

O governo fechou o acordo para aprovar os destaques e garantir a continuidade do pacote de revisão de gastos públicos. O projeto segue para o Senado. Extinta em 2020, a cobrança do DPVAT tinha sido recriada sob o nome de SPVAT, que entraria em vigor em janeiro. A recriação do seguro enfrentava a resistência de governadores.
Emendas
Em relação às emendas
parlamentares, o governo concordou em retirar do projeto de lei complementar a
autorização para o contingenciamento e o bloqueio de todas as emendas
parlamentares. Pelo texto que irá ao Senado, o governo poderá congelar apenas
emendas de comissão e emendas de bancadas estaduais não impositivas, até 15% do
total. As emendas obrigatórias não poderão ser bloqueadas.
A medida desidrata
parcialmente o corte de gastos. Caso as emendas impositivas pudessem ser
congeladas, o governo poderia bloquear ou contingenciar R$ 7,6 bilhões em
emendas no próximo ano. Agora, o Executivo só poderá cortar R$ 1,7 bilhão, R$
5,9 bilhões a menos. O levantamento desconsidera as emendas de bancada
estaduais não impositivas, cujo valor para 2025 depende da aprovação do
Orçamento do próximo ano.
Gatilhos
O principal ponto mantido no
projeto de lei complementar foi a criação de gatilhos que proíbem a criação,
ampliação ou prorrogação de incentivos tributários caso haja déficit primário
(resultado negativo das contas do governo sem os juros da dívida pública) no
ano anterior. O projeto também limita a 0,6% acima da inflação o crescimento
anual da despesa de pessoal e encargos de cada um dos Poderes na mesma
situação, déficit primário no ano anterior.
Além dos Três Poderes (Executivo, Legislativo e Judiciário), o projeto aprovado pelos deputados limita a 0,6% acima da inflação o crescimento das despesas de pessoal do Ministério Público e da Defensoria Pública no caso de resultado negativo das contas públicas. As restrições vigoram até que o governo volte a registrar superávit primário anual. A partir do projeto da lei orçamentária de 2027, as duas limitações valerão se os gastos discricionários (não obrigatórios) totais tiverem redução nominal em relação ao ano anterior.
Fundos
De 2025 a 2030, o governo
poderá usar o superávit de cinco fundos nacionais para abater a dívida pública.
Os saldos positivos somavam, em 2023, R$ 18 bilhões.
*Os fundos são os seguintes:
• Fundo de
Defesa dos Direitos Difusos (FDD), formado por multas pagas ao governo:
superávit de R$ 2 bilhões
• Fundo Nacional
de Segurança e Educação de Trânsito (Funset): superávit de R$ 1,6 bilhão
• Fundo do
Exército: superávit de R$ 2,5 bilhões
• Fundo
Aeronáutico: superávit de R$ 8,7 bilhões
• Fundo Naval:
superávit de R$ 3 bilhões
O relator do projeto, deputado Átila Lira (PP-PI), retirou da proposta original do governo os seguintes fundos: Fundo Nacional Antidrogas (Funad), Fundo da Marinha Mercante (FMM) e Fundo Nacional de Aviação Civil (Fnac). Segundo o parlamentar, esses recursos são usados para investimentos importantes.