
Felipe Parente, ligado ao ex-presidente da Transpetro, detalha entregas no Rio e em SP/POR O GLOBO
Em delação premiada, o “homem da mala do PMDB” Felipe Parente,
afirma ter repassado R$ 5,5 milhões em propina ao atual presidente do Senado,
Renan Calheiros (PMDB-AL), e ao senador Jader Barbalho (PMDB-PA) entre 2004 e
2006, referentes ao esquema de corrupção da Petrobras, apelidado de “Petrolão”.
Os trechos da delação premiada foram obtidos com exclusividade pela revista
“Época”. Parente era responsável pela entrega de dinheiro em espécie de propinas
da Transpetro, subsidiária da Petrobras.
Parente é ligado ao ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado,
que tornou-se delator da Lava-Jato e expôs gravações de conversas telefônicas
com Renan Calheiros, nas quais o presidente do Senado falava em mudanças na lei
de delação premiada de modo a evitar que alguém preso se tornasse delator. O
relato de Parente, obtido pela “Época”, afirma que os R$ 5,5 milhões destinados
a Renan e Jader tinham como origem as empreiteiras Queiroz Galvão e UTC, além da
empresa de fretamento de navios Teekay Norway que, segundo a reportagem, teve
até sete embarcações de transporte de petróleo em alto mar contratadas pela
Transpetro. As revelações de Parente já tinham vindo à tona em reportagem
da revista “Veja” no início deste mês, em que ele aparecia caracterizado como
“homem da mala do PMDB”. A reportagem, que também teve acesso a trechos da
delação, detalhava entregas de dinheiro ao senador Jader Barbalho e também a
Renan Calheiros, que teria recebido um total de R$ 32 milhões entre 2004 e 2014.
O dinheiro referia a propinas obtidas através da Transpetro.
De acordo com a reportagem da “Época” desta sexta-feira, a
delação de Felipe Parente afirma que os R$ 5,5 milhões foram entregues em
encontros no Rio e em São Paulo com Iara Jonas, funcionária do gabinete de Jader
Barbalho no Senado. Parente alega que as entregas destinavam-se não apenas a
Jader, mas também a Renan Calheiros, e que os repasses ocorreram entre 2004 e
2006. Em relação à Queiroz Galvão, que teria desembolsado R$ 3,5
milhões em espécie, o delator afirma que as tratativas para recebimento do
dinheiro ocorreram, por orientação de Machado, com o próprio presidente da
empresa, Ildefonso Colares, atualmente em prisão domiciliar por ter sido
diagnosticado com câncer. De acordo com a delação de Parente, Ildefonso lhe
instruiu a dizer a palavra “lua” como senha para receber o dinheiro em um
escritório no Centro do Rio. Depois, Parente afirma ter repassado a propina a
Iara em encontros nos bairros do Leblon e de Ipanema, na Zona Sul da cidade. Jader disse à “Época” que não conhece Felipe Parente e que não
recebeu remessas de dinheiro de empresas através do delator. O presidente do
Senado Renan Calheiros também negou conhecer Parente e disse não ter recebido
vantagens “de quem quer que seja”.
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