A reestimativa de receitas e o adiamento de repasse de recursos da Lei Aldir Blanc fizeram o governo liberar R$ 1,7 bilhão do Orçamento bloqueados na semana passada. O Ministério do Planejamento e Orçamento editou uma nova versão do Relatório de Avaliação de Receitas e Despesas na sexta-feira (29) à noite. Com a liberação, o volume de recursos congelados no Orçamento deste ano caiu de R$ 19,3 bilhões para R$ 17,6 bilhões.
O bloqueio foi reduzido porque o Planejamento oficializou o adiamento
de R$ 1,71 bilhão da Lei Aldir Blanc. Alegando baixa execução dos projetos
culturais pelos estados e municípios, o governo editou, no último dia 22, uma
medida provisória que condiciona as transferências de recursos
ao andamento dos projetos financiados pela lei. Na versão anterior do
relatório, o governo tinha cancelado para este ano R$ 1,3 bilhão da Lei Aldir
Blanc. O novo relatório cancelou o R$ 1,7 bilhão restante da verba original, só
deixando R$ 1,1 milhão em projetos culturais para serem gastos até o fim de
2024.
Déficit primário
Chamado de “extemporâneo” pelo
Ministério do Planejamento, o novo relatório também diminuiu a previsão de
déficit primário de R$ 65,303 bilhões para R$ 64,426 bilhões. A redução ocorreu
porque a Procuradoria-Geral Federal informou que cerca de R$ 2,7 bilhões da
versão do Desenrola para agências reguladoras devem entrar no caixa do governo
ainda este ano. No relatório publicado na semana passada, a estimativa para
essas receitas estava zerada.
Ao considerar apenas as despesas sujeitas ao teto do arcabouço fiscal, a previsão de déficit primário caiu de R$ 28,737 bilhões para R$ 27,747 bilhões. Como a projeção está dentro da margem de tolerância do marco fiscal, que permite déficit de até R$ 28,756 bilhões (0,25% do Produto Interno Bruto), não houve a necessidade de contingenciamento. O déficit primário representa a diferença entre as receitas e os gastos do governo sem os juros da dívida pública. Entre os gastos fora do teto do arcabouço fiscal, estão os créditos extraordinários para a reconstrução do Rio Grande do Sul, o combate a incêndios florestais e o pagamento de precatórios em atraso.
Tanto o contingenciamento como
o bloqueio representam cortes temporários de gastos. O novo arcabouço fiscal,
no entanto, estabeleceu motivações diferentes. O bloqueio ocorre quando os
gastos do governo crescem mais que o limite de 70% do crescimento da receita
acima da inflação. O contingenciamento ocorre quando há falta de receitas que
comprometem o cumprimento da meta de resultado primário (resultado das contas
do governo sem os juros da dívida pública).
Detalhamento
Também na noite desta
sexta-feira, o Ministério do Planejamento publicou o detalhamento do bloqueio
dos R$ 17,6 bilhões por ministério. Em valores absolutos, as pastas mais
atingidas são os Ministérios da Saúde (R$ 4,39 bilhões), Educação (R$ 3,04
bilhões) e Cidades (R$ 2,47 bilhões). Em seguida, vêm os Ministérios dos
Transportes (R$ 1,94 bilhão) e do Desenvolvimento e Assistência Social, Família
e Combate à Fome (R$ 1,04 bilhão).
Pela legislação, o governo
precisa editar o decreto presidencial com o detalhamento do bloqueio de gastos
até dez dias após a publicação do Relatório Bimestral de Avaliação de Receitas
e Despesas. Nesse caso, o prazo levou em consideração a publicação do relatório
original, na sexta-feira da semana passada, mas os números vieram atualizados
com a redução do bloqueio em R$ 1,7 bilhão.
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