O Governo do Rio Grande do Norte afirmou que não vai pagar as dívidas de
2018, inscritas nos restos a pagar, com os recursos que entrarem nas contas do
Estado ao longo deste ano. Os valores são de cerca de R$ 2,4 bilhões e não têm
prazo estimado para serem quitados. A administração, entretanto, nega que o ato
seja um calote nos fornecedores. A Resolução 02 de 2019, publicada pelo
Comitê de Gestão e Eficiência da gestão no Diário Oficial do Estado nesta
quinta-feira (13), afirma que as receitas correntes do exercício de 2019
deverão ser utilizadas exclusivamente para o pagamento de despesas públicas do
exercício de 2019. Pagamentos de despesas de anos anteriores só serão
feitos após autorização do comitê, "mediante justificativa plausível do
ordenador de despesa primário relativo a necessidade do pagamento para manter
regular a continuidade do serviço público".
Ainda de acordo com a resolução, a medida visa a manutenção da
"regularidade da atividade administrativa" do Governo. Na
argumentação, o governo afirma que "o fiel cumprimento da ordem
cronológica de pagamento nos termos da Resolução nº 32/2016 do Tribunal de
Contas do Estado do Rio Grande do Norte (TCE-RN), num cenário em que R$ 2,4
bilhões foram inscritos em restos a pagar em 31 de dezembro de 2018 sem lastro
financeiro para sua cobertura, poderá ocasionar paralisação das atividades
operacionais". Assinaram a resolução o secretário chefe do
Gabinete Civil, Raimundo Alves Júnior, o secretário de Planejamento e Fianças,
José Aldemir Freire, a secretária de Administração, Maria Virgínia Ferreira
Lopes, o secretário de Tributação, Carlos Eduardo Xavier, o controlador geral
Pedro Lopes de Araújo Neto e Luiz Antônio Marinho da Silva, procurador-geral do
Estado.
De acordo com a assessoria de imprensa do governo estadual, a medida
representa um calote, mas uma quebra da ordem cronológica de pagamento dos
fornecedores - quando dívidas mais novas serão pagas antes das mais antigas
- a exemplo do que foi feito com os salários dos servidores ainda no
início do ano. Ainda de acordo com o governo, essa quebra cronológica é prevista pela
resolução do TCE quando existe decretação de calamidade pública, como
aconteceu no Estado. A medida também seria embasada no entendimento da
Controladoria do Estado. Apesar disso, o estado
ainda não previsão de quando vai pagar as dívidas e diz que espera recursos
prometidos pelo governo federal através do Plano de Promoção do Equilíbrio
Fiscal. O projeto de lei, que está na Câmara, prevê socorro aos estados e
municípios mais endividados, por meio de liberação de empréstimos com aval da
União. Os recursos deverão ser condicionados à adoção de medidas de ajuste
fiscal que permitam a recuperação da capacidade de pagamento dos estados até
2022.
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