Com foco nos altos custos do sistema prisional, a Comissão de
Constituição e Justiça ( CCJ ) do Senado aprovou nesta quarta-feira dois
projetos que determinam a participação dos presos na produção de serviços e
bens para ajudar a pagar sua passagem pela cadeia. O primeiro, de autoria do
senador Waldemir Moka (MDB-MS), obriga o preso a ressarcir o Estado pelos
gastos com sua manutenção no presídio. O segundo, proposto pelo senador Eduardo
Braga (MDB-AM), prevê a construção, em municípios de 500 mil habitantes ou
mais, de colônias agrícolas para o cumprimento de penas por crimes cometidos
sem violência, no regime semiaberto. Os dois projetos foram aprovados em
caráter terminativo na CCJ e deverão ir direto para a Câmara, sem passar pelo
plenário do Senado.
Segundo o relator do projeto de Moka, Ronaldo Caiado (DEM-GO), o custo
médio de cada preso hoje sustentado pelos contribuintes é de R$ 2.440,00 por
mês. A proposta altera a Lei de Execução Penal (LEP) para prever que o
ressarcimento é obrigatório, independentemente das circunstâncias, e que se não
possuir recursos próprios, ou seja, se for hipossuficiente, o apenado pagará
com trabalho. O senador sul mato-grossense argumenta que a ociosidade dos
presos os levam a cooptação pelas facções e ao crime organizado.— Quero
combater a ociosidade, que tem levado os presos a serem presas fáceis das
facções que estão hoje infestando nossos presídios — afirmou Moka. Caiado
incorporou em seu relatório duas emendas da líder do MDB, Simone Tebet (MS),
determinando que, quando o preso tiver condições financeiras, mas se recusar a
trabalhar ou pagar, seu nome seja inscrito na dívida ativa da Fazenda Pública.
Além disso, o hipossuficiente que, ao final do cumprimento da pena, ainda tenha
restos a pagar por seus gastos, terá a dívida perdoada ao ser colocado em
liberdade.
Segundo a líder do MDB, a Lei de Execuções Penais já determina que o
preso condenado é obrigado a trabalhar na medida de suas aptidões e capacidade,
com uma jornada que não poderá ser inferior a seis nem superior a oito horas e
com direito a descanso nos domingos e feriados.
— A proposta detalha essa forma de cumprimento e não inventa a roda —
disse Simone Tebet. Com o mesmo tema, a CCJ também aprovou por unanimidade
projeto que que determina a construção de colônias penais agrícolas,
industriais ou similares nos municípios com mais de 500 mil habitantes,
exclusivamente, para condenados por crimes cometidos sem violência ou grave
ameaça.
— Este projeto pretende contribuir para que os presos tenham a
oportunidade de aprender um ofício, trabalhar, produzir, conquistar seu sustento,
recuperar sua autoestima e retornar ao convívio social — defendeu o autor do
projeto, senador Eduardo Braga. Braga diz ainda que a proposta evita que presos
de menor periculosidade tenham contato com presos de maior periculosidade. A
proposta fixa um prazo até 31 de dezembro de 2020 para a construção das
unidades — agrícolas, indústrias ou similares — que deverão ser erguidas em
municípios com mais de 500 mil habitantes. O número de vagas em cada uma das
colônias será proporcional ao número de habitantes de cada município.
Nenhum comentário:
Postar um comentário