
A presidente afastada Dilma Rousseff afirmou em entrevista ao
SBT, exibida na madrugada desta segunda-feira (22), que Michel Temer e seus
aliados se empenham para antecipar a votação do impeachment porque temem o
surgimento de denúncias que os comprometam. “Por que eles tem tanto interesse em
antecipar, em dias, o impeachment? Para mim, eles têm medo de uma delação que
mostre claramente qual é o grau de comprometimento de quem meu julgamento
beneficia: o governo interino, provisório e ilegítimo”, considera a petista. O
Senado iniciará a etapa final do processo de impeachment na quinta (25). A
expectativa é de que o resultado saia entre os dias 30 e 31. Ela deu as
declarações ao programa “Conexão Repórter”. Segundo o apresentador, Roberto
Cabrini, a gravação ocorreu no dia 4 deste mês, antes de o STF (Supremo Tribunal
Federal) determinar a abertura de inquérito contra Dilma por suspeita de
obstrução das investigações da Operação Lava Jato.
A presidente afastada voltou a afirmar que não sabia do esquema
de corrupção da Petrobras e, questionada, disse não ter medo “nenhum” de uma
eventual condenação. “Se tiver de ser alvo da Lava Jato, com razões embasadas,
eu serei. Agora, quero ver onde vão embasar razões para eu ser alvo da Lava
Jato. (Sobre temor de condenação). Nenhum, eu sei o que eu fiz”, justificou.
“Meu governo não esteve associado à corrupção, até porque eu não testou
associada à corrupção. Nunca tive conta rejeitada, a não ser agora, porque eles
querem fazer o processo de impeachment”, complementou, fazendo menção a
reprovação de suas contas pelo TCU (Tribunal de Contas da União), fato
embrionário do processo de impeachment. Dilma considera ainda que o
ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva não cometeu crimes e não será preso.
Classificou essa possibilidade como “uma temeridade” e “um equívoco”. “Acho uma
temeridade prenderem o presidente Lula, principalmente porque tenho certeza de
que ele é absolutamente inocente das coisas de que é acusado. Acho que ele não
será preso, acho que eles não cometerão esse equívoco”, opinou.
Dilma rechaçou as suspeitas de que foi beneficiada com dinheiro
desviado da Petrobras e afirmou que jamais esteve nas mãos de empresários
investigados. “Eu acho que não sou refém das empreiteiras. Os próprios
empreiteiros sabem disso. Nenhum pode chegar e dizer que me deu qualquer
contribuição. Podem falar que deu para minha campanha. Agora, para mim? Ninguém
deu contribuição nenhuma”, defendeu-se. A respeito da confissão do marqueteiro
de suas campanhas, o publicitário João Santana – ele admitiu ter recebido
pagamento de caixa 2 – a petista se isentou de qualquer responsabilidade. “Ele
confessou, é responsabilidade dele. Eu não reconheço, eu não paguei. Primeiro,
tem que investigar e ver se pagou; quem pagou e como pagou. Não tenho certeza se
ele mentiu ou se falou a verdade. Não vou assumir responsabilidade do que eu não
sei, não controlo e não sei como foi feito”, disse.
‘Vários Erros’Como em outras ocasiões, a
presidente afastada reconheceu “vários” erros e citou a aliança com Temer e a
dificuldade em reagir à crise econômica. “Erros? Vários. Não perceber que ia ser
traída como fui. Achei que era possível fazer um ajuste rápido para sair da
crise. São Muitos os meus erros, mas também são muitos os meus acertos, como
qualquer ser humano”, analisou. Durante a entrevista, ela comentou a fama de ser
uma governante dura e fria, crítica frequentemente feita, sobretudo por
parlamentares.
Ela atribuiu as acusações a um pré-julgamento. “Preconceito
total. Vejo (nisso) a construção da imagem que eles (adversários) querem
mostrar: uma pessoa fria, seca e insensível. Isso é trabalho de imagem
desconstruída. Sou uma pessoa resistente, firme. Não me abato, jamais jogo a
toalha”, afirmou. Dilma negou estar isolada e contou que vem conversando com
senadores para tentar convencê-los a impedirem seu afastamento definitivo.
Perguntada quantos votos tem no Senado, ela disse que isso é sigiloso e que a
divulgação dessa informação permitiria a seus adversários fazer uma “pressão
irresistível” nos parlamentares. Não especificou, porém, o significado de
pressão irresistível.
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