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domingo, 24 de fevereiro de 2013

REDAÇÃO DE ESTUDANTE CARIOCA VENCE CONCURSO DA UNESCO COM 50.000 PARTICIPANTES

Tema: 'Como vencer a  pobreza e a desigualdade'
Por Clarice Zeitel Vianna  Silva -
UFRJ - Universidade Federal do Rio de Janeiro - Rio de Janeiro -  RJ

'PÁTRIA MADRASTA VIL'
Onde já se viu tanto excesso de falta?
Abundância de inexistência...
Exagero de escassez...
Contraditórios?
Então aí está!
O novo nome do nosso país!
Não pode haver sinônimo melhor para BRASIL.
Porque o Brasil nada mais é do que o excesso de falta de caráter, a
abundância de inexistência de solidariedade, o exagero de escassez de
responsabilidade.
O Brasil nada mais é do que uma combinação mal engendrada - e
friamente sistematizada - de  contradições.
Há quem diga que 'dos filhos deste solo és mãe  gentil', mas eu digo
que não é gentil e, muito menos, mãe.
Pela definição que eu conheço de MÃE, o Brasil, está mais para madrasta vil.
A minha mãe não 'tapa o sol com a peneira.'
Não me daria, por exemplo, um lugar na universidade sem ter-me dado
uma bela formação básica.
E mesmo há 200 anos atrás não me aboliria da escravidão se soubesse
que me restaria a liberdade apenas para morrer de fome. Porque a minha
mãe  não iria querer me enganar, iludir.
Ela me daria um verdadeiro Pacote que fosse  efetivo na resolução do
problema, e que contivesse educação +  liberdade + igualdade. Ela sabe
que de nada me adianta ter educação pela metade, ou tê-la aprisionada
pela falta de oportunidade, pela falta de escolha, acorrentada pela
minha voz-nada-ativa.
A minha mãe sabe que eu só vou crescer se a minha educação gerar
liberdade e esta, por fim, igualdade.
Uma segue a outra...
Sem nenhuma contradição!
É disso que o Brasil precisa: mudanças estruturais, revolucionárias,
que quebrem  esse sistema-esquema social montado; mudanças que não
sejam  hipócritas, mudanças que transformem!
A mudança que nada muda é  só mais uma contradição.
Os governantes (às vezes) dão uns peixinhos, mas não ensinam a pescar.
E a educação libertadora entra aí.
O povo está tão paralisado pela ignorância que não sabe a que tem direito.
Não aprendeu o que é ser cidadão.
Porém,  ainda nos falta um fator fundamental para o alcance da
igualdade:  nossa participação efetiva; as mudanças dentro do corpo
burocrático  do Estado não modificam a estrutura.
As classes média e alta - tão confortavelmente situadas na pirâmide
social - terão que fazer mais do que reclamar (o que só serve mesmo
para aliviar nossa culpa)...
Mas estão elas preparadas para isso?
Eu  acredito profundamente que só uma revolução estrutural, feita de
dentro pra fora e que não exclua nada nem ninguém de seus efeitos,
possa acabar com a pobreza e desigualdade no Brasil.
Afinal, de que serve um governo que não administra?
De que serve uma mãe que não afaga?
E, finalmente, de que serve um Homem que não se posiciona?
Talvez o sentido de nossa própria existência esteja ligado,
justamente, a um posicionamento perante o mundo como um  todo. Sem
egoísmo.
Cada um por todos.
Algumas perguntas,  quando autoindagadas, se tornam elucidativas.
Pergunte-se: quero ser pobre no Brasil?
Filho de uma mãe gentil ou de uma madrasta vil?
Ser tratado como cidadão ou excluído?
Como gente... Ou como  bicho?
_______________________________________________________
Premiada pela UNESCO,
Clarice Zeitel Vianna Silva,  26,  estudante que termina Faculdade de
Direito da UFRJ, em julho,  concorreu com outros 50 mil estudantes
universitários. Ela acaba de voltar  de Paris, onde recebeu um prêmio
da  Organização das Nações Unidas  para a Educação, a Ciência e a
Cultura (UNESCO) por uma  redação sobre 'Como vencer a pobreza e a
desigualdade.'  A  redação de Clarice, intitulada  'Pátria Madrasta
Vil', foi incluída  num livro, com  outros cem textos selecionados no
concurso. A publicação está disponível no site da Biblioteca Virtual
da  UNESCO.

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