
A Selic está neste mesmo patamar desde março, o menor da história do país (./iStock)/VEJA
Em decisão unânime, o Comitê de Política Monetária (Copom)
do Banco Centraldecidiu manter a taxa básica de juros em 6,5% ao ano na
reunião finalizada nesta quarta-feira. A Selic está
neste mesmo patamar desde março, o menor da história do país. Pesou na decisão dos membros do Copom a análise de
que a pressão inflacionária causada pela greve de maio dos caminhoneiros foi
transitória, não havendo dessa forma motivo para mudar a taxa de juros neste
momento. “A inflação do mês de junho refletiu os efeitos
altistas significativos da paralisação no setor de transporte de cargas e de
outros ajustes de preços relativos. Dados recentes corroboram a visão de que
esses efeitos devem ser temporários. As medidas de inflação subjacente ainda
seguem em níveis baixos, inclusive os componentes mais sensíveis ao ciclo
econômico e à política monetária”, afirma o Copom em relatório divulgado após a
reunião.
O órgão afirma que decidiu manter a taxa em 6,5% ao
ano “considerando o cenário básico, o balanço de riscos e o amplo conjunto de
informações disponíveis”. “O comitê entende que essa decisão reflete seu
cenário básico e balanço de riscos para a inflação prospectiva e é compatível
com a convergência da inflação para a meta no horizonte relevante para a
condução da política monetária, que inclui o ano-calendário de 2019.” No texto, o órgão sinaliza que a Selic deve ser
mantida em 6,5% nas próximas reuniões. O mercado prevê que a taxa permaneça
nesse patamar até o começo do próximo ano. “Na avaliação do Copom, a evolução
do cenário básico e do balanço de riscos prescreve manutenção da taxa Selic no
nível vigente.”
Repercussão
O presidente em exercício da Federação das
Indústrias de São Paulo, José Ricardo Roriz, afirma que a queda da Selic ainda não
foi plenamente percebida nos custos dos empréstimos. “São cruciais, portanto,
medidas que reduzam o elevado custo do crédito, refletido nos elevados spreads
bancários, que há várias décadas é um dos mais altos do mundo. Para reduzir o
alto custo do crédito, é necessário adotar medidas que combatam de fato a baixa
concorrência no sistema bancário brasileiro.”
Para a Confederação Nacional das Indústrias
(CNI), o aumento das incertezas com a aproximação das eleições e seus
impactos na taxa de câmbio influenciaram a decisão do Banco Central. O
presidente da CNI, Robson Braga de Andrade, diz em nota que “uma redução dos
juros neste momento seria importante para estimular o consumo das famílias e os
investimentos das empresas e contribuiria para a recuperação mais robusta da
economia”. “A manutenção dos juros em níveis baixos, sem impactos na inflação,
exige que o próximo governo aprofunde o ajuste fiscal”, diz o presidente da
CNI.
Já a Federação das Indústrias do Rio de Janeiro
(Firjan) afirma que a decisão de manter a taxa básica de juros em 6,50% ao ano
foi acertada, pois a “atividade econômica ainda se recupera de maneira lenta, a
geração de empregos formais mostrou um inesperado saldo negativo em junho e,
além disso, as expectativas de inflação seguem abaixo da meta estabelecida”. “A verdade é que não há espaço para remendos na
política econômica. Por isso, a Firjan reitera que precisamos retomar a agenda
de reformas estruturais. Esse será o fator decisivo para a recuperação da
atividade econômica, com inflação e juros em patamares baixos”, afirma a
Firjan.
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