Aumento das carnes tem peso maior na formação do IPCA/Alex Régis
A prévia da inflação oficial subiu 0,48% em outubro. Carnes, energia elétrica e gás residencial pesaram no bolso das famílias, informou ontem, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), ao divulgar o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo - 15 (IPCA-15). Os gastos com alimentação e habitação concentraram cerca de 60% da inflação do mês.
Embora a taxa de outubro tenha vindo praticamente no piso das estimativas de analistas de mercado, não altera o cenário para a inflação, dizem analistas, que seguem projetando que o IPCA encerrará o ano próximo do limite superior da meta fixada pelo governo, de 4,5%, com dois pontos porcentuais de tolerância. No acumulado em 12 meses, o IPCA-15 registra 6,62% até outubro, acima do limite superior de 6,5%. “Foi uma alta muito concentrada em alimentação e habitação, que a gente já esperava. Os aumentos confirmaram essa tendência observada no último mês e meio”, disse Flávio Combat, economista-chefe da corretora Concórdia, que manteve a previsão de inflação de 6,4% no encerramento de 2014.
Os gastos com Alimentação e Bebidas aceleraram o ritmo de alta de 0,28% em setembro para 0,69% em outubro. O destaque foi o aumento de 2,38% nos preços das carnes, que tiveram o mais elevado impacto individual no IPCA-15 do mês, uma contribuição de 0,06 ponto porcentual. Os preços das carnes já vinham subindo nos últimos meses, por causa da entressafra e da alta nas cotações, diante da expectativa de um aumento das vendas do Brasil para a Rússia, após embargos econômicos impostos pelos Estados Unidos e a União Europeia, na esteira da crise na Ucrânia. Outros itens que tiveram aumentos significativos foram a cerveja (3,52%), o frango (1,75%) e o arroz (1,35%).
O economista Marcel Caparoz, da RC Consultores, vê com preocupação os reajustes de preços de alimentos. “A inflação permanece pressionada, o que reforça os sinais de preocupação. A tendência é que nos próximos meses a taxa venha até mais forte, com risco de o IPCA ficar acima de 6,50%”, disse o economista, que ainda projeta 6,45% para o ano. A despeito do comportamento benigno de alguns itens alimentícios, Caparoz ponderou que esses produtos têm um peso menor no indicador, enquanto as carnes influenciam mais a inflação. “Batata e ovo, por exemplo, estão caindo, mas quase tudo está subindo”, completou.
Nenhum comentário:
Postar um comentário