Uma decisão da 3ª Vara da Fazenda Pública da Comarca de Natal determinou que os ex-desembargadores Rafael Godeiro e Osvaldo Cruz, a ex-chefe da Divisão de Precatórios Carla Ubarana e o marido dela, George Leal, devolvam aos cofres públicos R$ 14,1 milhões (exatamente R$ 14.195.702,82). Os quatros foram condenados pela Justiça após a Operação Judas, do Ministério Público do RN, revelar um esquema de desvio de dinheiro nos precatórios no Tribunal de Justiça do Rio Grande do Norte.
A decisão do magistrado Bruno
Montenegro Ribeiro Dantas determina a Rafael Godeiro, Osvaldo Cruz e George
Leal "a perda dos bens ou valores acrescidos ilicitamente ao
patrimônio" e "o ressarcimento integral do dano causado ao
erário estadual".
Além disso, impõe a perda da função pública "que eventualmente estiver ocupando" ao trio, além do "pagamento de multa civil correspondente ao valor do acréscimo patrimonial decorrente do ilícito" e a "proibição de contratar com o Poder Público ou receber benefícios ou incentivos fiscais ou creditícios, direta ou indiretamente, ainda que por intermédio de pessoa jurídica da qual seja sócio majoritário, pelo prazo de 10 anos". Para Carla Ubarana, além dessas sanções, foi determinada a suspensão dos direitos políticos por 10 anos e "pagamento de multa civil correspondente a três vezes o valor do acréscimo patrimonial decorrente do ilícito".
Decisão
O juiz reforçou ainda no
documento que o escândalo de desvios dos precatórios no Tribunal de Justiça do
RN representou um dos maiores da administração pública no estado pelos
valores e também por envolver autoridades de cargos respeitados na instituição. "O mecanismo de
ilicitudes perpetrado afigurou-se traumático para a reputação do Tribunal de
Justiça Estadual; sua ocorrência fora amplamente divulgada na imprensa e a
Corte, constitucionalmente incumbida da salvaguarda de direitos, viu-se
desmoralizada, haja vista que, à época, foi anfitriã de um dos maiores
escândalos criminosos da Administração Pública levado a cabo e usufruído,
justamente, pela iniciativa de algumas de suas mais elevadas autoridades e por
uma de suas servidoras", pontou. O magistrado pontuou que
"impõe-se destacar que, em razão da improbidade já desvelada, a
Administração Pública experimentou relevante e gravíssimo prejuízo, estimado em
R$ 14.195.702,82, o qual, acrescido dos aspectos acima elencados, repiso,
justificam a imposição das sanções aos demandados".
Entenda o caso
A ex-chefe da Divisão de
Precatórios do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Norte Carla de Paiva
Ubarana Araújo Leal e o marido dela, George Leal, foram presos em fevereiro de
2012. Em 2013, os dois foram condenados por fraudes na divisão de Precatórios
do TJRN. Segundo a denúncia do Ministério Público, Carla encabeçava um esquema
que desviou, de acordo com a sentença, R$ 14.195.702,82 do TJ. Os mandados de
prisão foram expedidos pelo juiz da 7ª vara Criminal de Natal, José Armando
Ponte Dias Junior.
Carla Ubarana foi condenada inicialmente a 10 anos, 4 meses e 13 dias, mais 386 dias-multa em regime fechado. George Leal pegou pena de 6 anos, 4 meses e 20 dias, mais 222 dias-multa em regime semiaberto. Os dois foram condenados por peculato. José Armando Ponte, ainda na sentença, mandou que todos os bens apreendidos em nome de Carla e George fossem leiloados e que o dinheiro arrecado nesses leilões fosse depositado em conta a ser definida pelo Tribunal de Justiça. Os demais réus foram absolvidos.
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