos
grampos telefônicos.
Nenhum comentário:
Postar um comentário