
O júri de um dos acusados de participação na morte do radialista Francisco Gomes de Medeiros, o F. Gomes, começou com os depoimentos da irmã da comunicador, Jucileyde Medeiros Gomes, e o marido dela, Ronaldo Santiago da Silva. Nesta segunda-feira (5), ambos relataram o crime e disseram que não houve como os dois se defenderam da ação de João Francisco dos Santos, o Dão, assassino confesso de F. Gomes.

Primeira a depor, Jucileyde disse que estava na casa de F. Gomes junto com ele e o marido momentos antes do homicídio. Eles afirmaram que tinham o hábito de conversar na calçada da casa de F. Gomes e que a área sempre foi considerada segura. Porém, quando Jucileyde chamou o marido para ir embora, ocorreu o homicídio. Ronaldo Santiago pegou capacete e chave da motocicleta para ambos deixarem a casa do radialista. “Tomei a bênção à minha mãe, que estava na casa dela, na outra calçada. Quando desci a calçada, uma moto chegou próximo a meu irmão. Pensei que era algum motociclista que ia entregar algum pedido. Achei a moto diferente. Quando olhei para a moto, vi que ele disparou o primeiro tiro, no peito”, relatou.
Após o tiro, a irmã de F. Gomes gritou pelo marido, que estava no outro lado da calçada, e chegou a pedir para o algoz parar com os disparos. “Eu atravessei a rua na inocência, e cheguei perto da moto, ele ainda estava atirando. Eu gritei: não faça isso não, infeliz”, disse, relatando ainda que F. Gomes olhou para o meio da rua e ainda levantou os braços, “querendo dizer alguma coisa”. O bandido, após os disparos, fugiu na moto.
No seu depoimento, Ronaldo disse que F. Gomes não usava armas e que tinha o costume de pedir jornais ou lanches por moto-taxistas. Por isso, a chegada de Dão não surpreendeu as vítimas. “Quando ia saindo na moto, chegou um moto-taxista. Era comum, porque ele pedia sempre para entregarem jornal, ou um lanche”. Quando vi, foi os tiros. O cidadão na moto de roupas escuras, com jaqueta de moto-táxi, parou na moto e atirou, sem falar nada. Não desligou nem a motocicleta”, disse. Segundo a testemunha, F. Gomes era uma pessoa de hábitos pacatos. “A arma dele era o jornal, o radinho, o celular. Não conheci um um pai tão bom, um filho tão bom, um irmão tão bom, um amigo tão bom, um profissional tão bom e um ser human”, disse Ronaldo Santiago.
A terceira testemunha a ser ouvida no caso F.Gomes é o PM Joaci estava de plantão na guarnição da Cavalaria na noite da morte, que foi responsável pela perseguição do acusado. Segundo o relato do policial ele estava numa barreira montada nas proximidades do Açude Itans, após ter recebido a informação de um assalto em Ouro Branco. “Pouco tempo depois o Copom nos informou do crime contra F. Gomes e a gente já estava nessa campana e continuamos no mesmo local, por saber que o local também era rota de fuga pra quem comete crime no bairro Paraíba. Pouco tempo depois ouvimos o barulho e um claro de uma moto vindo. Quando ele chegou no alto e avistou a gente, pegou a esquerda em direção ao Castelo Branco. Deixamos dois no ponto fixo e fomos atras dele, perseguindo-o por varias ruas do Castelo”.

Em entrevista à imprensa, o irmão do jornalista F.Gomes, Ilmo Medeiros Gomes, negou que a comoção popular interferisse no resultado final do júri do réu João Francisco dos Santos, o Dão. “Estamos tranquilos e deixamos a responsabilidade nas mãos dos jurados. Qual é o crime no Brasil que não tem comoção?”, questionou. Os irmãos, a viúva Eliene Gomes e os filhos da vítima chegaram ao salão do júri Siloé Capuxú vestidos com camisetas brancas pedindo justiça pelo crime. A filha do jornalista, Érica Sariedna, sentiu mal ao saber que não aconteceria o julgamento do Lailson Lopes, o Gordo da Rodoviária, mas foi acalmada por familiares.
Por volta das 14h de hoje, 05, foi retomado o julgamento do mototaxista João Francisco dos Santos, o Dão. Continuam as oitavas das testemunhas, tanto de acusação quanto defesa. A previsão é de que mais nove pessoas serão ouvidas pelo júri. Os trabalhos podem se estender até o início da madrugada.

Em depoimento emocionado a viúva do radialista F.Gomes, Eliene Gomes, relatou que pediu para que o acusado não atirasse no seu marido. “Eu estava dentro de casa quando ouvi os disparos e achei que eram fogos. Quando sai pra calcada ja encontrei ele atirando contra minha pessoa. Ainda tentei segurá-lo, gritando e pedindo para que ele não atirasse”, disse. Eliene disse que não existiu qualquer discussão entre a vitima e o acusado, e não se recorda de nenhuma palavra proferida por F. Gomes, após ser baleado.
Outro depoimento ao tribunal do júri no Caso F. Gomes, foi da ex-mulher do mototaxista João Francisco dos Santos, Ana Santana de Medeiros, confessou que ele jamais se queixou de ter sido criticado pelo jornalista em seus programas de rádio. A declaração de Ana Santana é discordante da versão defendida por Dão, que disse em depoimento de ter assassinado a vítima por ataques pessoais ao denunciar o envolvimento do mototaxista com ações delituosas.
Depois de separar-se de Dão, Ana Santana passou a residir em Natal. Interpelada pelas relações do ex-marido com o advogado Rivaldo Dantas, ela se restringiu a dizer que os dois chegaram a viajar algumas vezes juntos. Quanto ao Gordo da Rodoviária, a testemunha não tinha mais informações sobre seus contatos com João Francisco.

Depois de um recesso de 20 minutos, o tribunal retomou o julgamento do mototaxista João Francisco dos Santos, o Dão – réu confesso de assassinar o jornalista caicoense F Gomes.
Depois de ouvir as testemunhas, os jurados assistirão aos vídeos com o depoimento do primeiro delegado nomeado para investigar o caso, Ronaldo Gomes, do comerciante Lailson Lopes, o Gordo da Rodoviária – apontado como um dos mentores intelectuais do crime. A última parte de hoje será o depoimento de João Francisco. Os trabalhos serão retomados nesta terça-feira com o debate entre a promotoria e a defesa do réu.

Um vídeo com o depoimento do Lailson Lopes (Gordo da Rodoviária) foi apresentado aos jurados na noite de segunda-feira (05). Nele, o acusado de ser o mandante da morte do radialista F. Gomes negou ter tido qualquer desentendimento com a vitima, e considera amigo do radialista. O depoimento foi prestado ao juiz Luiz Cândido, na presença de representantes do Ministério Público e advogados do Gordo.
Fonte: Robson Pires