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sexta-feira, 4 de janeiro de 2019

MORENO/PE: DUPLO HOMICÍDIO EM MORENO: UMA TRAGÉDIA ANUNCIADA

Alex Gabriel, de 11 anos, e Maria Alice, de 13, foram mortos a facadas na casa da família, no bairro de Vila Holandesa, em Moreno. Foto: Cortesia
Alex Gabriel, de 11 anos, e Maria Alice, de 13, foram mortos a facadas na casa da família, no bairro de Vila Holandesa, em Moreno. Foto: Cortesia
Família desestruturada, padrasto viciado em drogas e traficante, além de um longo histórico de violência doméstica e ameaças à mãe, que queria a separação e não conseguia. Era assim que quatro crianças viviam na pequena casa na Vila Holandesa, bairro pobre da cidade de Moreno, quando um ataque de fúria de Robson José dos Prazeres, de 28 anos, resultou na tragédia que chocou Pernambuco. Após chegar transtornado em casa por volta das 4h30 desta quinta-feira (3), Robson matou a golpes de faca os enteados Alex Gabriel dos Santos, 11 anos, e Maria Alice do Nascimento dos Santos, 13 anos. O duplo homicídio ganhou contornos ainda mais dramáticos quando a testemunha do crime, uma irmã das vítimas, de apenas 9 anos, que é filha biológica de Robson, conseguiu relatar as cenas de terror após fugir e se abrigar na casa de uma vizinha.

As crianças dormiam sozinhas em beliches em um quarto da casa quando Robson chegou de madrugada. A mãe dos garotos, Géssica Maria do Nascimento, de 28 anos, estava trabalhando em Jaboatão dos Guararapes como cuidadora de um tio com necessidades especiais. Assim que chegou, o autuado tentou estuprar Maria Alice, mas o irmão de 11 anos tentou impedir o crime. “Ele disse: ‘não faça isso com minha irmã’. Só que Robson se apoderou de uma faca e deu uma facada na parede e logo depois golpeou o menor”, afirmou o delegado Petrúcio Jucá, da Delegacia de Plantão de Prazeres. Gravemente ferido nas costas, Alex fugiu do quarto, cambaleou alguns metros e tombou na entrada de casa. Maria Alice ainda tentou acalmar o padrasto e evitar que tragédia fosse ainda maior: “A irmã, ao presenciar aquilo, disse a ele: ‘Não faça isso, que eu faço o que você quiser’. Mas, logo depois, ele a pegou pelos cabelos e a golpeou”, acrescentou o delegado. Atacada no quarto, a garota também conseguiu deixar a casa, mas seu corpo foi encontrado no meio da rua, a 20 metros de distância, o que denota que Robson a alcançou. Testemunhas das mortes dos próprios irmãos, uma menina de 9 anos e um garoto de 6 anos, filhos biológicos de Robson e Géssica, conseguiram deixar a casa, àquela altura com o piso completamente ensanguentado, e pediram ajuda na casa de vizinhos, que chamaram a polícia. Robson ainda tentou fugir, mas foi preso por uma equipe da Polícia Militar a cerca de 500 metros do local do crime. Visivelmente transtornado e sob efeito de drogas, ele foi agredido por moradores e atendido com um sangramento no rosto. Mal conseguia falar.
Duplo homicídio ocorreu dentro da casa da família, em Moreno. Imagem: reprodução TV Clube
De acordo com major José Leandro, do 25º Batalhão da PM, Robson integra um grupo criminoso conhecido como Os Alagoanos, que atua no tráfico de drogas e em homicídios naquele trecho da Região Metropolitana do Recife. “Provavelmente, ele (Robson) é o responsável por uma boca de fumo”, situa o major. Ele já foi preso por roubo. Luto e sonhos perdidos Abatida e confortada por parentes, Géssica informou que os filhos estavam na casa da avó enquanto ela cuidava do tio, mas eles quiseram voltar para casa. O delegado que investiga o caso afirmou que ainda é cedo para saber se os pais das crianças serão responsabilizados por abandono de incapaz, já que elas estavam sozinhas na hora do duplo homicídio. “A mãe não tem condição de ser ouvida nesse momento. O que a gente tem até agora é que ela estava na casa desse tio cuidando dele pra poder ajudar na situação da renda familiar. Isso ainda está sendo apurado”. Géssica lembrou, emocionada, que Maria Alice sonhava em ser advogada e Alex queria ser um policial. 

A mãe disse que já denunciou Robson pelas constantes agressões sofridas em casa, mas diz que ele desrespeitava a medida protetiva concedida através da Lei Maria da Penha. Cansada de apanhar do marido, que não aceitava a separação, ela planejava se mudar com os filhos para São Paulo. A viagem de libertação já estava agendada para maio deste ano. “Ele sabia e acho que não aceitou”. A família não teve condições de custear o funeral dos irmãos e teve que receber ajuda da assistência social do município de Moreno.

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