
JOSÉ ALDENIR/AGORA RN
O deputado estadual Galeno Torquato (PSD/RN) foi
condenado pela Justiça Federal por praticar atos de improbidade administrativa
enquanto exercia o cargo de prefeito da cidade de São Miguel, a 429km de Natal.
Além do deputado, também foram condenadas outras cinco pessoas e três
construtoras.
De acordo com a denúncia do Ministério Público
Federal, Galeno e os demais envolvidos participaram, em 2010, de um
esquema que desviou recursos públicos destinados à construção de uma Unidade
Básica de Saúde. Aproximadamente R$ 34 mil foram recebidos pelo Município
de São Miguel, através de um convênio celebrado com o Ministério da Saúde, e
deveriam ter sido usados para custear a construção da unidade. O então prefeito da cidade não realizou a licitação
pública exigida por lei e, ainda segundo o MPF, repassou parte da verba para
uma empresa “escolhida a dedo”. A beneficiada foi a Construser Construção e
Serviços de Terraplanagem Ltda, administrada por José Audísio de Morais.
Na tentativa de ocultar o desvio de dinheiro
público, o ex-prefeito contou com a ajuda do ex-presidente de sua Comissão
Permanente de Licitação (CPL), Walkei Paulo Pessoa Freitas, que forjou uma
série de documentos para fazer crer que a escolha da empresa teria ocorrido através
de uma licitação, tentando dar “aparência de legalidade” à contratação. As
irregularidades foram descobertas através do trabalho da Corregedoria-Geral da
União (CGU).
A partir das investigações, mais atividades
suspeitas envolvendo a Construser vieram à tona. Entre elas, o fato de a
organização já ter sido contemplada em outras licitações, inclusive com
empresas administradas por familiares de José Audísio. O esquema também
envolveu vínculos empresariais e beneficiou uma terceira pessoa jurídica – a Construtora
Aurorense, administrada pelo réu Francisco Barbosa Lima. Para o Ministério Público Federal, “a participação
das mesmas empresas, que, por sua vez, eram administradas por familiares e
parceiros comerciais, em várias cartas convites, alternando-se apenas as
vencedoras, sinaliza que os agentes públicos do Município de São Miguel atuaram
efetivamente em todo o esquema”.
O desvio dos recursos fez com que o posto de saúde
não fosse concluído como previsto. O engenheiro do município na época, Antônio
Lisboa Sobrinho, até assinou o Termo de Recebimento Definitivo da Obra, mas uma
visita da CGU comprovou que ocorreu superfaturamento. O Ministério da Saúde
utilizou essas informações para exigir que Galeno Torquato restituísse parte
dos recursos que correspondiam à parcela inacabada da obras, no total de cerca
de R$ 24 mil. No entanto, o ex-prefeito não cobrou tais valores da empresa
contratada, fazendo a devolução, segundo afirmou, com recursos próprios, o que,
porém, não foi comprovado.
Sentença
Walkei Paulo Pessoa Freitas, Francisco Barbosa Lima
e Alberico Medeiros Martins, sócio-administrador da empresa Constep
Construção e Serviços de Terraplanagem, foram condenados a pagar multa
civil no valor de R$ 10 mil, não poderão contratar com o Poder
Público por cinco anos, e ainda tiveram os direitos
políticos suspensos pelo mesmo período. As construtoras Constep e Aurorense
também foram sentenciadas a pagar multas no valor de R$ 10 mil
cada, além de impedidas de negociar com o Poder Público por cinco
anos.
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