Entre os postulantes, estão
ministros de Estado e de outros tribunais superiores, evangélicos, juízes e o
procurador-geral da República. Alguns deles já tomaram decisões que agradaram
ao presidente. Em relação a um dos favoritos, Bolsonaro disse ter sentido “amor
à primeira vista” quando o conheceu. Para chegar aos nomes abaixo, o Congresso
em Foco ouviu analistas dos bastidores do Judiciário e da política em
Brasília. A lista deve engrossar nas próximas semanas com a proximidade
da escolha do presidente. O indicado por ele precisará ter seu nome
aprovado pelo Senado após sabatina. Até hoje, no entanto, os senadores nunca
recusaram uma indicação do Planalto para o Supremo.
*Veja o perfil de alguns dos
cotados para a vaga de Celso de Mello.

Jorge Oliveira. Foto: Antônio
Cruz/ABr
Jorge Oliveira –
advogado e policial militar da reserva, o ministro da Secretaria-Geral da
Presidência tem 44 anos, é amigo e homem de confiança do presidente. Seu pai
assessorou Bolsonaro por 20 anos na Câmara. O ministro foi assessor jurídico do
atual presidente, quando este era deputado, e chefe de gabinete de Eduardo
Bolsonaro (PSL-SP). Entrou para o governo como subchefe de Assuntos Jurídicos
da Casa Civil da Presidência da República. Foi nomeado ministro em junho de
2019. Foi cotado para substituir Sergio Moro na Justiça.

André Mendonça. Foto: Isac
Nóbrega/ABr
André Mendonça –
advogado e pastor presbiteriano, o ministro da Justiça, de 47 anos, é doutor em
direito pela Universidade de Salamanca, na Espanha. Foi assessor especial do
ex-ministro Wagner Rosário (CGU) no governo Michel Temer e professor de
Direito. Assumiu a Advocacia-Geral da União (AGU), cargo com status de
ministro, assim que Bolsonaro foi empossado. É lembrado como o nome
“terrivelmente evangélico” que o presidente prometeu um dia indicar para o
Supremo.

Augusto Aras. Foto: Isac
Nóbrega/PR
Augusto Aras –
procurador-geral da República indicado por Bolsonaro, já teve seu nome lembrado
para o Supremo pelo próprio presidente em maio. Na ocasião divulgou nota em que
manifestou “desconforto” com a citação. No Ministério Público desde 1987, foi o
primeiro procurador a assumir a PGR sem figurar na lista tríplice da Associação
Nacional dos Procuradores da República (ANPR) desde 2003. Nos últimos meses
intensificou seu discurso contra a Lava Jato e passou a ser acusado por
integrantes da força-tarefa de Curitiba de tentar acabar com a megaoperação.

William Douglas. Foto:
reprodução/redes sociais
William Douglas –
juiz federal da 2ª Região (TRF-2), é autor de 50 livros, entre eles, os best-sellers Como
passar em provas e concursos e As 25 leis bíblicas do sucesso.
Também é popular na internet, onde acumula mais de 800 mil seguidores nas redes
sociais. Professor universitário, foi advogado, delegado de polícia e defensor
público. Tem 53 anos e é considerado o nome preferido pelo senador Flávio
Bolsonaro (Republicanos-RJ), filho do presidente, e pelo pastor Silas Malafaia.
É membro da Igreja Plena de Icaraí e defensor da afixação de crucifixos em
órgãos públicos.

João Otávio de Noronha. Foto:
STJ
João Otávio de Noronha –
presidente do Superior Tribunal de Justiça (STJ), fez carreira na advocacia
para o Banco do Brasil e chegou à corte em 2002, após indicação do então
presidente Fernando Henrique Cardoso. Bolsonaro declarou este ano que teve um
"amor à primeira vista" quando o conheceu. De janeiro de 2019 a maio
de 2020, levantamento do jornal O Estado de S. Paulo indicou que Noronha julgou
a favor dos interesses do governo Bolsonaro em 87,5% de suas decisões
individuais. Em julho, determinou a passagem para prisão domiciliar do
ex-policial Fabrício Queiroz, amigo de Bolsonaro e ex-assessor de Flávio
Bolsonaro.

Ives Gandra. Foto: Felippe
Sampaio/TST
Ives Gandra Filho –
ex-presidente do Tribunal Superior do Trabalho (TST), é ministro da corte desde
1999. Filho do jurista Ives Gandra, assim como o pai, é ligado à ala mais
conservadora da Igreja Católica, a Opus Dei. Foi professor da UnB e assessor
especial da Casa Civil da Presidência da República. Já defendeu publicamente a
extinção da Justiça trabalhista e comparou a união homoafetiva ao
"bestialismo". É apoiado pelo ministro Gilmar Mendes e tem a simpatia
de militares. Cotado para o Supremo em 2017, no governo Michel Temer, perdeu
apoio após a repercussão de algumas de suas posições, consideradas extremamente
conservadoras.

Benedito Gonçalves. Foto: STJ
Benedito Gonçalves –
ministro do Superior Tribunal de Justiça desde 2008, foi papiloscopista da
Polícia Federal e delegado de polícia do DF. Virou juiz em 1988. Foi promovido
para o Tribunal Regional Federal da 2ª Região em 1998. É o único ministro negro
de tribunal superior atualmente. Em 28 de agosto determinou o afastamento do
governador Wilson Witzel (PSC-RJ), em meio às investigações da Operação
Placebo, sobre irregularidades na contratação de hospitais de campanha, compra
de medicamentos e respiradores. Na ocasião, negou o pedido de prisão de Witzel.
Tem 66 anos.

Maria Elizabeth Rocha. Foto:
STM
Maria Elizabeth Rocha –
ministra do Superior Tribunal Militar (STM) desde 2007, foi a primeira mulher
(a única até hoje) a assumir o cargo e a presidir a corte. Pós-doutora em
Direito constitucional e casada com um general da reserva, fez carreira na
Advocacia-Geral da União e assessorou ministérios antes de chegar ao STM. Votou
a favor de reivindicações de militares homossexuais. Por causa de suas
posições, que muitas vezes se chocam com as do presidente, corre por fora na
disputa. É vista como uma possibilidade somente se o presidente resolver
indicar uma mulher.

Luis Felipe Salomão. Foto: STJ
Luis Felipe Salomão –
ministro do Superior Tribunal de Justiça e do Tribunal Superior Eleitoral
(TSE). No último dia 5, ao assumir o cargo de corregedor-geral eleitoral,
defendeu que se julguem “o quanto antes” as ações que investigam a campanha de
Bolsonaro à Presidência em 2018. O ministro é o novo relator dos processos que
investigam, entre outras suspeitas, o disparo de mensagens em massa pelo
WhatsApp. No STJ desde 2008, foi promotor de Justiça de São Paulo, juiz da 2ª
Vara Empresarial do Rio de Janeiro e desembargador do Tribunal de Justiça do
Rio de Janeiro (TJRJ). Tem 57 anos.