Caicó, na região do Seridó, interior do RN, é conhecida por produzir um dos melhores bonés do Brasil. O Título se deve ao fato de a região ter um setor têxtil e industrial forte e atuante há mais de 20 anos, com empregabilidade alta e com profissões distintas e necessárias ao mercado de trabalho. Mas o destaque para esse setor não se deve ao fato apenas de ter o melhor boné, mas também por ser um setor industrial importante para a região a qual está inserida. A região do Seridó segundo dados do setor se destaca por ter a segunda maior produção do Brasil. A indústria de bonés do Seridó possui um sindicato e uma associação, e conta com mais de 80 empresas, em Caicó, São José do Seridó e Serra Negra do Norte, e movimenta mais de 70 milhões por ano no Rio Grande do Norte com uma produção média de mensal de 2,4 milhões de bonés.
Com o surgimento de novas tecnologias e processos cada vez mais digitalizados,
o setor sempre buscou tornar o boné seridoense reconhecido nacionalmente e
mundialmente, e para isso investe pesado em capacitação e inovação, tendo
alguns gargalhos nas suas etapas de produção. Com o avanço da indústria 4.0 e
as recentes transformações digitais muitas empresas do setor buscam no mercado
tecnológico ferramentas que melhorem sua rotina de trabalho, que otimizem
tempo, e que gere análise de dados para tomada de decisões. Surgi nesse
contexto novos modelos de negócios com a transformação digital, uma maneira de
produzir analisando etapas e dados.
No contexto atual as empresas do setor têxtil continuam produzindo em larga
escala, porém com alguns gargalhos, um deles é o seu processo produtivo que
ainda continua sendo feito de maneira manual, acompanhado por fichas, em cada
etapa de produção, um processo custoso, que apresenta perdas, em material,
tempo, e entrega do pedido. Além disso, a não promoção de análise desse
processo acarreta uma grande dificuldade no setor. O setor têxtil de boné,
junto a associação e o sindicato, já se mobilizou em vários momentos em busca
de uma solução que agora possui um modelo em uso numa fábrica instalada em
Caicó.
“Em 2014 houve uma consultoria para o processo produtivo em parceria com o
SEBRAE/SENAI que viabilizou uma possível novidade para muitos fabricantes,
tendo em vista que muitos ainda não possuem noção da complexidade dos processos
produtivos e tempos de cada operação. Então, a consultoria despertou a
informatização desses processos. Mas infelizmente não tivemos êxito devido à
complexidade dos processos”, disse Arlúcio, assistente de produção da AGBonés.
Contando com uma produção de 35.000 peças entre bonés e chapéus, e uma
mão-de-obra de 20 funcionários a AGBonés insistia na condição de não
digitalizar seu processo, pois demandaria custo e recursos humanos; precisaria
de um funcionário que entendesse todo o processo de produção e acompanhasse a
produção do desenvolvimento de uma ferramenta tecnológica. Assim, em 2022
resolveu começar o processo de análise das etapas, primeiro com planilhas e
acompanhamento do processo de produção por etapas e descrevendo os erros desde
a chegada do pedido até a entrega do produto, considerando tempo em cada etapa. “Começamos perceber em 2017, que tínhamos uma excelente produção, com muitos
investimentos em máquinas e equipamentos, mas nosso retorno financeiro era
baixo, chegamos à conclusão de que nossa produção estava cara e o nosso produto
estava de baixa ou média qualidade e com preços relativamente baixos”, disse
Agripino, proprietário da AGBonés.
Proprietário da AGBonés acredita que análise de etapas na produção irá trazer melhorias na produção do produto
A
partir desse ponto a empresa percebeu que estava apta a adquirir um software
que fosse capaz de automatizar e digitalizar todos os processos das empresas
pois seria a única maneira de analisar erros na padronização do produto,
desperdício de material, e acompanhamento das etapas. Entretanto, um dos pontos
negativos atualmente das empresas é entender que a implementação é um processo
que envolve etapas, desde a sua produção até o seu uso. “A principal dificuldade é a resistência à mudança. Muitos empresários estão
acostumados a métodos tradicionais, e acabam se preocupando com a complexidade
e o tempo de aprendizado do novo sistema. A infraestrutura tecnológica
insuficiente em algumas empresas também exigiu investimentos adicionais,
gerando incertezas sobre o retorno”, esclarece Kermeson Kleyson, diretor da
Viggo Sistemas.
Apesar
da cultura resistente, os softwares de automação oferecem suporte para que as
empresas se adequem e se adaptem as mudanças em processos internos. As soluções
digitais devem ser vistas como investimento estratégico a longo prazo, que irá
reduzir desperdícios de materiais, melhora no aumento da eficiência e mudança
nas práticas diárias, como monitoramento em tempo real, análise de dados, além
da integração de processos. “Os resultados são extremamente positivos. A indústria 4.0 demanda
digitalização e automação dos negócios, pois é perceptível o crescimento delas.
A automação reduz erros, melhora eficiência e produtividade. E o mais
importante para o mercado digital atual, a capacidade de acessar dados em tempo
real permiti decisões mais informadas e estratégicas. Para o empresário do
setor têxtil, digitalizar seu negócio abri novas oportunidades de mercado,
resulta em aumento de receita e criação de novos empregos”, frisa Kermeson
Kleyson, diretor da Viggo Sistemas.
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