
A
Justiça condenou os desembargadores aposentados Osvaldo Cruz e Rafael Godeiro a
15 e 7 anos e meio de prisão, respectivamente. Os dois foram condenados por
desvios de recursos de precatórios do Tribunal de Justiça do Rio Grande do
Norte. A decisão é do juiz Ivanaldo Bezerra, que determinou ainda que cada um
devolva R$ 3 milhões aos cofres públicos. Os desembargadores podem recorrer em
liberdade. O
juiz negou o pedido do Ministério Público Estadual para cassar a aposentadoria
dos desembargadores.
Osvaldo
Cruz foi condenado por peculato e lavagem de dinheiro a 15 anos de prisão em
regime fechado e 550 dias-multa. Ele teria participado dos desvios de recursos
de 2007 a 2012. Rafael
Godeiro foi condenado por peculato a 7 anos e meio de prisão em regime
semiaberto e 250 dias-multa. Ele teria participado dos desvios de recursos de
2009 a 2012.
Os
desvios no TJRN
As
investigações do Ministério Público Estadual apontaram que o esquema de desvios
de recursos do setor de precatório do Tribunal de Justiça começou em 2007,
quando Osvaldo Cruz era presidente do TJRN. O esquema foi desbaratado em 2012
com as prisões da ex-chefe da Divisão de Precatórios do TJRN Carla de Paiva
Ubarana Araújo Leal e o marido dela, George Leal. Ambos foram presos em
fevereiro de 2012, em Recife. Em 2013, o casal foi condenado por fraudes na
divisão de Precatórios do TJRN. Segundo a denúncia do Ministério Público, Carla
encabeçava o esquema que desviou R$ 14.195.702,82 do TJ.
Ubarana
foi condenada inicialmente a 10 anos, 4 meses e 13 dias, mais 386 dias-multa em
regime fechado. George Leal pegou pena de 6 anos, 4 meses e 20 dias, mais 222
dias-multa em regime semiaberto. Os dois foram condenados por peculato. O casal
devolveu R$ 6 milhões em bens à Justiça.
Aposentadoria
compulsória
O
processo dos desembargadores envolvidos no esquema foi para o Superior Tribunal
de Justiça. Contudo, em 2013, o CNJ condenou Osvaldo Cruz e Rafael Godeiro à
aposentadoria compulsória. Com essa decisão, os dois perderam direito ao foro
privilegiado e, consequentemente, às prerrogativas de serem julgados pelo STJ.
Assim, foi determinada a devolução do processo ao tribunal de 1ª instância, no
caso o Tribunal de Justiça do Rio Grande do Norte.
Condenação
no TCE
Em
outubro do ano passado, o Tribunal de Contas do Estado (TCE) condenou os dois
desembargadores e outras oito pessoas, incluindo a ex-chefe do
setor de precatórios do TJRN Carla Ubarana, e o marido dela, George Leal, e
mais a empresa Glex Empreendimentos e Serviços Exclusivos Ltda pelo esquema de
desvio de mais de R$ 14 milhões do setor de precatórios do tribunal. As partes
foram condenadas a devolver, cada uma, o valor desviado além de multa a ser
calculada com base nesse montante.
De
acordo com a sentença do TCE, Rafael Godeiro deve devolver R$ 5.458.826,16,
além de pagar uma multa de 12% dessa quantia, o que corresponde a R$
655.059,14. Já Osvaldo Cruz, precisa devolver R$ 3.063.430,47 e pagar multa de
10% do valor, ou seja, mais R$ 306.343,05. Carla
Ubarana e George Leal foram igualmente condenados à devolução de R$
14.195.702,82 aos cofres públicos. Com relação à multa, a ela foi aplicada em
10% do valor total, e a ele, 8%. R$ 1.419.570,28 e R$ 1.135.656,23,
respectivamente
Além
das devoluções, os desembargadores ainda estão proibidos de ocupar cargos
públicos por seis anos. Carla e George também estão proibidos de exercer
funções públicas, estes por oito anos. O
processo no TCE, no entanto, se refere às questões administrativas relacionadas
a atuação dos envolvidos nos cargos públicos, diferentemente do processo que
corre no Tribunal de Justiça.
Operação
Judas
O
esquema de corrupção no TJ foi investigado pelo Ministério Público Estadual,
que desencadeou a Operação Judas. Após acordo de delação
premiada, Carla e George assumiram a autoria dos crimes e citaram que tudo
ocorria sob o consentimento dos ex-presidentes do TJRN, os desembargadores
Osvaldo Cruz e Rafael Godeiro. Em 2013, ambos foram afastados da Corte potiguar
pelo Conselho Nacional de Justiça e aposentados compulsoriamente.
*Confira AQUI a integra da condenação.
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