José Dirceu chega à PF, em Curitiba, para cumprir pena pela segunda condenação na Lava Jato — Foto: Ramon Pereira/RPC
O ex-ministro José Dirceu se entregou à Polícia Federal (PF), em
Curitiba, na noite desta sexta-feira (17) para cumprir pena de 8 anos e 10
meses pela segunda condenação dele na Operação Lava Jato. Ele chegou à Superintendência da PF por volta das 21h30. Na tarde de
quinta-feira (16), o juiz federal Luiz Antonio Bonat mandou prender o
ex-ministro e estipulou que ele se entregasse até às 16 h desta sexta. No entanto, ele não obedeceu ao prazo estipulado.
A defesa alegou
que Dirceu não cumpriu o horário estabelecido porque viajou de carro, de
Brasília (onde mora) para Curitiba. Como manifestou disposição em se apresentar
à PF, ele não foi considerado foragido após as 16 h. A determinação da prisão foi feita depois que o Tribunal Regional
Federal da 4ª Região (TRF-4) negou, por unanimidade, um recurso da defesa, que
pedia prescrição da pena pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de
dinheiro. Mesmo com a prisão sendo executada, a defesa do ex-ministro ainda pode
recorrer ao Supremo Tribunal Federal (STF) e ao Superior Tribunal de Justiça
(STJ). Os advogados também podem tentar um último recurso, chamado de embargos
dos embargos, no próprio TRF-4.
Prazo
No fim da tarde, com o fim do prazo estipulado pelo juiz, a defesa entrou
com uma petição no processo e informou que José Dirceu estava a caminho de
Curitiba. No documento, os advogados ressaltaram que ele se apresentaria ainda
nesta sexta-feira. "Esclarece, contudo, que pela distância entre Brasília e Curitiba e
pelo mau tempo, o condenado, que saiu de carro, durante a madrugada, da Capital
Federal, não conseguirá chegar até as 16 h.
A Defesa não informou o provável
horário de chegada, mas comprometeu-se a fornecer maiores informações assim que
tiver uma previsão mais concreta", disse o juiz em despacho. Diante do pedido, Bonat informou que não caberia mais a ele aceitar o
pedido por um novo prazo para que Dirceu se entregasse. Segundo o juiz, a
decisão cabe ao juiz da execução penal. "Detalhes para a entrega do preso, inclusive quanto à dilação do
horário para tanto, devem ser requeridos àquele Juízo, razão pela qual deixo de
examinar o pleito da Defesa", afirmou.
José Dirceu foi condenado em dois processos da Operação Lava Jato — Foto: Foto: Dida Sampaio/Estadão Conteúdo
Duas condenações
Dirceu foi condenado por corrupção e lavagem de dinheiro em 2017em
um processo que investigou recebimento de propina em um contrato com a empresa
Apolo Tubulars para o fornecimento de tubos para a Petrobras, entre 2009 e
2012. O ex-ministro ficou preso em Curitiba entre agosto de 2015 e maio de
2017, cumprindo pena pela primeira condenação que recebeu na Lava Jato. O STF concedeu a ele um habeas corpus e o direito de aguardar o
julgamento dos recursos desse processo com monitoramento por tornozeleira
eletrônica. Em 2018, depois que os recursos foram julgados, Dirceu voltou à prisão.
Ele foi solto novamente em junho de 2018, após uma determinação da Segunda
Turma do STF, que considerou que ele deveria aguardar em liberdade até que os
recursos fossem julgados pelo STJ. No primeiro processo, o ex-ministro foi condenado por corrupção ativa,
lavagem de dinheiro e organização criminosa.
Andamento do processo da segunda condenação
- A pena estipulada na primeira instância, no Paraná, havia sido
de 11 anos e 3 meses;
- Na apelação, a 8ª Turma do TRF-4 decidiu, por maioria, reduzir
o tempo para 8 anos e 10 meses;
- Um dos desembargadores, Victor dos Santos Laus, proferiu um tempo
menor de prisão, e a defesa entrou com recurso de embargos infringentes,
na 4ª Seção do tribunal;
- Primeiro julgamento na 4ª Seção negou o pedido para reduzir a
pena;
- O ex-ministro também tentou anulação ou a reforma da sentença, com recurso na 8ª Turma, o que foi negado.
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