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domingo, 5 de abril de 2020

GREVE DE PROFESSORES DO RN E NEGOCIAÇÃO DO PISO EM TEMPOS DE COVID-19

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A educação pública no Rio grande do norte inicia o ano letivo com a mesma peleja de todos os anos, discussão do pagamento do piso salarial. O governo afirmou que não poderia pagar o piso, e propôs o parcelamento que terminaria em 2021. A categoria, em assembleia, não acatou a proposta e decidiu pela greve, que além do pagamento do piso apresenta outras pautas com relação a melhoria na qualidade da educação. A greve foi deflagrada depois das assembleias, com adesão da maioria das escolas. No meio de rodadas de negociações, e frente a epidemia do COVID-19, o SINTE reivindicou a suspensão das aulas, logo o governo do Estado decretou suspensão das aulas dos sistemas de ensinos público e privado, e determinou o isolamento social. Diante deste fato, o SINTE anunciou a suspensão das negociações até o término das medidas de isolamentos social.,

O encaminhamento do SINTE vem sendo questionado por parte dos professores. Estes compreendem que diante da exigência do isolamento social a suspensão da greve está correto, mas cobram do sindicato a continuidade da negociação da proposta deliberada pela assembleia, mesmo de forma virtual. Caso a proposta da assembleia seja aceita pela governadora, já poderia ser cumprida. A realização de uma nova assembleia só ocorreria caso o governo apresentasse  uma contraposta. A coordenadora do SINTE Fátima Cardoso responde às criticas que aparecem nas redes sociais, justificando que durante o isolamento é irresponsabilidade convocar uma assembleia ou reunião de pessoas. Como explicado acima, a cobrança é pela continuidade da negociação conforme deliberação da última assembleia, mesmo de forma virtual, como tantas coisas que acontecem em diferentes setores, inclusive do governo.

Além da discussão da greve, existem medidas que o sindicato poderia tomar, como uma nota de repúdio ao governo por ter abandonado as negociações,  a defesa dos professores da ativa e aposentados, pois nesse momento de pandemia, deveria priorizar ações de mitigação das perdas da categoria dos professores, por exemplo, pagando os atrasados dos aposentados e adiantando décimo terceiro salário de 2020, para toda categoria. Professores questionam a postura que o SINTE vem tomando na condução da greve e na relação com o governo do Estado, parece que este tem sido mais partido (PT) que sindicato, pois desde o governo passado, do Farias, virou SEEC, com a eleição de Fátima virou governo. Nos últimos dias a Radio Cirandeira tomou conhecimento por uma fonte que pediu  sigilo, disse que coordenadores do sindicato ganharam cargos no governo que foram ocupados por parentes. E questionou se estes fatos não emperram a capacidade de luta do Sindicato e amacia a negociação? Outra possibilidade é os coordenadores do SINTE pelo fato de serem do PT, agora com o mandato de governo, repetir o mesmo erro político e conjuntural dos movimentos sindicais durante os governos Lula e Dilma, que desmobilizaram as lutas por terem a visão estreita de que lutar pela categoria é ser contra o Governo.

Diante da insatisfação com a condução do SINTE, professores também manifestaram nas redes sociais, o desejo de  desfiliação. Nós que fazemos a Rádio Cirandeira, afirmamos que este não é o melhor caminho. A desmobilização e desorganização não favorece a categoria. É importante ter um sindicato forte. Sem a organização sindical a categoria não teria conquistado um Plano de Cargo, Carreira e Remuneração – PCCR, nem conseguiria fazer pressão e negociar direitos. As bases são responsáveis pela condução da coordenação, esta elege seus representes, e a condição para votar em assembleias é ser filiado. Lembrem-se que a assembleia é soberana e decide no voto qual a condução que a coordenação deve encaminhar. A cada eleição a maioria escolhe sua coordenação que encaminha as ações a partir das decisões da base.   A indignação pode ser manifestada durante o tempo de qualquer gestão ou mesmo no período eleitoral. No momento a melhor atitude é fortalecer a categoria, cobrando da coordenação que encaminhe as deliberações da última assembleia, dando continuidade à negociação, inclusive com a participação virtual da comissão de negociação, tirada em assembleia.

Antônia Alves
Jornalista da Rádio Cirandeira

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