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quarta-feira, 18 de fevereiro de 2015

BEIJA-FLOR É A CAMPEÃ DO CARNAVAL DO RIO PELA 13ª VEZ NA HISTÓRIA

Integrantes da Beija-Flor beijam a taça (Foto: Reprodução / Globo)

Integrantes da Beija-Flor beijam a taça (Foto: Reprodução / Globo)

A Beija-Flor de Nilópolis, com seu enredo de exaltação da cultura e da alma africana, venceu o carnaval carioca, superando a polêmica do apoio recebido da Guiné Equatorial – país que vive sob ditadura e que foi homenageado no desfile. Terceira escola a entrar na Sapucaí na segunda-feira (16), segunda noite do Grupo Especial do Rio, a azul-e-branca da Baixada Fluminense conquistou nesta quarta-feira (18) seu 13º título, com apenas um décimo perdido na apuração. "Sentimento é de dever cumprido", comemorou o intérprete Neguinho da Beija-Flor, chorando muito. Na quadra lotada, com gritos de "A campeã voltou" (veja no vídeo abaixo), a torcida comemorou o título que não era conquistado desde 2011. Os outros campeonatos vencidos foram em 1763 ,1977, 1978, 1980, 1983, 1998, 2003, 2004 , 2005, 2007 e 2008.

Diretor da comissão de carnaval da Beija-Flor, Laíla comemora resultado (Foto: Alexandre Durão/G1)
Diretor da comissão de carnaval da Beija-Flor, Laíla comemora resultado (Foto: Alexandre Durão/G1)

A escola mostrou o enredo: "Um Griô conta a história: um olhar sobre a África e o despontar da Guiné Equatorial. Caminhemos sobre a trilha de nossa felicidade". A exaltação da cultura e da alma africana já havia dado à escola azul e branca da Baixada Fluminense vários campeonatos, que no total faturou 12 títulos no carnaval carioca. 

Beija-Flor (Foto: G1)

Em 2015, a Beija-Flor voltou a abusar do  luxo e da tradição. Foram poucas as inovações ou os recursos tecnológicos. A aposta maior foi na perfeição técnica e na empolgação dos integrantes, que na avenida esqueceram o sétimo lugar de 2014 para voltar a sonhar com um posto mais alto. A voz única e marcante de Neguinho da Beija-Flor, que completa 40 anos de escola, fez do samba-enredo o ponto alto e manteve a empolgação dos 3.700 componentes, distribuídos em 42 alas, sete carros e um tripé.

Homenagem polêmica
A Beija-Flor recebeu patrocínio da Guiné Equatorial, o país africano homenageado no enredo, que é uma ditadura comandada há 35 anos por Teodoro Obiang Nguema Mbasogo e tem como base da economia a exploração do petróleo. O patrocínio gerou muita polêmica.

O presidente da Beija-Flor, Farid Abraão, negou que o governo da Guiné Equatorial tivesse investido R$ 10 milhões no carnaval da escola, mas admitiu ter recebido contribuição, sem, no entanto, informar o valor. "A gente pegou um enredo para falar de um país africano, um país que até então muita gente não conhecia. Nossa questão aqui é carnaval. O regime não nos compete. Cuba era odiado pelo mundo democrático e hoje está sendo abraçado", disse Farid, em entrevista ao G1.

Desfile afro colorido
Mas na hora do desfile da Beija-Flor, a política foi deixada de lado e o foco foi dirigido para as belezas e a cultura do país. O desfile teve alegorias e fantasias impactantes e rebuscadas, com uma profusão de máscaras, carrancas, búzios, plumas, palha e sisal.

Filho de ditador da Guiné Equatorial (de azul) acompanha desfile da Beija-Flor sobre o país  (Foto: Daniel Marenco/Folhapress)
Filho de ditador da Guiné Equatorial (de azul) acompanhou desfile (Foto: Daniel Marenco/Folhapress)

A comissão de frente veio sem elementos cenográficos. Munidos de lanças e escudos, os bailarinos fantasiados de guerreiros formavam uma árvore na avenida. Em formato de máscaras, os escudos causaram impacto ao trazer movimentos de expressões faciais, comandados por controle remoto. À frente do abre-alas, um tripé trouxe uma escultura da imagem do diretor de carnaval na figura de um griô, velho sábio que conta as histórias antigas aos mais jovens.

A Beija-Flor mostra o mundo imaginário da Guiné Equatorial. Com máscaras, a tribo encarna a energia de seus antepassados. (Foto: Reprodução/TV Globo)
Com máscaras, comissão de frente encarnou guerreiros de uma tribo - (Foto: Reprodução/TV Globo)

O azul e o branco, cores da escola, apareceram somente o início do desfile. Para mostrar a Guiné Equatorial ao público, predominou o verde das florestas e da ceiba, conhecida como a "árvore da vida", um dos símbolos da África Ocidental.

O Sambódromo então foi tomado por uma explosão de cores para retratar ritos, costumes e roupas usadas pelos habitantes do pequeno país africano ainda hoje. As investidas dos exploradores europeus também foram lembradas, assim como o tráfico de escravos. Um carro com cacau, diamante e petróleo exaltou as riquezas do país. Encerrando o desfile, a mistura dos povos e a celebração da formação da nação brasileira e o enlace entre o Brasil e a Guiné Equatorial.

Claudinho e Selmynha completam 20 anos de Beija-Flor

Mestre-Sala e Porta-Bandeira da Beija-Flor comemoram 20 anos de parceria (Foto: Reprodução/TV Globo)
Mestre-Sala e Porta-Bandeira comemoraram - 20 anos de parceria (Foto: Reprodução/TV Globo)

Claudinho e Selmynha, casal de mestre-sala e porta-bandeira símbolo da escola, comemoraram 20 anos de Beija-Flor. A rainha Raíssa Oliveira veio mais uma vez absoluta à frente dos 270 ritmistas da bateria dos mestres Plínio e Rodney.

Cláudia Raia, que desfila há anos pela Beija-Flor, veio com uma fantasia de "Deusa Soberana". José Bonifácio de Oliveira Sobrinho, o Boni, ex-diretor geral da TV Globo, homenageado no último carnaval da escola, também voltou a desfilar.

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