
O governo federal publicou nesta
semana a medida provisória (MP) que permite que as escolas tenham menos de 200 dias letivos no ano, desde que garantam,
no mínimo, 800 horas de ensino na educação infantil, no ensino fundamental e no
ensino médio. A flexibilização deverá observar as normas dos respectivos
sistemas de ensino, ou seja, estados e municípios devem decidir as regras para
o cumprimento da jornada mínima. A MP trouxe respaldo legal para o que
as redes de ensino já vinham fazendo, de acordo com a presidente do Conselho
Nacional de Secretários de Educação (Consed), entidade que representa as
secretarias estaduais de educação, Cecilia Motta. “Isso vai dar uma liberdade maior
para quando os alunos voltarem.
Podemos, mais à frente, colocar um sexto tempo,
usar alguns sábados letivos com sexto tempo também. Ao mesmo tempo, podemos
contar com as nossas aulas remotas vinculantes que estão contando como aulas realmente
no calendário escolar", disse Cecília. Os estados são responsáveis,
principalmente, pela oferta do ensino médio. Eles também ofertam os anos finais
do ensino fundamental, etapa que vai do 6º ao 9º ano. O Consed reuniu, em uma página da internet, as resoluções, pareceres,
instruções normativas e notas de esclarecimentos do Conselho Nacional de
Educação, da União Nacional dos Conselhos Municipais de Educação e dos
Conselhos Estaduais e Municipais de Educação, sobre o calendário escolar
e a oferta de conteúdos a distância.
Ensino a distância
A desigualdade entre as várias
regiões do país e entre os vários estudantes brasileiros preocupa na hora de
substituir as aulas presenciais por aulas a distância. Por isso, a União
Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação (Undime) defende que, no
processo de reorganização do calendário escolar, é necessário, primeiramente,
esgotar todos os esforços para cumprir as 800 horas de maneira presencial.
Para isso, as redes podem, após o
retorno as aulas, ampliar a jornada diária, realizar atividades no
contraturno, ter sábados letivos, usar de períodos de recesso e/ou férias -
após negociação com a categoria, entre outras alternativas.
A entidade defende que, caso seja
feito o uso da modalidade de educação a distância como substitutiva às aulas
presenciais, sejam garantidos "suporte tecnológico, metodológico e de
formação dos professores, por parte da União e dos governos estaduais às redes
municipais”. Por lei, a educação a distância pode
ser feita no ensino médio e, em situações emergenciais, como
durante a pandemia da covid-19, no ensino fundamental. A MP
publicada nesta semana não trata da educação infantil, que compreende a creche e a
pré-escola. A Undime defende que a EaD não seja aplicada nessa etapa.
Escolas particulares
Para as escolas particulares, de
acordo com o presidente da Federação Nacional das Escolas Particulares (Fenep),
Ademar Batista Pereira, a medida facilita o planejamento. “Fomos autorizados a
voltar a trabalhar, não precisaremos sacrificar os sábado, podemos nos preparar
para continuar a vida escolar”, afirmou. Segundo ele, a pandemia está sendo
uma oportunidade para “aprender a usar algumas ferramentas para as quais havia
resistência. Não vão substituir de forma definitiva o ensino presencial, mas
vão permitir fazer algumas coisas que são possíveis fazer, levando em
consideração a idade das crianças.”
Em nota, o secretário de Educação
Básica do MEC, Janio Macedo, afirmou que a flexibilização é autorizativa “em
caráter excepcional e vale tão e somente em função das medidas para
enfrentamento da emergência na saúde pública decretadas pelo Congresso
Nacional”. Ele reforça que a flexibilização deverá observar as normas dos
respectivos sistemas de ensino. No Brasil, há suspensão de aulas em
todos os estados para conter o avanço da pandemia do novo coronavírus. A medida
não é exclusiva do país. No mundo, de acordo com os últimos dados da
Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco),
que monitora os impactos da pandemia na educação, 188 países determinaram o
fechamento de escolas e universidades, afetando 1,5 bilhão de crianças e
jovens, o que corresponde a 89,5% de todos os estudantes no mundo.
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